Cauã Reymond dará vida ao mocinho Juliano em “A Regra do Jogo“, conversou com o Almanaque da Cultura e comentou um pouco desse personagem que fará de tudo por justiça. Sem fugir das perguntas mais intimas, Cauã relatou que está acompanhando o desempenho de sua ex-mulher, Grazi Massafera, em “Verdades Secretas”. “Tenho acompanhado a novela e estou gostando. Ela está muito bem! Falei com ela e dei os parabéns pelo telefone. Tenho ouvido muitos elogios e estou feliz por ela. Mas, a Grazi sempre foi uma grande atriz e uma grande profissional. Ela veio de muitas mocinhas e, agora, pegou uma personagem muito diferente”, relatou.
Almanaque da Cultura: Como será interpretar o novo personagem, o Juliano?
Cauã Reymond: Ele é um cara que tem muita esperança. Ele tem honra e hombridade que são, de certa forma, características cada vez mais raras na dramaturgia. Mas, ele carrega uma revolta com todas as injustiças de que foi vítima.
Almanaque da Cultura: A cenografia da novela ajuda você à “entrar” no personagem?
Cauã Reymond: A gente está com uma cenografia incrível, na minha opinião. Já em Avenida Brasil, tínhamos uma cenografia maravilhosa, com o lixão. E eu acho que a Favela da Macaca também está incrível. É bem mais fácil você filmar e gravar, porque a gente se identifica e sente que está em um lugar muito próximo à realidade daquele personagem.
Almanaque da Cultura: Esse seu visual será completamente diferente do Jorginho de “Avenida Brasil”, né?
Cauã Reymond: Sim. O Jorginho tinha barba e esse personagem, não. Eu tenho 13 anos de carreira e milhares de personagens. Daqui a pouco, só pintando o cabelo de vermelho (risos). Não tem muito o que fazer, é difícil. O que aconteceu comigo foi que no final de “Dois Irmãos” rasparam a minha cabeça a zero. Tive muito pouco tempo por conta desse momento em que “Babilônia” chegou um pouco para frente e nós tivemos que adiantar a nossa novela. Por mim, eu tinha deixado o meu cabelo crescer um pouco mais.
Almanaque da Cultura: E, as tatuagens do personagem. O processo é demorado para colocá-las?
Cauã Reymond: É um processo que vai ficando cada vez mais rápido. Você vai ficando parceiro do cara que está ali. Daqui a pouco, você chega atrasado e com pressa, e diz ‘vai, vai, irmão, que eu estou atrasado’.
Almanaque da Cultura: E os retoques? Você tem alguma tatuagem que seja verdadeira?
Cauã Reymond: De dois em dois dias, porque eu cuido bem dela. Não faço todo dia. Tento cuidar dela. Não tenho tatuagem verdadeira.
Almanaque da Cultura: Você estreou em novelas com o João Emanuel, e também em um personagem de luta. Naquela época, você usou seu conhecimento de jiu jitsu (ele é faixa preta de jiu-jitsu)?
Cauã Reymond: Não, porque jiu-jitsu não tinha nada a ver com o que a gente apresentava na família Sardinha (“Da Cor do Pecado”). Lá, fizemos muita aula de kung fu. Esse personagem tem mais a ver com o jiu-jitsu.
Almanaque da Cultura: Nessa trama tem alguma cena de luta?
Cauã Reymond: Não tem cenas. Ele é um líder comunitário que usa a luta para tirar os meninos do tráfico de drogas. Ele não é um lutador profissional. Tem mais a ver com a filosofia por trás da luta. Na verdade, ele se aproxima até mais da filosofia do judô, que é uma coisa mais estabelecida, se podemos dizer assim.
Almanaque da Cultura: Ele é mais esportista?
Cauã Reymond: De certa forma, ele é um professor, não um atleta. Isso muda muito. Eu sei que, para as pessoas de fora, parece que é apenas o esportista, mas não.
Almanaque da Cultura: Você acabou virando o pé de coelho do João Emanuel?
Cauã Reymond: Eu fico lisonjeado quando vocês dizem isso. Eu gosto muito. Eu e o João temos uma química muito grande no texto. Me sinto super confortável em tirar ou colocar uma frase, e isso desde o começo. Acho que ele é responsável por uma grande virada na minha carreira como ator, aqui dentro. Principalmente, dentro da televisão, que foi “A Favorita”. Foi um personagem super importante, que tinha um arco super bonito. Avenida Brasil me fez conhecido na América Latina inteira, inclusive de férias, para surfar. Eu fiquei muito surpreso com a repercussão e com o assédio, principalmente na Argentina, quando fomos eu, a debora, o Caruso e o Alexandre Borges. Fiquei muito surpreso com o evento feito para isso. Eu fico lisonjeado, mas se sou pé de coelho, acho que você tem que perguntar para ele.
