Uma das estreias desta semana nos cinemas traz Vladimir Brichta como um habilidoso sedutor ladrão que roubava a alta sociedade carioca dentro de hotéis de luxo no início do século 20. A história real de “Muitos Homens Num Só” saiu do livro “Memórias de um Rato de Hotel”, de João do Rio para as telas de cinema.

“Como se tratava de um filme de época, inspirado num personagem que existiu, mas que chegou ao nosso conhecimento via João do Rio, me preocupei primeiramente em conhecer melhor esse autor, entender seu universo e imaginar que o meu personagem poderia pertencer a ele. Tive também uma preocupação em fazer esse personagem soar como alguém do início do século passado, sem que seus modos e linguajar me aprisionassem”, conta Vladimir Bricht durante a coletiva de imprensa do filme.

O disfarce mais conhecido do “gatuno”, era Dr. Antônio (Vladimir Brichta) que se fazia passar por médico para roubar os hóspedes de inúmeros hotéis frequentados pela elite do Rio de Janeiro até se apaixonar pela doce Eva (Alice Braga). “Busquei me conectar ao máximo com a Mini Kert, diretora do filme, para entender o que ela queria desta Eva. Foquei nos sonhos dela e no desejo de descobrir e desbravar o novo. Busquei uma mulher que sonhava um pouco à frente da mulher clássica daquela época”, explica Alice Braga sobre a condução de sua personagem, que passa por uma mudança radical de vida após conhecer o amor.

“Sempre sinto que mudamos um pouco quando conhecemos pessoas que nos inspiram. Acho que é exatamente isso que acontece com Eva depois de conhecer Dr. Antônio. Ela enxerga nele alguém que vive a vida intensamente, desbrava o novo, observa o outro e é, acima de tudo, livre”, complementa a atriz.

Caio Blat é Félix Pacheco em “Muitos Homens Num Só” (Foto: Divulgação)

Outro personagem de destaque em ‘Muitos Homens Num Só’ é Félix Pacheco (outro personagem real), diretor do recém-inaugurado Gabinete de Identificação, que persegue Dr. Antônio para conseguir identificá-lo com uma nova técnica: a impressão digital.

“O Félix Pacheco é um personagem interessantíssimo. Antes dele, as pessoas eram identificadas por características físicas. A polícia prendia o suspeito, por mais que as características batessem não havia uma prova física, até o Felix Pacheco trazer a técnica da datiloscopia. A forma como ele aparece na história do João do Rio é ótima, ele aparece como um cientista, em busca de um rato de hotel. Foi difícil fazer por ter que usar muitos termos técnicos, eu tinha que fazer muitas ações técnicas enquanto eu falava e acabei me apoiando nisso para representar. Foi um desafio, mas, ao mesmo, tempo me serviu como apoio. Ele acreditava que a ciência daria conta de organizar a sociedade humana, que certa ordem levaria ao progresso”, destacou entusiasmado Caio Blat sobre o seu personagem.