Por onde quer que se ande no Rio de Janeiro pode-se tirar uma bela foto e encontrar figuras típicas que expressam toda a “carioquice” da cidade. Foi pensando nisso, e em dar voz a estes ilustres desconhecidos que fazem parte do cotidiano da cidade, que o fotógrafo Gustavo Malheiros lançou uma série de fotos intitulada “Anônimos Famosos”, que ganhou dois livros e uma exposição.
Livro “Anônimos Famosos” reúne 94 personalidades que circulam por bairros do Rio (Foto: Gustavo Malheiros)O primeiro livro foi publicado no início de 2002, para 12 anos depois ganhar continuidade em 2014. No compêndio, Malheiros registrou com a ajuda de indicações de moradores dos bairros por onde andou, 94 personagens considerados icônicos da cidade. Posteriormente os livros ganharam uma exposição e depois renderam banners que podem ser vistos em um passeio pela cidade.
Em entrevista ao Almanaque da Cultura, Gustavo Malheiros afirma que o Rio de Janeiro é uma sítio de personalidades: “O Rio é uma fábrica desses personagens”, e que o sucesso de sua empreitada pode, até mesmo ser conferido pelos próprios personagens relatados que, segundo ele até “andam com o livro debaixo do braço”.
Ana Maria, a mulher de branco de Ipanema (Foto: Gustavo Malheiros)Almanaque da Cultura: De onde surgiu a ideia de registrar pessoas anônimas?
Gustavo Malheiros: Minha mulher, que é minha sócia na editora, teve a ideia inicial, a partir daí chamei um amigo diretor de arte e fizemos uma lista inicial de personagens. Estava me preparando para fazer um “Anônimos Famosos de São Paulo”, vi que o Rio já tinha novos personagens, enquanto São Paulo achei que não iria render. O Rio é uma fábrica desses personagens, ainda acho que não fiz todos, tive um limite de tempo e espaço no livro.
Almanaque da Cultura: Como foi a escolha dos fotografados?
Gustavo Malheiros: Começamos da mesma forma do primeiro (há doze anos atrás) com uma lista inicial, depois achei muta gente andando pelo Rio, indo em todos os bairros.
Almanaque da Cultura: E a escolha dos cenários?
Gustavo Malheiros: Cada bairro tem um personagem, parte do trabalho é mostrar o Rio de janeiro através desses personagens do cotidiano, tento representar o máximo de regiões. Na primeira edição tivemos a ajuda de pesquisadoras. Na segunda, a produtora também ajudou, mas sempre pedia dicas para pessoas de diferentes bairros.
Almanaque da Cultura: Quanto tempo demorou este levantamento até o início das sessões fotográficas?
Gustavo Malheiros: Três meses.
Almanaque da Cultura: Foi possível estabelecer uma relação de amizade com os personagens que encontrou Rio afora?
Gustavo Malheiros: Fiz amizade com poucos. Acho que é uma troca, todos ficaram muito felizes de terem suas histórias e fotos em um livro de arte, alguns andam com o livro debaixo do braço. Eu tive um retorno muito bom, experiências incríveis conhecendo tanta gente e lugares diferentes.
Almanaque da Cultura: O que espera provocar no público que recebe essas imagens, uma vez que além do livro, existem fotografias espalhadas pela cidade toda.
Gustavo Malheiros: Para os que moram no Rio, se você anda muito pela cidade, você conhece vários personagens e se identifica com o trabalho, com momentos que contam a história de uma época na cidade. Para os que não moram no Rio, é uma maneira diferente de conhecer a cidade.
Almanaque da Cultura: Fale sobre o futuro do projeto. Espera estendê-lo para outras cidades do Brasil?
Gustavo Malheiros: Não, acho que o Rio é único e é a minha “casa”, onde estarei sempre de olho nos novos personagens. Quem sabe daqui a 10 anos (risos)!