Almanaque da Cultura: O Juliano tem um quê do seu personagem de “O Caçador”?
Cauã Reymond: Não. É muito diferente como a trama se desenvolve. No início, quando você olha, você até acha que é parecido. Mas, a forma como a coisa acontece é diferente. E os personagens também são muito diferentes. O personagem do caçador era um personagem autodestrutivo, o que o Juliano não é. São traços de personalidade que diferenciam muito os dois. O cara do Caçador fumava, bebia, o Juliano não. Ele é um cara mais ligado à saúde, em prol do resgate de jovens. É um cara agregador, o que eu acho importantíssimo. O personagem do Caçador era um guerreiro solitário, tinha dificuldade de estabelecer relacionamentos, principalmente relações estáveis com mulheres.
Almanaque da Cultura: É verdade eu você se inspirou em um amigo para compor o Juliano?
Cauã Reymond: É uma coisa muito bonita, quando você vê que a pessoa entende que a missão dela é essa na vida. Meu amigo entendeu isso: que ele tem uma missão e a missão dele é ajudar os outros. Me inspirei em um amigo próximo, um professor de luta. Mas, não vou dizer quem é, porque não falei nem pra ele ainda. Vai que ele não gosta? Ele é professor de várias comunidades, treina atletas muito pobres, ajuda esses atletas. Eu faço aulas com ele sempre e já fui na comunidade também.
Almanaque da Cultura: Você se identifica com o personagem?
Cauã Reymond: Eu acho que me identifico com ele em vários lugares sim. Mas, ficar dizendo para você quais, eu perco a magia do que eu faço.
Almanaque da Cultura: Para “Dois Irmãos”, você teve que emagrecer e agora?
Cauã Reymond: Eu deixei de fazer musculação durante um ano. Agora, eu voltei e intensifiquei um pouquinho. Porque eu fiquei muito tempo sem fazer nada para a série. Meu corpo é muito normal.
Almanaque da Cultura: Viciado em musculação?
Cauã Reymond: Não. Sou viciado em endorfina. Quando eu fiz o Danilo, que era dependente químico e que eu tive que operar o quadril, me lembro que eu fiquei muito mal humorado. E um dia, um amigo me disse que eu estava tendo uma crise de abstinência de endorfina. Era verdade. Não faço dieta. Sempre comi bem.
Almanaque da Cultura: Hoje você se considera um cara mais maduro?
Cauã Reymond: Eu percebo isso, graças a Deus, e fui amadurecendo na frente do público. Eu comecei muito verde, tenho treze anos de carreira e consigo perceber esse crescimento.
Almanaque da Cultura: Qual o balanço que você faz dessa sua nova fase profissional?
Cauã Reymond: Eu estou em uma fase boa, graças a Deus. Tem muita coisa legal acontecendo. Estou em um momento profissional tanto aqui dentro quanto fora, com os filmes que eu estou produzindo e com os que eu participei na produção. Acho que estou vivendo um momento especial, tenho uma filha maravilhosa, incrível, linda. Está tudo certo. As dificuldades, a gente tenta enfrentar de frente e não fazer um grande drama sobre tudo o que acontece.
Almanaque da Cultura: Você pensa em uma carreira internacional?
Cauã Reymond: Eu já recebi alguns convites. Mas, cara de alguns anos pra cá, venho trabalhando com alguns profissionais que são extremamente talentosos e, na minha opinião, não deixam a desejar a nenhum profissional internacional. Isso me faz continuar aqui. Eu pude trabalhar com o Villamarin, com o Alvarenga, com o Luiz Fernando Carvalho, com vários diretores de cinema de renome também. Isso me deixa em um lugar onde eu sempre tenho um projeto quando acaba o outro. Quando acabar a novela, eu já tenho um filme super bacana para fazer. Então, se a carreira internacional acontecer, algum desses filmes ganhar um festival importante e os convites pintarem, não vou ter nenhum problema em analisar isso. Mas, ir para os Estados Unidos, e ficar batendo nas portas, não. Eu tenho uma filha, né?
Almanaque da Cultura: Tem acompanhado a ex-mulher em “Verdades Secretas”?
Cauã Reymond: Tenho acompanhado a novela e estou gostando. Ela está muito bem! Falei com ela e dei os parabéns pelo telefone. Tenho ouvido muitos elogios e estou feliz por ela. Mas, a Grazi sempre foi uma grande atriz e uma grande profissional. Ela veio de muitas mocinhas e, agora, pegou uma personagem muito diferente.