O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand inaugura, em 16 de maio de 2025, a exposição “A Ecologia de Monet”. A mostra apresenta uma leitura atual da relação do artista francês Claude Monet (1840–1926) com a natureza e os impactos das transformações ambientais, sociais e industriais do século XIX. A exposição fica em cartaz até 24 de agosto de 2025 e reúne 32 obras do pintor impressionista, muitas delas nunca antes exibidas no hemisfério sul.
Núcleos temáticos exploram paisagem, modernização e meio ambiente
Com curadoria de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, e assistência de Isabela Ferreira Loures, “A Ecologia de Monet” está dividida em cinco núcleos expositivos: “Os Barcos de Monet”, “O Sena Como Ecossistema”, “Neblina e Fumaça”, “O Pintor Como Caçador” e “Giverny: Natureza Controlada”. A organização da mostra busca apresentar diferentes perspectivas da relação de Monet com a ecologia e a paisagem ao longo de sua carreira, entre as décadas de 1870 e 1920.
Fernando Oliva explica o enfoque da mostra: “É inegável que o artista teve um olhar atento para as transformações ambientais de seu tempo, documentando desde a industrialização crescente até fenômenos naturais, como enchentes e degelos”. Ainda segundo o curador, embora a ecologia do século XIX fosse diferente dos conceitos atuais, é possível propor leituras contemporâneas do trabalho de Monet.
O rio Sena e os barcos como expressão ecológica e social
No núcleo “O Sena como Ecossistema”, o curso do rio é representado como um elemento central da obra de Monet. Nascido em Paris e criado em Le Havre, onde o Sena encontra o Atlântico, o artista percorreu boa parte dos 776 km do rio e seus afluentes, retratando paisagens fluviais que refletem tanto o ambiente natural quanto o processo de industrialização.
Para destacar essa trajetória, o MASP apresenta um painel expográfico curvo simbolizando o curso do rio. Já no núcleo Os barcos de Monet, as embarcações são retratadas em pontos de vista elevados, eliminando a linha do horizonte. As pinceladas onduladas e as cores intensas criam uma sensação de movimento, ressaltando a correnteza e a energia das águas.
Industrialização, fumaça e a transformação do espaço urbano
O núcleo “Neblina e Fumaça” aborda a forma como Monet representou as mudanças na paisagem urbana causadas pela industrialização. As obras que retratam as pontes de Waterloo e de Charing Cross, em Londres, exemplificam o uso de cores e pinceladas para sugerir a atmosfera carregada de fumaça e vapor. A presença de chaminés industriais passa a compor o horizonte urbano, antes dominado por torres de igrejas.
Monet documenta essas alterações utilizando recursos visuais que traduzem as condições atmosféricas e o impacto das transformações tecnológicas e ambientais em curso no século XIX.
A busca por novas paisagens e impressões
O “Pintor Como Caçador” é o núcleo que mostra o deslocamento do artista em busca de paisagens inéditas. Monet realizava longas caminhadas em busca de pontos de vista diferenciados e boas “impressões”, como ele próprio denominava. A partir da década de 1880, passou a se aventurar por trilhas e regiões menos acessíveis.
As obras reunidas neste segmento incluem paisagens da Normandia, Bretanha e Mediterrâneo, além de passagens por países como a Holanda. O conjunto reforça a ideia de Monet como um observador atento da natureza e da variação da luz em diferentes ambientes.
Giverny como espaço de criação e controle da natureza
O último núcleo, “Giverny: Natureza Controlada”, apresenta obras criadas nos jardins da residência de Monet, onde o artista viveu por mais de 40 anos. Ele próprio idealizou o espaço com lagos, pontes e vegetação. Obras como “A Ponte Japonesa” (1918–1926) e “A Ponte Japonesa Sobre a Lagoa das Ninfeias em Giverny” (1920–1924) ilustram esse cenário planejado.
Segundo os curadores, esse núcleo evidencia a tentativa do pintor de organizar a natureza, moldando-a ao seu olhar artístico. “Em suas pinturas coexiste um elogio ao meio ambiente e uma tentativa de organizá-lo, de contê-lo”, afirma Fernando Oliva.
Exposição integra o eixo temático ‘Histórias da ecologia’
A Ecologia de Monet faz parte da programação anual do MASP dedicada ao tema Histórias da ecologia. Ao longo de 2025, outras mostras também integram esse eixo curatorial, como as exposições de Hulda Guzmán, Frans Krajcberg, Clarissa Tossin, Minerva Cuevas e a coletiva Histórias da ecologia.
Claude Monet: trajetória e legado
Claude Monet foi um dos fundadores do movimento impressionista e uma figura central na arte moderna. Seu quadro Impressão, Nascer do Sol (1872) deu nome ao movimento. Nascido em Paris e criado na Normandia, desenvolveu uma abordagem inovadora ao retratar a luz, a cor e as transformações da paisagem natural.
Ao longo da carreira, Monet produziu séries que exploram um mesmo motivo em diferentes momentos do dia e condições climáticas, com foco na transitoriedade da luz e da atmosfera.
Catálogo e produtos exclusivos na Loja MASP
A exposição será acompanhada por um catálogo bilíngue (português e inglês) com ensaios de especialistas nacionais e internacionais. A publicação inclui textos de Adriano Pedrosa, Fernando Oliva, Ana Gonçalves Magalhães, Caroline Shields, Géraldine Lefebvre, entre outros.
A Loja MASP lançou uma linha exclusiva de produtos inspirados na obra de Monet. A coleção inclui lenços de seda, camisetas, velas aromáticas, garrafas térmicas, blocos de anotação, entre outros itens.
Acessibilidade e programação digital
Todas as exposições temporárias do MASP contam com recursos de acessibilidade. Estão disponíveis visitas em Libras, textos com fonte ampliada, vídeos com narração e interpretação em Libras. Os conteúdos acessíveis também estão disponíveis no site e no canal do museu no YouTube.
A entrada é gratuita para pessoas com deficiência e um acompanhante.
Serviço: ‘A Ecologia de Monet’ no MASP
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Exposição: A Ecologia de Monet
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Período: 16 de maio a 24 de agosto de 2025
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Local: 1° andar, Edifício Lina Bo Bardi – MASP
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Endereço: Avenida Paulista, 1578 – São Paulo, SP
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Horários:
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Terça: 10h às 20h (gratuito)
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Quarta a quinta: 10h às 18h
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Sexta: 10h às 21h (gratuito das 18h às 20h30)
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Sábados e domingos: 10h às 18h
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Fechado às segundas
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Ingressos: R$ 75 (inteira), R$ 37 (meia)
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Agendamento: obrigatório pelo site masp.org.br/ingressos
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Informações: (11) 3149-5959