Hélady Araújo vai sair da telinha da televisão para encarar a Marquês de Sapucaí na noite desta sexta-feira, 5 de fevereiro. A atriz, que dá vida a Dircéia na série “Pé na Cova“, da TV Globo, será destaque no abre-alas do Império da Tijuca, escola da Zona Norte do Rio de Janeiro, que disputa o Grupo de Acesso Série A.
A agremiação vai homenagear o ator e diretor José Wilker, falecido em 2015, com o enredo “O tempo ruge, a Sapucaí é grande e o Império aplaude o Felomenal”. A atriz vai interpretar Salomé, personagem feita por Betty Faria no filme “Bye, Bye Brasil”, durante o desfile na Avenida. Wilker reuniu em sua trajetória cerca de 30 novelas e 49 filmes, e os carros alegóricos da agremiação vão visitar estes períodos, passando ainda por “Xica da Silva” e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”.
Em conversa com o Almanaque da Cultura, Helády comenta detalhes do desfile da Escola de Samba, se revela muito à vontade em estar a frente de um abre-alas de tamanha importância, defende o empoderamento do corpo feminino, “cada um é do jeito que é” e conclui “eu acho que é preciso dar um recado desses como o que vai ser dado na Avenida”.
Almanaque da Cultura: Como foi o convite para participar da Império da Tijuca?
Hélady Araújo: O convite surgiu do diretor artístico da escola, o Marcelo Martins e eu aceitei prontamente. Ele disse que seria uma Salomé plus size e que aconteceria uma magica na Avenida no carro que eu venho. é um carro em homenagem ao filme “Bye, Bye Brasil” onde o José Wilker fez um mágico, e eu irei estar de Salomé – papel que foi de Beth Faria e que eu admiro muito. Quero inclusive mandar um grande beijo para a Beth.
Almanaque da Cultura: O que pode antecipar sobre o desfile?
Hélady Araújo: O carro venho é todo baseado no filme. Minha fantasia será de barriga de fora – sem vergonha nenhuma para mim. Será em tecido e estarei no carro abre-alas. Além disso haverá uma grande transformação em plena avenida. Terá uma grande mudança, que eu não posso revelar, só digo que não será nas roupas.
Almanaque da Cultura: O que você acha da inclusão de modelos plus size, no sambódromo?
Hélady Araújo: Já há algum tempo as plus sizes tem entrado no carnaval de forma bacana. Sem ser agressivo. Temos aí o exemplo da Josiane Lira, que é uma passista maravilhosa plus size. Que vem dando o o nome dela, lacrando na avenida. Eu acho que é preciso dar um recado desses como o que vai ser dado na Avenida.
Almanaque da Cultura: Como é para você ser uma representante deste mercado plus size?
Hélady Araújo: É maravilhoso. Nos somos pessoas normais, iguais a todo mundo. Sem nenhuma diferença. O que falta muito mesmo é a aceitação das pessoas. Muitas vezes quem é gordinho é julgado como incapaz, como se fosse de outro planeta, como se fosse uma coisa errada. Agora existem vários motivos para a obesidade: emocional, hormonal, enfim, vários fatores podem levar uma pessoa a ficar obesa. Ninguém acorda de manhã e fala assim, ‘Ah, eu quero ser gordo’, não! Então se você é gordo porque não ser feliz assim? Cada um é do jeito que é. Eu respeito! Eu sou assim, eu gosto de respeito então eu não brinco com as pessoas. Eu não faço bulling com elas por que eu acredito que existem várias formas de brincar sem precisar ficar apontando as diferenças.
Almanaque da Cultura: Fale sobre sua preparação para ter fôlego na Avenida.
Hélady Araújo: A minha preparação é espiritual apenas (risos), porque eu como de tudo. Inclusive, porque a minha Salomé precisa ser plus size, então eu como normalmente. O carro é coreografado, mas é claro que eu tô ansiosa, um pouco tensa, mas sei que vai dar tudo certo. No final vai ficar tudo bonito.
Almanaque da Cultura: E o samba enredo já está na “ponta da língua”?
Hélady Araújo: Sim! Tá na ponta da língua. E o samba enredo é lindo, o carnavalesco tá arrasando. A escola vai vir muito bonita! O José Wilker merece. Eu tô muito honrada de poder representar um momento da vida dele, da carreira dele. Eu estou muito feliz com isso. Eu não tive o prazer de conhecê-lo em vida, mas, de uma forma ou de outra, acabei encontrando com ele.