Para muitas pessoas, o nome Mondrian remete a uma associação mais ou menos imediata com retângulos de cores primárias delimitados por grossas linhas pretas. Mas ele, como tantos outros mestres das artes, não se manteve a vida inteira no âmbito dos seus trabalhos mais conhecidos. Piet Mondrian (1872-1944) chegou a sua obra mais famosa – Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto, cinza e azul – em 1921, depois de uma trajetória que iniciou em 1892, ao ingressar na Academia Real de Artes Visuais de Amsterdã.

Nos quase 30 anos que antecederam a esse despojamento, Mondrian produziu paisagens carregadas de cores escuras, e as vezes sombrias, que caracterizavam a pintura holandesa do século XIX. Aos poucos, ele foi se aproximando dos movimentos artísticos que aconteciam na Europa. Seus tons foram clareando e suas composições ficando mais ousadas à medida em que se aproximava dos pós-impressionistas franceses, enchendo-se das cores e pinceladas vigorosas de Van Gogh, ou experimentando o pontilhismo de Seurat. Num processo contínuo, após uma influência temporária do cubismo, procurou formas de abstrair a realidade e buscar a essência da imagem.

Mondrian e o movimento De Stijl, nome da exposição que o Centro Cultural Banco do Brasil em parceria com Art Unlimited preparou para os brasileiros, é uma oportunidade imperdível. “Organizamos tudo para que o visitante possa acompanhar esse percurso e entender que aqueles retângulos coloridos que povoam até hoje o imaginário do moderno, e são tão facilmente reconhecíveis, não nasceram de uma hora para outra, nem por acaso”, explica o curador da exposição, Pieter Tjabbes.

A exposição, contudo, não se esgota com a história artística de Mondrian. Há uma segunda etapa, igualmente relevante para compreender o que aconteceu naquele período (1917-1928), que mostra a agitação provocada pela revista De Stijl (O Estilo), o meio escolhido para que um grupo de artistas, designers e arquitetos, incluindo Mondrian, defendesse o neoplasticismo e a utopia da harmonia universal de todas as artes.

Mondrian acreditava que sua visão da arte moderna transcendia as divisões culturais e poderia se transformar numa linguagem universal, baseada na pureza das cores primárias, na superfície plana das formas e na tensão dinâmica em suas telas. E seus companheiros da De Stijl não só tinham visão semelhante, como aplicaram esses conceitos a todo tipo de arte.

No design, por exemplo, é representativa desse movimento a cadeira Vermelha Azul, que Gerrit Rietveld criou entre 1917 e 1923. O mesmo Rietveld levou o De Stijl para a arquitetura, ao desenhar e construir em 1924 uma casa para Truus Schroder-Schrader em que aplicou a paleta de cores primárias privilegiando espaços abertos, luminosidade, ventilação e funcionalidade, rompendo com convenções arquitetônicas da época.

Os princípios expostos nos 12 anos em que a revista De Stijl circulou foram utilizados nas artes plásticas, na arquitetura, na fotografia, no design, na literatura, na tipografia e até mesmo na moda. Em Mondrian e o movimento De Stijl será possível acompanhar, por intermédio de obras originais, maquetes, mobiliários, fotografia, documentários, fac-símiles e publicações de época, essa forma de ver o mundo e as artes que era revolucionária em 1917 e continua moderna até hoje.

Mondrian continuou experimentando até Victory Boogie Woogie, sua última obra, de 1944, pintada quando já morava nos Estados Unidos. Ele morreu de pneumonia, em 1944, aos 71 anos.

A exposição Mondrian e o movimento De Stijl, organizada pela Art Unlimited e patrocinada pelo Banco do Brasil, será apresentada durante 2016 no Centro Cultural Banco do Brasil, em quatro capitais. Serão cerca de 70 obras – 30 das quais de Mondrian – e uma seleção de múltiplas manifestações do movimento De Stijl compondo o mais completo conjunto desse período já exibido no Brasil.

A maior parte do acervo é procedente do Museu Municipal de Haia (Gemeentemuseum, Den Haag), da Holanda, que reúne a maior coleção do mundo de obras de Mondrian.

A abertura nacional será no CCBB de São Paulo, dia 25 de janeiro. Em 21 de abril, coincidindo com o aniversário da cidade, a exposição inicia sua temporada em Brasília. No CCBB de Belo Horizonte abre dia 20 de julho. E, finalmente, a partir de 11 de outubro, no Rio de Janeiro.

CCBB SÃO PAULO
Abertura ao público: 25 de janeiro de 2016 a 4 de abril 2016
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – (11) 3113-3651/36523
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21h

CCBB BRASÍLIA
Abertura ao público: 21 de abril de 2016
Setor de Clubes Sul, Trecho 2 (próximo à ponte JK)
Edifício Tancredo Neves – (61) 3108-7600
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21h

CCBB BELO HORIZONTE
Abertura ao público: 20 de julho 2016
Praça da Liberdade, 450 – Funcionários – (31) 3431-9400
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21h

CCBB RIO DE JANEIRO
Abertura ao público: 11 de outubro de 2016
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – (21) 3808-2020
Horário: quarta a segunda, das 9h às 21h