O escritor norte-americano TJ Klune lança no Brasil o livro ‘A Vida Entre Marionetes‘. O título é publicado pela Editora Morro Branco, parte do Grupo Editorial Alta Books. A obra propõe uma releitura da fábula ‘Pinóquio’ em uma narrativa de ficção científica com personagens queer. O lançamento se insere na missão do autor de construir histórias que abordam amor, empatia, identidade e liberdade.
A nova publicação é o quinto título do autor no catálogo da editora brasileira. O livro foi vencedor do prêmio de Melhor Ficção Científica no Goodreads Choice Awards de 2023. A história mescla fantasia, aventura e romance MM com elementos de futuro distópico.
Família formada por humanos e robôs vive isolada na floresta
Em ‘A Vida Entre Marionetes’, o protagonista Victor Lawson é o único humano em uma casa no meio da floresta. Ele vive com três robôs: Giovanni Lawson, um androide inventor; Ratched, uma enfermeira com comportamento direto; e Rambo, um aspirador de pó com personalidade sensível. Giovanni atua como uma figura paterna para Victor.
O cenário é um futuro em que máquinas e robôs controlam grande parte da sociedade. Victor vive uma rotina afastada das cidades, com segurança e estabilidade. O núcleo doméstico tem regras próprias e afeto construído por meio da convivência entre seres artificiais e o único humano.
No entanto, essa estabilidade se desfaz quando Victor encontra um androide abandonado durante uma de suas explorações no chamado Jardim das Sucatas. O robô danificado, chamado Hap, passa por reparos e reativa antigas memórias.
Descoberta sobre o passado ameaça rotina da família
Ao recuperar a memória, Hap revela que, no passado, ele e Giovanni atuaram como caçadores de humanos. A revelação altera a percepção de Victor sobre o pai e também afeta a dinâmica do grupo. A ativação de Hap também chama a atenção das autoridades robóticas, que passam a investigar a presença de Victor.
Giovanni é capturado e levado para a Cidade dos Sonhos Elétricos, onde pode ser reprogramado ou desligado. Diante da situação, Victor decide deixar a floresta para tentar resgatar o pai. O jovem inicia uma jornada por um mundo dominado por máquinas e repleto de ameaças.
A missão é acompanhada por seus companheiros robóticos. O caminho é marcado por desafios físicos e dilemas morais. A própria identidade de Victor como humano passa a ser questionada pelas estruturas de poder daquele universo.
Relação entre Victor e Hap marca enredo da narrativa
Durante a jornada, Victor passa a conhecer melhor Hap. O androide é o responsável por acionar a crise, mas também é aquele que acompanha Victor em momentos de dificuldade. A relação entre os dois se torna um dos eixos da narrativa.
O livro apresenta momentos de conflito emocional. Victor se depara com sentimentos que não reconhecia antes. O texto propõe reflexões sobre a complexidade das conexões entre seres humanos e artificiais.
Em um trecho do livro, o autor escreve:
“Quando era mais novo, perguntara-se por que não se parecia em nada com o pai. Giovanni era um tanque, o peito largo e forte, a barriga proeminente, os dedos bruscos. Vic não tinha a mesma presença do pai. Quando menino costumava ser magro como um sussurro, e espichando para cima e não para os lados. […] Eles não eram iguais. Nunca foram. Mas esse homem era seu pai. Ele o criara. Esse homem que não era homem nenhum.”
Discussões sobre liberdade, programação e identidade
A obra de TJ Klune utiliza a ficção científica como ferramenta para explorar temas sociais. A narrativa de ‘A Vida Entre Marionetes’ propõe perguntas sobre o que significa ser humano. O autor apresenta personagens que, mesmo criados por inteligência artificial, demonstram afeto, decisões morais e lealdade.
O texto também debate o conceito de livre-arbítrio. Através dos robôs, o autor questiona os limites entre ações programadas e escolhas feitas com consciência. A história se distancia de uma lógica binária entre humano e máquina e propõe uma zona cinzenta, onde sentimentos e códigos se sobrepõem.
As relações familiares, afetivas e sociais também são retratadas sob uma nova perspectiva. A ideia de família apresentada na história contraria modelos tradicionais. O elo entre Victor e os robôs é construído por cuidado e convivência, e não por laços biológicos.
Representatividade queer está presente na estrutura da obra
O romance entre personagens do mesmo gênero está presente na narrativa. O autor é conhecido por incluir protagonistas queer em seus livros. Klune já declarou que sua proposta é apresentar representações positivas da comunidade LGBTQIA+ em gêneros como fantasia e ficção científica.
TJ Klune é também autor de títulos como ‘A Casa no Mar Cerúleo’, ‘Além da Porta Sussurrante’, ‘Ravensong’ e ‘Wolfsong’, todos disponíveis no Brasil pela mesma editora. O escritor ganhou prêmios como o Lambda Literary Award, Alex Award e Mythopoeic Fantasy.
De acordo com a editora, a nova obra mantém o compromisso do autor de apresentar histórias com diversidade e temas universais.
Informações técnicas e onde encontrar
‘A Vida Entre Marionetes’ chega ao Brasil em edição de capa dura. A tradução é de Rita Süssekind. O livro tem 480 páginas e está disponível para venda na Amazon. O preço sugerido é de R$ 94,90.
Ficha técnica:
