Carnaval 2016: Desfile da Mangueira (Foto: Daniel Collyer/Hipermídia Comunicação)

“Com polvilho, farinha sem valor, limão de cheiro e água de bica, vou brincar no molhado que decretará o início do meu carnaval. “Minhas vergonhas” eu cubro com papel barato e lanço a fantasia no vai e vem das ondas do mar.

A “pancada no couro” de dois ou três tambores ressuscitarão um Zé Pereira que arrastará a multidão. Mesmo “com o bolso furado”, que “o sapato aperte” e que a “corda esteja no pescoço”, em qualquer esquina que junte gente irmanada, em qualquer batuque de mesa de bar, em qualquer palma de mão, em qualquer “laiá laiá”, em qualquer pé descalço que sambe no chão, vive o carnaval e a liberdade da minha gente.

Em qualquer botequim, ao redor de qualquer mesa que reúna meia dúzia de bambas, na rima improvisada de um partideiro, no couro que faz vibrar tantãs e pandeiros, fundo a sede de uma Escola pra tanta gente que tem sede de sambar.

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“Com Dinheiro ou Sem Dinheiro Eu Brinco”

Autores: Lequinho / Júnior Fionda / Alemão do Cavaco / Gabriel Machado / Wagner Santos / Gabriel Martins / Igor Leal
Intérprete: Ciganerey

Chegou a hora de mudar
Erguer a bandeira do Samba
Vem à luz a consciência
Que ilumina a resistência
dessa gente bamba
Pergunte aos seus ancestrais
Dos antigos carnavais,
nossa raça costumeira

Outrora marginalizado
já usei cetim barato
Pra desfilar na Mangueira

A minha escola de vida
é um botequim
Com garfo e prato
eu faço meu tamborim
Firmo na palma da mão,
cantando laiá, laiá
Sou mestre-sala na arte de improvisar

Ô, ô, ô, ô, somos a voz do povo
Embarque nesse cordão
Pra ser feliz de novo
Vem como pode no meio da multidão

Não, não liga, não!
Que a minha festa é sem pudor e sem pena
Volta a emoção
Pouco me importam o brilho e a renda Vem, pode chegar
Que a rua é nossa, mas é por direito
Vem vadiar por opção,
Derrubar esse portão,
Resgatar nosso respeito
O morro desnudo e sem vaidade
Sambando na cara da sociedade
Levanta o tapete e sacode a poeira
Pois ninguém vai calar a Estação Primeira

Se faltar fantasia alegria há de sobrar
Bate na lata pro povo sambar

Eu sou Mangueira, meu senhor, não me leve a mal
Pecado é não brincar o Carnaval!