Carnaval 2020: Enredo da Portela conta nascimento da primeira aldeia do Rio de Janeiro

Enquanto a direção da Portela analisava as propostas de enredo para 2020, Renato Lage e Márcia Lage, carnavalescos recém-contratados pela Escola, trocavam ideias e opiniões com base na leitura do livro “O Rio Antes do Rio”, de Rafael Freitas da Silva.

A cada capítulo ficavam mais envolvidos com a pré-história da cidade, aprendendo como aldeias deram origem a bairros e, principalmente, sobre os cuidados que os tupinambás dedicavam ao meio ambiente. Os portugueses ainda não haviam chegado e a natureza era considerada sagrada, um elo com os deuses.

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Assim como os gregos tinham no Olimpo um símbolo de pureza e paz, os índios também tinham o seu paraíso – Guajupiá, onde homens, flora e fauna coexistiam em harmonia perfeita. Ao ocuparem o litoral da cidade, extasiados com a beleza da Baía de Guanabara, imaginaram ter chegado a Guajupiá – o local perfeito para se viver. E aqui se estabeleceram.

O enredo conta como foi o nascimento da primeira aldeia, ocupando uma área que se estendia, comparativamente, a do Centro da cidade à enseada de Botafogo. Neste segmento, que será o segundo setor do desfile, o objetivo será mostrar a vida dos nativos em comunidade. O terceiro momento do desfile será dedicado à flora e à fauna, mais um desdobramento do relacionamento entre homem e natureza, segundo os tupinambás.

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O quarto setor mostrará a festa do cauim, onde a cerimônia ganha contornos sagrados. E, por fim, a Guajupiá nos dias de hoje, transformada em uma selva de pedra, bem diferente do paraíso que cativou a todos, séculos atrás. Os índios virão maquiados de branco, como se fossem fantasmas de ancestrais dizimados para a chegada do “progresso”.

Os carnavalescos enfatizam que saíram do trivial e não pretenderam buscar o realismo em fantasias e alegorias. Formas e cores ganharão um tom bem artístico, como se vistas em um sonho.