A vice-presidente executiva do festival Rock in Rio, Roberta Medina, explicou nesta semana os motivos que levaram ao aumento nos preços dos ingressos para o evento. A justificativa central dada pela executiva é a alta do dólar. Desde o anúncio inicial dos valores, em maio de 2014, até o momento atual, houve um significativo aumento na cotação da moeda norte-americana.
Originalmente, o preço combinado com o Ministério da Cultura (MinC) para os ingressos era de R$ 260. No entanto, em novembro passado, durante a pré-venda, o valor subiu para R$ 320. Agora, com a abertura oficial das vendas a partir do próximo dia 9, os ingressos passarão a custar R$ 350.
Segundo Roberta Medina, a decisão de aumentar o preço dos ingressos ocorreu devido à elevação do dólar, que afetou diretamente 43% dos custos totais do evento. Quando o projeto foi aprovado pelo MinC, em 29 de maio de 2014, a cotação da moeda americana era de R$ 2,22. Atualmente, a cotação alcança R$ 3,15.
Compromisso inicial previa preços mais baixos
O Rock in Rio obteve a autorização do MinC para captar recursos através da Lei Rouanet, mecanismo de incentivo fiscal. Inicialmente, o compromisso assumido pela organização previa a manutenção do ingresso em R$ 260, mediante a liberação de captação de R$ 18,3 milhões. O valor inicialmente solicitado pelos organizadores foi de R$ 23,3 milhões.
A alteração no preço dos ingressos gerou dúvidas no Ministério da Cultura, que enviou um ofício ao festival após a pré-venda. O documento do ministério questionava o aumento, informando que a mudança não havia sido autorizada previamente.
Em resposta, Roberta Medina afirmou que o festival “prestou esclarecimentos” ao MinC e que atualmente aguarda uma posição definitiva do órgão. Segundo ela, caso o ministério decida que houve descumprimento das regras da Lei Rouanet, o festival devolverá os recursos recebidos.
“O projeto foi aprovado em maio, mas 43% dos custos são calculados em dólar. Então, reajustamos o valor e informamos ao MinC sobre a alteração. Em fevereiro, depois de ter feito a pré-venda, recebemos um ofício do ministério dizendo que o aumento não havia sido autorizado. Prestamos esclarecimentos a eles e estamos esperando uma resposta”, afirmou Roberta Medina.
Impacto financeiro limitado
Apesar das polêmicas sobre o reajuste, Medina garantiu que o impacto financeiro dos recursos captados via Lei Rouanet é relativamente baixo em relação ao orçamento total do evento. A organização do Rock in Rio pretende captar aproximadamente R$ 12 milhões com o mecanismo de isenção fiscal, valor que corresponde a cerca de 7% dos custos totais do festival.
Além disso, Roberta Medina enfatizou que a organização mantém um compromisso transparente com o ministério. Ela explicou ainda que todas as responsabilidades com relação aos ingressos destinados ao Vale-Cultura, correspondente a 20% do total vendido, serão ajustadas proporcionalmente ao valor efetivamente captado.
Festival busca diálogo com autoridades
A direção do Rock in Rio destaca que o aumento não foi feito sem comunicação prévia às autoridades responsáveis pela aprovação do projeto. Roberta Medina explicou que o festival informou o ministério sobre os reajustes antes da pré-venda e que mantém diálogo aberto com o órgão.
A executiva também ressaltou que a organização segue à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas e fornecer todos os detalhes financeiros solicitados. Ela reafirmou o compromisso com a transparência e disse acreditar que a situação será resolvida de forma positiva para ambas as partes.
“Temos uma relação muito transparente com o ministério. Se for do entendimento do órgão que temos que devolver o dinheiro porque a lei manda, devolveremos”, afirmou a vice-presidente executiva.
Lei permite alterações no valor dos ingressos
Roberta Medina argumenta que a própria legislação prevê a possibilidade de ajustes nos valores praticados inicialmente, especialmente em casos como este, em que há impacto direto por variações cambiais. A vice-presidente enfatizou que as mudanças efetuadas estão dentro dos limites estabelecidos pela legislação, cabendo ao MinC avaliar o cenário atual.
Medina esclareceu ainda que, embora a situação envolva questões legais complexas, a organização do Rock in Rio está tranquila quanto à prestação de contas e ao cumprimento integral das exigências estabelecidas pelo ministério.
Histórico de captações via Lei Rouanet
Não é a primeira vez que o Rock in Rio utiliza recursos provenientes da Lei Rouanet. O festival, que ocorre periodicamente desde 1985, já recorreu ao mecanismo outras vezes para viabilizar a produção dos shows e das estruturas.
O evento, reconhecido mundialmente, atrai milhares de turistas nacionais e internacionais e movimenta significativamente a economia local. A organização defende que os recursos públicos investidos via isenção fiscal retornam em forma de geração de empregos, estímulo ao turismo e arrecadação indireta.
Agora, enquanto a organização aguarda a decisão final do MinC sobre o reajuste dos valores, o público deve se preparar para comprar os ingressos com os preços atualizados.