Há seis anos, o mundo perdia um rei, que apesar de nunca ter ganhado uma coroa, tinha títulos e súditos no mundo todo. Michael Joseph Jackson morreu em 25 de junho de 2009, aos 50 anos, após sofrer uma parada cardíaca na sua casa em Los Angeles, mas sua memória continua mais viva do que nunca. Considerado por muitos como um artista completo e múltiplo, o chamado Rei do Pop foi ator, compositor, cantor, produtor musical, diretor, ativista, pacifista, dançarino, pai, irmão, filho. Suas contribuições para o mundo se refletem até hoje, fazendo dele uma personalidade constante no show business, mesmo depois de ter partido.
Ele faleceu durante os ensaios da turnê “This Is It”, esta que seria sua despedida dos palcos, antes de sua aposentadoria. Os números de sua carreira dão uma dimensão de seu alcance como artista. Mais de 750 milhões de CDs vendidos, sendo um deles, “Thriller”, um dos mais comercializado de todos os tempos, com mais de 65 milhões de cópias vendidas, além deste clipe homônimo ter mudado todo o cenário do gênero. Seus shows e turnês ditaram regras das novas produções nas décadas seguintes e dezenas de artistas pop atuais o apontam como ídolo e inspiração. Sua músicas continuam a fazer sucesso, com novidades sendo lançadas e relançamentos chegando ao mercado.
Criações como o efeito em que Michael inclinava o corpo em 45 graus do chão, chamado “The Lean” e o icônico “Moonwalk” são algumas dos grandes feitos do fenômeno que entraram para história. Uma das outras questões inerentes a seu jeito era seu lado humanitário. Ajudou a muitos com suas causas humanitárias, como a campanha “We are the world”, as quais ele fazia questão de defender em suas músicas. E em tempos tão concorridos entre os artistas, em pleno 2015, qual a importância dele para a música?
Para o músico, compositor e produtor musical Rogério Vaz, Michael Jackson foi um artista completo, um grande cantor, compositor, arranjador, dançarino e, claro, um visionário. “Suas músicas influenciaram várias gerações de artistas e suas coreografias são sempre lembradas e imitadas”, ele analisa. Entre os grandes feitos de Jackson. Rogério aponta seus video-clipes. “Foram fantásticos. Sempre cheios de inovações e indo sempre ao limite do inimaginável. Pode-se dizer que Michael mudou a cultura pop dos anos 80 e será sempre lembrado como um dos grandes gênios da música”, afirma Rogério.
Fãs, vidas, passados, futuros, amores e Michael
Para seus admiradores, Michael segue vivo, em seus pensamentos e ações, como conta a professora de inglês Roberta Calabre, de 33 anos. “Ele continua presente na minha vida, do mesmo jeito, como se ainda tivesse vivo. O que fica para mim é o legado, as coisas que estão por vir. As coisas que não foram lançadas e as que estão sendo ainda. É a essência dele”, relatou. Em vários momentos da entrevista, até se acredita que o cantor ainda esteja vivo, de tanta veemência com que Roberta fala dele.
Ela conta que foi Michael quem a fez começar a se interessar por seu ofício. “Eu sempre fui muito fã. Ele me ensinou inglês. Pegava as letras e queria cantar, falar como ele. pegava o dicionário e ficava traduzindo”. Fã desde que se entende por gente, explica que sua mãe já gostava do artista e ouvindo junto, nasceu daí seu amor. “Eu me lembro de ter dois anos e ela ficar me assustando com o clipe do “Thriller”. E quando sua mãe faleceu em 2002, ele estava lá como um grande amigo, sem ela nunca tê-lo visto. “Eu tinha acabado de conseguir uns álbuns antigos e raros dele e eu tocava muito essas músicas. Na hora, ela se misturaram com minha dor e lágrimas. Ele foi meu professor, meu sonho de consumo, meu ídolo. Ele é meu companheiro de aventuras”, conta Roberta, com emoção na voz.
“Michael Jackson é aquele tipo de personalidade que você parece já “nascer” sabendo quem é. Uma espécie de mito coletivo que, sendo fã ou não, nascendo nos anos 2000 ou em 1950, você certamente sabe do que se trata”, comenta o jornalista Rafael Nascimento, de 26 anos que virou fã, ainda criança, adorando o filme “Moonwalker”. Sua paixão por cultura (especialmente) música pop tem base em MJ. “Ele é a minha maior referência de astro, popstar, artista – um caso que merece estudos mesmo, sei lá, uma espécie de sociologia da fama”. O jovem vibra ao dizer que Michael é um exemplo de disciplina, reinvenção e perseverança.
O jornalista, inclusive, conta que pretende mostrar aos seus rebentos (quando os tiver) sua admiração pelo artista. “Tenho todos os discos e muitos shows dele, mas a turnê “Dangerous”, do início dos anos 1990, é a mais épica de longe. Tem uma cópia praticamente fechada para mostrar para os meus filhos quem era o ídolo-mor do papai deles”.
Polêmicas, críticas, histórias e Michael
Sua vida sempre foi cercada por muitas polêmicas. Desde sua infância, com as cobranças para ser um astro, os maus tratos do pai, até a vida adulta, com sua nítida mudança de cor de pele, as acusações de pedofilia, o mistério sobre seu casamento, seus filhos, sua vida pessoal e até nas circunstâncias de sua morte. Seus fãs têm opiniões bem interessantes sobre o assunto, que sempre gerou muita discussão. “Eu também critico. Tem um milhão de coisas que o Michael fala e eu não acredito. Coisas que ele diz que não é verdade e também não acredito. Eu aceito brincadeiras sobre ele, brinco junto. Mas nessa altura do campeonato, ele já está morto, nada mais o atinge”, desabafa Roberta.
Rafael comenta que as constantes cirurgias e a “mutação” na aparência foram algo em que cabia alguma crítica. “Ele tinha vitiligo, mas tantos procedimentos foram mesmo necessários? Ele tinha muitas excentricidades também. Mas isso faz parte da construção de qualquer mito”. Mito esse que, para o jovem, era frágil. “Postumamente, percebemos que ele doava fortunas para caridade e causa de apoio infantil. Isso, claro, nunca foi devidamente explorado”, afirmou.
A influência de Jackson sobre o mundo musical é sem precedentes. Sua colaboração como artista trouxe luz às carreiras de muita gente, não só por ele ter sido o precursor de muitas ações, mas por ter modificado muitas que já existiam e adicionado a elas técnica, suingue e batidas de soul, rock e funk que são sentidas até hoje na música. Polêmicas à parte, foi um menino com uma voz potente, um jovem com pés inquietos e um homem com um coração enorme. O local que Michael alcançou ninguém o tira. O reinado do pop continuará sendo dele e isso é inegável.