Lenine está muito contente e empolgado com sua participação na edição de 30 anos do Rock in Rio. O artista se apresenta nesta sexta-feira, 18 de setembro, às 18h, no Palco Sunset. Em ação única e inédita, o cantor apresentará as 11 músicas de seu álbum “Carbono” com todos os encontros originais do projeto e 50 músicos com ele. Será a segunda vez que ele integra o elenco do evento no Brasil. “Eu já tinha uma relação do festival há um bom tempo. Eu posso dizer do festival com intimidade por causa da relação que construímos”.

Produzido de janeiro a março e lançado em abril deste ano, “Carbono” foi gravado no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Amsterdam. O CD vai do grafite (do lápis que escreveu as canções) ao diamante (como o disco todo completo) e toda a atmosfera sentida durante sua gravação será levada para a Cidade do Rock, com direito a atabaques, conexões e participação de seus filhos Bruno, Bernardo e João Cavalcanti.

Oswaldo Lenine Macedo Pimentel fala de sua obra ao Almanaque da Cultura com zelo e todo aquele jeito animado e leve, e ao mesmo tempo intenso, de um pernambucano. O compositor trabalhou “Carbono” com a maestria de um químico e a precisão de um arquiteto. “Cada canção foi um caminho diferente”, resume ele.

Lenine vai se apresentar no primeiro dia do Rock in Rio (Foto: Renan Olivetti/Hipermídia Comunicação)

Almanaque da Cultura: Qual o conceito do show e do disco “Carbono”?
Lenine: É difícil legendar o que eu faço, mas o “Carbono” já faz parte uma trilogia que tem um modo de ser feito que se assemelha. “Labiata” (2008) e “Chão” (2011) foram feitos com esse mesmo tipo de mecânica. Primeiro imagino um ambiente sonoro, depois um título e só então eu vou atrás das músicas.  E isso é conceito, porque serve de estímulo para narrar uma história, tem uma narrativa sonora até o desencadear das canções.

Almanaque da Cultura: Por que a palavra “Carbono” para nomear o projeto?
Lenine: Há muitos anos que eu tenho uma coleção de palavras. Aquelas que batem em você pela sonoridade. “Carbono” é um trissílabo muito interessante, tem outras palavras dentro desta. Tem todo esse significado que é a base da vida, pelo menos como nós conhecemos e eu fiz Engenharia Química. Esta palavra está comigo há muito tempo. Mas, principalmente, por uma característica do carbono que é alotropia: a facilidade com que ele se junta a outras coisas, outros elementos, formando novas moléculas. E isso define a mecânica de como eu faço.

Almanaque da Cultura: Por que trazer o show com esse processo completo para o palco do Rock in Rio ?
Lenine: Eu já tinha uma relação do festival há um bom tempo. Já tinha participado a primeira vez com o Gogol Bordello (em 21 de setembro de 2013) com o show “Chão”, um projeto muito ousado quadrifônico. O festival foi muito bacana, generoso, o que me permitiu fazer o “Chão” da maneira como eu o concebi. Agora (em 2015), quando me convidaram de novo para participar do festival, eu com o “Carbono”, eu propus apresentar este show de uma maneira única, pois jamais eu vou poder realizar isso novamente. São 50 pessoas em um palco.

Lenine se apresentou no Palco Sunset e contou ter adorado ser a cobaia deste momento bacana (Foto: Pedro Diego Rocha/Hipermídia Comunicação)

Almanaque da Cultura: Qual a importância de participar de um festival como o Rock in Rio?
Lenine: Ah, a marca é uma chancela muito reconhecida mundialmente. Tudo não passa da relação que você estabelece. Eu posso dizer do festival com intimidade por causa da relação que construímos. Eu participei do Rock in Rio em Portugal (em 29 de maio de 2014) com o espetáculo do Angélique Kidjo e com o Rui Veloso. Tive a oportunidade de fazer o (show) “Chão” e dividir o palco com o Gogol Bordello (21 de setembro de 2013). Já não é uma novidade para mim, que é ótimo e é uma permanência, o que é maravilhoso.

Almanaque da Cultura: Como você analisa o atual momento da música nacional?
Lenine: Eu tenho 3 filhos, com idades diferentes (35, 26 e 20 anos), transitando em universos diferentes, mas todos no universo da música, isso me municia muito. Eu ouço muita coisa, sou um cara curioso. Portanto, eu ouço música de maneira muito ampla.