Escrita há quase 50 anos, no ápice da repressão e da censura pela ditadura militar no Brasil, a peça “O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos (1935-1999), ganha nova montagem, idealizada pelas atrizes Anna Paula Borges e Chris Mello e por Hugo Ayres. Com estreia no dia 14 de novembro, no Teatro Gláucio Gill, o espetáculo cumpre curtíssima temporada até 29 de novembro, sempre às quartas e quintas. Com patrocínio obtido por meio da Lei Federal Rouanet de Incentivo à Cultura – Ministério da Cultura, e apoio da Funarj, o projeto tem realização de Filomena Mancuzo.
Com uma linguagem naturalista e visceral, a peça teatral, que só foi liberada pela Censura uma década depois de ter sido escrita, retrata a amarga realidade de personagens marginalizadas e apresenta um universo de violência e opressão onde prostitutas são submetidas aos abusos de um inescrupuloso dono do prostíbulo e seu violento capataz. Um ambiente onde os jogos de poder e os conflitos de interesses podem reduzir o valor da vida a menos que um abajur lilás.
“’O Abajur Lilás’ é um texto de resistência e não poderia haver momento mais propício para montá-lo. É uma linguagem sem muitos rodeios, fria, porém poética. Os ideais dos personagens e a maneira como vivem são transparentes como a vida: cruel, gananciosa e frágil”, define Anna Paula Borges. “Montar Plínio Marcos é ratificar que somos seres humanos, independentemente de credo ou cor. Os desejos, as palavras e os pensamentos atravessam os personagens e imitam a vida. Ou a vida imita a arte? Salve Plínio!”, completa Chris Mello.
A montagem dirigida por Nello Marreze propõe uma aproximação entre o público e a linguagem de Plínio Marcos, transformando o espectador em um elemento ativo dentro do espetáculo ao romper a distância entre plateia e cena. Em uma linguagem atual, que retrata o “submundo” da sociedade brasileira, a encenação busca aprofundar a relação do espectador com este universo, um mundo no qual cada palavra, cada ação, pode ser fatal. Personagens comuns do povo brasileiro, em um ambiente onde a vida parece não ter valor algum.
“Com a proximidade, o público é convidado a entrar em contato com o universo de um quarto de prostíbulo, onde as minorias se digladiam, não se respeitam nem se protegem. A ideia é vivenciar o submundo sem o distanciamento que a divisão palco/plateia promove com o palco italiano e desta forma “desnudar” os personagens pela proximidade da arena. Assim, compartilharemos as respirações, expressões físicas e faciais de um mundo que queremos conservar à distância, mas que na verdade está muito perto de nós – o mundo do desrespeito, violência, tortura, seja ela mental ou física”, descreve o diretor Nello Marreze.
“O Abajur Lilás”, no Rio de Janeiro
Temporada regular: de 14 a 29 de novembro de 2018
Dias e horário: quartas e quintas, às 20h
Datas extras: 7 (sexta), 8 (sábado) e 9 (domingo) de dezembro
Local: Teatro Gláucio Gill – Praça Cardeal Arco Verde s/nº – Copacabana – Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Lotação: 50 lugares
Vendas: site Ingresso Rápido
Classificação etária: 16 anos
Mais informações: (21) 2332-7904