Álbum 'Lado B Lado A' d'O Rappa completa 25 anos com influência ainda presente
Álbum 'Lado B Lado A' d'O Rappa completa 25 anos com influência ainda presente (Foto: Divulgação)

O disco ‘Lado B Lado A‘, lançado pelo grupo O Rappa em 1999, completa 25 anos. O álbum é considerado um marco na música brasileira por ter integrado diferentes estilos musicais como reggae, rap, rock e música eletrônica. As composições com temáticas sociais e urbanas também ajudaram a posicionar o grupo como uma das principais vozes da virada do milênio no país.

Marcelo Lobato foi peça central na identidade sonora do disco

Marcelo Lobato, produtor, multi-instrumentista e um dos fundadores da banda, teve papel fundamental na construção da sonoridade do álbum. Ele participou ativamente das experimentações com texturas eletrônicas, beats e na integração entre instrumentos acústicos e recursos digitais.

“Foi um momento de muita liberdade criativa. Lembro que passávamos madrugadas testando timbres, mixando sons de rua com sintetizadores e criando atmosferas que traduzissem a realidade brasileira. Esse disco é fruto de ousadia, escuta e muito trabalho coletivo”, afirma Lobato.

A produção do álbum foi assinada por Chico Neves em parceria com a banda, mas as contribuições de Lobato foram determinantes para o resultado final. O uso de sintetizadores, samples e programações eletrônicas definiu o caráter experimental das faixas e ampliou as possibilidades musicais do grupo.

Faixas com críticas sociais ganharam destaque

Entre as músicas de maior repercussão do álbum estão “Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)”, “O Que Sobrou do Céu”, “Me Deixa”, “Favela” e a própria “Lado B Lado A”. Essas canções abordam temas como violência urbana, desigualdade social e resistência nas periferias.

A faixa “Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)” foi lançada como um dos principais singles e conquistou seis prêmios no Video Music Brasil (VMB) de 2000. Entre as categorias vencidas estavam Clipe do Ano, Escolha da Audiência e Melhor Direção. A música também venceu como Melhor Clipe no Prêmio Multishow.

Já “O Que Sobrou do Céu”, lançada como single no ano seguinte, também foi premiada no VMB 2001. A canção ganhou nas categorias Clipe do Ano, Melhor Direção e Melhor Fotografia. Os videoclipes reforçaram a estética crítica e urbana proposta pela banda.

Álbum ampliou o alcance da banda e gerou turnês internacionais

O sucesso do disco contribuiu para a consolidação de O Rappa no cenário nacional e internacional. Após o lançamento de ‘Lado B Lado A’, a banda realizou turnês pelo exterior e passou a integrar festivais com grande público.

O reconhecimento da crítica especializada e a resposta do público foram determinantes para esse novo momento do grupo. O álbum foi recebido como uma inovação dentro da música popular brasileira e conquistou espaço entre diferentes públicos.

Além dos shows, o grupo viu sua música atravessar fronteiras e ser incorporada em trilhas de filmes, playlists e discursos sociais. Segundo Lobato, o impacto do álbum permanece visível. “Músicas como ‘Minha Alma’ continuam vivas nas ruas e no cotidiano das pessoas”, comenta.

Experiência coletiva influenciou o processo criativo

O processo de criação do álbum foi coletivo, segundo Marcelo Lobato. As madrugadas de gravação incluíam experimentos com elementos sonoros captados nas ruas e a busca por atmosferas que representassem o Brasil urbano da virada dos anos 1990 para os 2000.

Essa abordagem colaborativa permitiu que diferentes influências musicais fossem incorporadas ao disco. A mistura de gêneros, comum na trajetória do grupo, ganhou um novo patamar com o uso de recursos tecnológicos e com o cuidado nas composições.

O álbum também se destacou por abordar temas atuais da sociedade brasileira. As letras, muitas vezes poéticas, tocaram em temas como abandono, violência, esperança e sobrevivência nas periferias urbanas.

Marcelo Lobato segue com carreira solo e novas produções

Após anos de atuação com O Rappa, Marcelo Lobato iniciou uma nova fase de sua trajetória artística com um projeto solo. O trabalho mais recente do músico é o single “O Corte“, que traz elementos de introspecção e pesquisa sonora.

A nova produção continua a refletir a marca registrada do artista, com valorização de detalhes sonoros, construção de atmosferas e combinação de instrumentos e efeitos eletrônicos. Lobato segue experimentando possibilidades sonoras e mantendo o vínculo com a realidade brasileira.

Mesmo com novos rumos na carreira, o músico ainda é constantemente lembrado por sua contribuição para ‘Lado B Lado A’ e sua importância na história da música nacional. “O que criamos há 25 anos ainda reverbera. Isso mostra que conseguimos tocar em algo que ultrapassa o tempo”, afirma.

Marcelo Lobato relembra processo criativo do disco 'Lado B Lado A' (Foto: Rodrigo Ferraz)
Marcelo Lobato relembra processo criativo do disco ‘Lado B Lado A’ (Foto: Rodrigo Ferraz)

Legado do álbum permanece ativo no cenário cultural

O disco ‘Lado B Lado A’ continua sendo referência para músicos, produtores e ouvintes. O álbum se mantém presente em eventos culturais, playlists de streaming, rodas de conversa e produções audiovisuais.

A combinação de gêneros e o compromisso com uma mensagem social direta ainda influenciam artistas contemporâneos. O repertório do disco é revisitado por novas gerações, tanto nos palcos quanto nas plataformas digitais.

Os elementos técnicos e artísticos presentes no álbum consolidaram uma linguagem que permanece atual. A presença de batidas eletrônicas junto a instrumentos tradicionais marcou um ponto de virada na forma de produção da música brasileira.

O envolvimento de Marcelo Lobato foi essencial para essa mudança. Sua atuação como produtor, músico e pesquisador sonoro deixou marcas profundas no disco e nas práticas musicais que o sucederam.

Álbum é lembrado por fãs e especialistas

O impacto de ‘Lado B Lado A’ também se mantém vivo entre fãs e estudiosos da música brasileira. O disco é citado em publicações acadêmicas, análises jornalísticas e materiais educativos sobre a música popular contemporânea.

A recepção crítica do álbum na época de seu lançamento se refletiu em prêmios e reconhecimento da indústria musical. Vinte e cinco anos depois, o trabalho continua sendo tema de celebrações e análises.

A longevidade do álbum é atribuída à sua capacidade de retratar um período histórico do Brasil sem perder atualidade. As letras e os arranjos ainda encontram ressonância nos debates sociais e culturais do país.

A participação de Marcelo Lobato, ao lado dos demais integrantes da banda, foi determinante para que essa obra alcançasse relevância duradoura. Sua visão artística, voltada à experimentação e ao diálogo com diferentes linguagens, ajudou a moldar um dos discos mais lembrados da música nacional.