Lula Buarque de Hollanda estava um tanto quanto saudoso na estreia de seu trabalho “O vendedor de passados”, filme que marcou a volta do Cine Odeon ao circuito cultural carioca, na noite da quarta-feira, 20 de maio. Afinal, lançar um filme no renomado cinema, teve um gosto especial para o diretor do longa-metragem.
“É um cinema que frequentei a vida inteira. Ele traz uma experiência que é quase do passado, já que atualmente é muito difícil encontrar uma sala que reúna tantas pessoas. Esse é um templo do cinema brasileiro”, celebrou o profissional, aproveitando o ensejo explicando a intenção de dirigir a adaptação de um livro estrangeiro.
“Eu li o livro, me apaixonei pelo personagem, e, como a trama se passava em Angola, propus ao autor trazê-la para o Rio de Janeiro. Ele topou e nós desenvolvemos o roteiro”, comentou Lula. A ideia do diretor era transportar o universo do livro para a cidade carioca. A proposta era fazer algo real sobre o enredo: uma pessoa que colecionasse objetos, frequentasse a feira da Praça XV, fizesse pesquisa do YouTube para montar as histórias de vida.
De Lula para Lázaro
“O vendedor de passados” é o primeiro filme de drama de Lázaro Ramos, que recebeu muitos elogios de Lula. “Foi uma parceria incrível desde o começo. Ele participou da leitura de roteiro, deu opiniões. Ficamos um mês ensaiando. Acredito que o trabalho de ensaio e desenvolvimento de atores é fundamental para o resultado com a profundidade que conseguimos”.
A versatilidade do ator também foi destacada. Segundo o diretor, Lázaro é um super ator, que pode fazer tudo que for pedido, além de estar preocupado em fazer papéis sobre problemas que afetem a todos no dia a dia. “Uma das perguntas que ele fez foi ‘Por que um ator negro para fazer esse filme?’ (no livro, o protagonista é albino). E eu falei que meu filme se passa em um Brasil pós-racismo”. E para o diretor, a questão racial é algo que não se coloca.
Lula já comandou DVDs de Marisa Monte, Gilberto Gil, a série de TV “Mandrake” e alguns documentários, como “O mistério do samba” (sobre a Velha Guarda da Portela da Portela, em 2008) e “Pierre Verger: mensageiro entre dois mundos”, de 1998. Assim como fez “Casseta e Planeta – A taça do mundo é nossa”, em 2003.
Ele revelou que sempre quis fazer ficção. “Esse é o primeiro momento que eu consegui um roteiro que me seduzisse, me estimulasse para poder batalhar, levantar os recursos”, explicou Buarque de Hollanda.
Assista ao trailer de “O vendedor de passados”: