Durão e bad boy para alguns e dono de personalidade forte, mas atencioso e carinhoso com os brothers, Chorão (1970-2013) traduziu melhor do que ninguém o que a molecada urbana brasileira sentia e queria ouvir entre o final dos anos 1990 e a primeira década da era 2000.
A banda santista Charlie Brown Jr., da qual Chorão era líder, vocalista e principal compositor, se transformou no maior grupo de rock do país com uma sonoridade skate rock (doses de punk californiano + ska reggae + hip hop + funk) e um discurso simples e sincero que caíram imediatamente no gosto de quem tem sede de viver. Era um som urgente e em sintonia com as ruas.
Seis anos depois da sua partida, o brilho musical de Alexandre Magno Abrão (seu nome de batismo) continua vivo e conquistando novos corações e mentes, mesmo porque o rock’n’roll nacional diminuiu de importância no mercado e ele, com seu talento e autenticidade, foi o último astro do gênero no Brasil.
Não por acaso, o CBJr tem 1,2 milhão de inscritos no YouTube e 2,1 milhões de ouvintes mensais no Spotify, onde a banda tem 3,3 milhões de seguidores. As pontes afetivas e musicais que Chorão construiu seguem indestrutíveis.
Neste dia 9 de abril de 2019, quando o homeboy Chorão completaria 49 anos, faz todo o sentido a Universal Music homenageá-lo com uma série de lançamentos. O primeiro, terça-feira (9), é um single com uma nova versão do hit “Zóio de Lula”, de 1999, produzida por Marcelo Lobato (tecladista da banda O Rappa) e interpretada por Marcelo D2, Nação Zumbi, Maneva e Hungria.
Junto com o lançamento do single, nas plataformas digitais, chega também um EP com duas faixas: a canção original, gravada no álbum “Preço Curto… Prazo Logo” – e primeira música do Charlie Brown a atingir o topo das paradas nas rádios do país – e a nova versão. A capa do EP reproduz o desenho que Chorão fez para o promo de rádio, em 1999. Ouça o EP aqui. Ainda no mesmo dia, a partir das 11h, será lançado o videoclipe da versão, um registro em estúdio dirigido por Daniel Ferro.
“Sempre fui muito amigo de Chorão. A gente teve uma amizade antes das bandas, quando a gente andava de skate. Acho que estava faltando, estava precisando de uma coisa assim nesse momento. Ainda mais participar dessa música com essa rapaziada toda, com a Nação (Zumbi) tocando. Foi bom demais”, afirma Marcelo D2.
Planet Hemp e Chico Science & Nação Zumbi influenciaram os primeiros passos do Charlie Brown na década de 1990. Especialmente, o Planet de D2, para quem a banda de Chorão abriu um show no Guarujá (SP) no comecinho da carreira. Onde estiver, o homeboy certamente vai espalhar fumaça no ar e gostar da homenagem.
“Pra gente é do caralho fazer parte dessa homenagem, se encontrando com o pessoal do Maneva, com o D2. É um grito pelo Chorão”, diz Jorge Du Peixe, vocalista da Nação Zumbi. “É uma homenagem a uma pessoa que foi tão carinhosa com a gente, tão receptiva e dedicada. Fico feliz de ter sido convidado”, completa Lúcio Maia, guitarrista da banda pernambucana.
O produtor Marcelo Lobato acerta na vibração de confraternização presente na versão 2019 de “Zóio de Lula”, algo que o videoclipe explicita ainda mais. “A gravação remete à música original, mas traz novos elementos, novas interpretações. Acho que foi o caminho mais interessante”, explica.
A banda paulista de reggae Maneva e o rapper brasiliense Hungria não conheceram Chorão, mas, claro, sabem bem da sua importância e costumam tocar “Zóio de Lula” em shows. “Essa versão é como trazer o Maneva dentro do CBJr, o D2 dentro do CBJr, a Nação dentro do CBJr, Hungria dentro do CBJr e, consequentemente, a gente se sente mais perto, tanto deles, quanto do CBJr”, diz Thales, vocalista do Maneva. “Um cantor nunca morre, eu boto o som dele e escuto ele, música é isso. Chorão fala no meu ouvido todo dia”, afirma Hungria.
E a temporada de homenagens prossegue. No último dia 5, foi lançado um minidocumentário de 10 minutos sobre a gravação do single, com depoimentos dos músicos.
E de 23 de abril a 9 de julho serão lançados semanalmente os 24 vídeos do DVD “Na Estrada 2003/2004”, do Charlie Brown Jr. E ainda tem mais por vir… É isso, #choraoeterno.