Em “A Regra do Jogo“, nova novela das 21h da TV Globo, Marco Pigossi é o policial Dante, um personagem vingativo. Em conversa com o Almanaque da Cultura, o artista confessou que o personagem está longe de ser mocinho. “Ele é um cara mais bruto, frio e não sabe trabalhar o emocional. Já que ele é movido por vingança, pode jogar por todos os lados. A ética em si não deixa ele explorar essa vingança. Ninguém é bonzinho o tempo inteiro e ninguém é mau o tempo inteiro”, relatou o ator, que está bem empolgado com o projeto.
Almanaque da Cultura: Como está sendo trabalhar em uma novela de João Emanuel Carneiro e sendo dirigido pela Amora Mautner?
Marco Pigossi: É minha primeira experiência com a Amora e com o João. O texto dele explora todos os lados. Sempre quando você lê, descobre novidades a respeito dos personagens. Tudo muito bem pensado. O texto dele vai abrindo vários leques, que você não faz ideia para onde ele irá conduzir. O texto do João é realmente uma grande surpresa. Não só para o público, para o ator também (risos).
Almanaque da Cultura: Qual o mote do seu personagem?
Marco Pigossi: O Dante é movido por vingança. Ele não sabe que a mãe está viva. Para ele, ela morreu e objetivo dele é vingá-la. A força dele é na vingança. Mais forte que qualquer coisa.
Almanaque da Cultura: Ele tem algo de mocinho?
Marco Pigossi: Não! Ele é um cara correto. Um homem honesto e justo. Ele é um policial. E a justiça dele está na força. Ele é um cara mais bruto, frio e não sabe trabalhar o emocional. Ele é bem duro. Isso é muito bacana. Já que ele é movido por vingança, ele pode jogar por todos os lados. A ética em si, não deixa ele explorar essa vingança. O João explora muito esses dois lados. Ninguém é bonzinho o tempo inteiro e ninguém é mal o tempo inteiro. O João busca muito essa ambiguidade. E, isso acaba dando riqueza aos personagens.
Almanaque da Cultura: E o visual?
Marco Pigossi: Mantive a barba e cortei o cabelo. Eu sai de “Boogie Oogie” e comecei a me preparar para o Dante. O Rafael era magro. Esse meu personagem ele é bem encorpado. O treinamento de policial é muito pesado. Estou treinando pesado sim. É um traimento especifico de policial mesmo. Bem funcional. Não estou fazendo na policia. Busquei um treinamento semelhante, que é muito intenso. Estou fazendo em uma academia mesmo. É mais para ter noção de como se carrega uma arma e tal.
Almanaque da Cultura: Você treinou no Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro)?
Marco Pigossi: Eu não treinei no Bope. Eu fui conhecer. Queria saber um pouco do dia a dia daqueles homens. Na verdade, meu personagem não tem nada a ver com o Bope.
Almanaque da Cultura: Você vai interpretar mais um personagem fardado. Está preparado para mexer com o imaginário das mulheres?
Marco Pigossi: Pois é! O Rafael era piloto e já tinha essa carga de brincadeira, de mexer com o imaginário das mulheres. E, agora um policial. Estou vestindo todos os fetiches (risos). Pode ser que ele mexa sim com o imaginário das mulheres. Mas, por ser um Policial Civil, ele não usa farda o tempo inteiro. Mas, tem o distintivo, tem arma. Tem essa brincadeira.
Almanaque da Cultura: Na infância, você pensou em ter alguma profissão parecida com a dos seus personagens na ficção?
Marco Pigossi: Quando eu era criança eu queria ser manobrista. Olha que coisa!? Para ficar dirigindo os carros. Eu era maluco por carros. Ainda gosto. Hoje em dia tenho outras prioridades. Eu assinava revistas de carros. Para você ter uma ideia, eu ficava no oficina de um amigo do meu pai, só para ver o mecânico desmontar o carro. Queria entender. Eu queria ser manobrista. Época boa aquela.
Almanaque da Cultura: No inicio da trama, seu personagem irá começar namorando a personagem da Bruna Linzmeyer. Terá algum triangulo amoroso mais para frente?
Marco Pigossi: Então, eu não sei na verdade. Eu recebi até o capitulo 24. Ele começa com a Belisa, personagem da Bruna. Eu sei que eles são primos. Mas, o Dante é adotivo e, eles não têm nenhum laço sanguíneo. Eles foram criados como irmãos. É uma relação diferente das que estamos acostumados a ver. Eles não têm bloqueio corporal. Eles foram criados juntos. Eles estão longe de ser um casal romântico comum. Vai ser muito legal. Não sei se terá uma terceira pessoa. Até agora, sei que será apenas esse casal. Eu não sei como o João (autor) irá caminhar essa história. Mistério…
Almanaque da Cultura: Não é incomum primos se relacionarem. Já aconteceu com você na vida real algo parecido?
Marco Pigossi: Eu não tenho primos. Minha família é minúscula. Eu tenho três tios. E, um só, teve uma filha. Então, minha família é muito miúda. Nunca tive essa coisa de família enorme. De sentar a mesa todo mundo. Seria incrível. Mas, nunca aconteceu. Minh família é muito pequeno.
Almanaque da Cultura: Você se sente realizado?
Marco Pigossi: Realizado não! A gente sempre está buscando uma realização. O dia que eu falar que eu estou realizado a gente para, né? E, não é a ideia. O Dante é mais um desafio que vem. Eu estou muito feliz. Eu estou onde eu queria estar, sem dúvida nenhuma. Eu tenho orgulho de todos os meus personagens. “A Regra do Jogo” é o lugar que eu queria estar neste momento.
Almanaque da Cultura: E o que move o Marco Pigossi?
Marco Pigossi: Eu sou movido pelo artístico. Eu acho (risos)! É uma mistura em si. O ator não pode se entregar a emoção. Eu sou um cara sentimental. Me emociono com facilidade. Mas, tenho um racional também muito forte. Eu sou uma mistura dos dois. Mas, o meio termo é o perfeito, né?