A iniciativa de trazer o texto da inglesa Nina Raine para o Brasil foi de Bruno Fagunes, filho de Antonio Fagundes. “Vi o espetáculo em setembro do ano passado em Nova York e enlouqueci. Me deslumbrei com esse universo novo e, desde então, quero contar essa história”, disse Bruno em uma de suas entrevistas para divulgar “Tribos“.
Na peça, Billy (Bruno Fagundes) é um rapaz que nasceu surdo surdo em uma família intelectualizada de não surdos que não aceita, por orgulho e preconceito, a condição diferente do filho. Christopher (Antonio Fagundes) e Beth (Eliete Cigaarini) criaram Billy como se fosse uma criança normal, sem problema físico. Seus pais e seus irmãos Daniel (Guilherme Magon) e Ruth (Maíra Dvorek) nunca usaram a linguagem de sinais (libra) com ele. Billy foi criado dentro de um casulo ferozmente peculiar e politicamente incorreto.
Esta aparente harmonia familiar fica exposta quando o rapaz começa a namorar Sylvia (Arieta Correa), uma jovem filha de pais surdos que está prestes a ficar surda. A partir daí, Billy percebe que sempre viveu isolado ou, no mínimo, com muita dificuldade de integração, mesmo tendo cursado uma universidade.
“Tribos” fez sucesso no Royal Court Theater, em Londres, e vencedor do New York Drama Critics, quando em cartaz nos Estados Unidos. A autora Nina Raine utiliza a figura de um deficiente auditivo para questionar os diversos tipos de limitação do ser humano e, de uma maneira politicamente incorreta, inteligente e divertida, recria questões familiares (como uma tribo) para ressaltar as dificuldades de convivência dos seres humanos.
O elenco é privilegiado pelo texto afiado e ácido de Nina Raine. Todos os atores conseguem ter momentos em que se destacam em cena. Mas quem consegue se destacar mais é Bruno Fagundes com sua atuação lindamente comovente de Billy. As cenas de Billy com Sylvia (Arieta Correa) e com seu irmão Daniel (Guilherme Magon) são as mais intensas. A direção de Ulysses Cruz traz para as cenas mais agilidade e uma apurada obsessão pelos detalhes.
A peça é composta de nove cenas, pontuadas por um grande telão no fundo do palco que também exibe falas quando os personagens se comunicam por sinais. “Tribos” também conta com a tradução de Rachel Ripani, figurinos de Alexandre Herchcovitch, cenografia de Lu Bueno, iluminação de Domingos Quintiliano e trilha sonora de André Abujamra.
Dia 1º de agosto, sábado, o elenco de “Tribos” faz uma única apresentação no Sesc Quitandinha, em Petrópolis, no Festival Sesc de Inverno. Não percam!