Carnaval 2017: São Clemente (Foto: Daniel Collyer/Hipermídia Comunicação)

Para homenagear os 200 anos da Escola de Belas Artes, celeiro de talentos que desde os anos 60 integram as gerações de carnavalescos das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, a agremiação de Botafogo retornará ao século XIX.

Destacará a importância da Missão Artística Francesa, trazida por D. João VI, para disseminar as artes no Brasil e formar as primeiras gerações de artistas plásticos nacionais.

O desfile mostrará o resultado do encontro dos artistas franceses, conceituados em toda a Europa, com as belezas naturais do Novo Mundo.Foram eles que fundaram a então Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios.

Debret se concentrou no cotidiano da Corte e nas ruas da cidade, que concentravam a maior população negra fora da África. Essa visão foi assimilada pelos nossos artistas, que fizeram do índio o herói nacional, descobriram o caipira e a beleza mestiça, hoje cantados em prosa e verso no Carnaval.

Confira o Samba-Enredo da São Clemente

“Academicamente Popular”

Autores: Gustavo Clarão / Ricardo Góes / Flavinho Segal / Serginho Machado / Naldo / Fabiano Paiva / Igor Marinho / Orlando Ambrósio
Intérprete: Leozinho Nunes

Vem ver! Convidei Debret
Pra pintar o desfile do meu carnaval
A arte neoclássica impera
No Brasil Colonial
D. João! Em nobres traços vê inspiração
E faz um Rio à francesa
Erguendo os pilares do saber
Emoldurando… a exuberante natureza
Onde toda forma se mistura
Na mais perfeita arquitetura

É a força da mata, salve São Sebastião
Onde o artista encontra o povo, a beleza desse chão
Viu no tom a negritude, viu no índio atitude
O esplendor de uma nação

Ao ver a minha obra na Avenida
Relembro dos artistas imortais
É a brasilidade dando vida
À arte dos salões aos carnavais
Hoje… “Quem chorava vai sorrir”
Os manuais vão reluzir
A “missão” no peito de quem ama
Em manter acesa a chama
Recriar… os 200 anos de história
Numa linda trajetória
Academicamente popular

A mais bela arte o samba me deu
Fiz da São Clemente o retrato fiel
Os traços mais finos, com as bênçãos de Deus
Deslizam no meu papel