Em sua estreia na Grande Rio, os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora ouviram os apelos da comunidade e levam para o Carnaval de 2020 a história de um dos mais famosos babalorixás do Brasil: Joãozinho da Gomeia. Além de mostrar a vida do pai-de-santo, cujo terreiro fora instalado naquele município, o enredo prega o respeito a todos os cultos religiosos.
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Joãozinho nasceu na cidade de Inhambupe, no interior da Bahia, e desde pequeno tinha visões que o amedrontavam, deixando-o confuso, sem saber se estava vivendo um sonho ou se faziam parte da realidade mesmo. Levado por uma tia à cidade de Salvador, desenvolveu-se espiritualmente e passou a trabalhar com o caboclo Pedra Preta – o guia que o orientaria para sempre no candomblé. Consagrado “Tata Londirá”, “feito em Oxóssi”, o orixá das matas, o médium conheceu muita gente importante e ainda muito jovem – tinha apenas 19 anos – inaugurou um terreiro próximo ao Centro de Salvador, na estrada da Gomeia, nome que seria incorporado ao seu destino.
A roça da Gomeia era frequentada pelo escritor Jorge Amado, pelo pintor Caribé e pelo fotógrafo e etnólogo Pierre Verger, entre outros Como era grande o número de pessoas que o procuravam para consultas e aconselhamentos, o jovem pai-de-santo resolveu se transferir para o Rio de Janeiro, então capital da República. No início da década de 40 criou a segunda Gomeia, agora em Caxias.
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Joãozinho era uma figura múltipla. Foi bailarino, dançou no teatro de revista, participou de alguns filmes e de concursos de fantasias no Teatro João Caetano. Apaixonou-se pelo Carnaval Carioca, desfilando em três Escolas coroadas que tinham as cores de seu orixá, o verde e o branco: Império da Tijuca, Império Serrano e
Imperatriz Leopoldinense.
– No salão era Cleópatra; e na Avenida, Zumbi. Ele não tinha medo de enfrentar os preconceitos – afi rma Haddad.