​Ohana Azalee (Foto: Betina Polaroid/Divulgação)

Ohana Azalee, drag queen que nasceu há dois anos como criação do tatuador Wallace Oliveira, pode até se inspirar no fenômeno Pabllo Vittar para seu estilo musical, mas a semelhança das duas já é totalmente descartada logo num primeiro contato. A drag, que tem traços fortes do lado masculino de seu criador, assume o título de “Rainha Barbada”, e faz de sua aparência diferenciada como destaque no mercado.

Cantora e compositora, seu sonho é agitar as pistas das badaladas festas com seu novo single, “Piridrag”, um batidão que a artista lançou na sexta-feira, 8 de dezembro, na festa “Drag-se”, no La Paz, boate no Centro do Rio. “Novinha e abusada, se joga na balada!”, esse é um trecho de Piridrag, música de estreia de Ohana Azalee, mas resume bem o tipo de som que ela apresenta: vibrante!

​Ohana Azalee (Foto: Betina Polaroid/Divulgação)
​Ohana Azalee (Foto: Betina Polaroid/Divulgação)

“É para dançar, é para ir até o chão, tombamento mesmo! Quanto mais piridrag melhor! A música fala de uma pessoa que é tipo abusada, que dança na frente do meu boy, mas tudo é uma brincadeira e uma questão de limite. Sou a favor que cada um possa ser quem quiser, se jogar! Mas, lembrando que a sua liberdade termina onde começa a do outro”, conta Ohana Azalee, que compôs letra e música.

Sobre não esconder os fios da barba com maquiagem ou depilação, Ohana destaca que causar um ‘nó na cabeça da sociedade’ é algo positivo e que faz com que todos discutam o que é o feminino e masculino, sem preconceitos.

“O lado positivo de optar por ficar com barba é justamente o nó que a gente dá na cabeça da sociedade, porque a maioria das pessoas não sabe a diferença de uma drag para uma mulher trans, por exemplo. Se deparar com aquela figura feminina, que explora sexualidade e feminilidade, com barba e pernas peludas, faz as pessoas pararem e pensarem. Muitas vezes já fui questionado sobre “O que eu sou” quando estava montada, e é demais poder abrir um canal de interação com as pessoas só por existir”, diz Ohana.

Desconstrução e quebra de preconceitos:

A drag nasceu com seu desejo de ser cantora e também de quebrar preconceitos: “Comecei a ser drag na época em que me envolvi com movimentos de militância negra e LGBT. Estava numa fase de quebra de preconceitos e de desconstrução e a Ohana surgiu para me ajudar a ser uma pessoa melhor. Depois eu comecei a pensar um pouco mais no lado artístico, mas no início foi mais por desconstrução mesmo.”

A escolha do nome tem a ver com essa desconstrução. Ela queria um nome africano e encontrou Azalee, que significa menina cantora. Ohana veio da paixão por filmes da Disney e saiu do filme “Lillo & Stitch”.

Inspirações e formação na música:

Formado em artes e fotografia, Wallace, antes de criar Ohana, estudou música desde pequeno e cantava na igreja. Sua formação musical passou por corais, bandas, grupos de vocais de todo tipo de formação.

“Mas eu nunca tive uma preferência musical só. Venho do gospel e tenho um carinho por esse tipo de música, mas tenho calafrio da maioria dos cantores e suas filosofias de vida. Ouço desde pagode até folk. Eu realmente não tenho critérios!”, diverte-se.

Eclética na playlist, Ohana tem referências inspiradoras para seu lado artístico em cantoras nacionais como a já citada Pabllo Vittar, e também Glória Groove e Suzy Brasil, e internacionais em Shea Coulé, Tyra Sanches e Bianca Del Rio, todas drag queens de muito sucesso.

Além de “Piridrag”, Ohana prepara um EP com mais quatro músicas que deve ser lançado no fim de janeiro. Entre as faixas estão “Tatuagem” e “Naturalmente”.

“Essa última que tem uma pegada bem sex appeal, vai ser musica para fazer amor e sensualizar muito!”, revela aos risos Ohana, que é autora de todas as faixas.