Raíza Costa preparando uma de suas delícias (Foto: Natali Hernandes)

A paulistana Raíza Costa conquistou “a gringa” apresentando em seu canal do YouTube, o “Dulce Delight”, receitas de sobremesas esplêndidas e meticulosas que podem ser preparadas por iniciantes ou experts na confeitaria. Cada episódio é alegre e inspirador, e isso alçou Raíza ao status de celebridade. O programa é “dedicado a confeitaria francesa e suas técnicas verdadeiras”, segundo consta na definição no canal do YouTube da moça – com o diferencial de que a apresentadora brasileira mora em Nova York, nos Estados Unidos.

Em conversa com o Almanaque da Cultura, a chef, que passou pela terceira edição do “MasterChef” dos Estados Unidos e teve suas sobremesas postas à prova por mestres da gastronomia como o renomado Gordon Ramsay, falou sobre a vida de YouTuber: “Queria inspirar as pessoas a cozinharem”, e que agora está se “adaptando aos poucos”, a sua estreia na TV com o programa “Rainha da Cocada Preta“, exibido pelo GNT.

Almanaque da Cultura: Como você teve a ideia do “Dulce Delight“? Por que você decidiu parar com o blog e criar o canal do YouTube?
Raíza Costa:
Queria inspirar as pessoas a cozinharem utilizando uma linguagem jovem em que eu mesma me identificasse. Quando comecei, não havia nenhum canal de culinária diferente no YouTube e eu sentia falta de ter um lugar que eu pudesse expor as minhas referências não só culinárias, mas também artísticas e por isso criei o “Dulce Delight”. O blog e o canal foram criados juntos em 2010 e não parei com o Blog, estou apenas reformulando a página para se tornar bilíngue, já que agora também tenho fãs no Brasil.

Almanque da Cultura: Desde quando você mora nos Estados Unidos e por quê você mora atualmente em Nova York? Você consegue achar os ingredientes facilmente?
RC:
 Moro em NY desde 2009. Moro aqui porque aqui é a minha casa. O canal “Dulce Delight” começou aqui e praticamente toda a minha vida profissional se desenvolveu aqui. Acho tudo e qualquer ingrediente pela cidade. Aqui existem bairros étnicos e assim consigo encontrar desde a especiaria mais rara da índia até açaí do Brasil.

Almanaque da Cultura: Você sempre gostou de cozinhar? Qual a sua formação na área?
RC:
Sempre cozinhei, porque sempre gostei de ser independente – e cozinhar é independência. Além disso, sempre gostei de comer e, pra comer bem, tem que saber o que está se passando com os ingredientes. Comecei a fazer sobremesa ainda muito nova, pois meu pai, assim como eu, sempre foi um formigão, mas a minha mãe não fazia doces, pois ela sempre foi adepta a dieta sem açúcar. Fazia para agradar meu pai e a mim mesma, e com os anos isso se tornou a minha profissão. Sou formada em Artes Visuais, ou seja, sou artista por formação e talvez por isso tenha todo esse cuidado e delicadeza com a forma como apresento minhas receitas.

Almanaque da Cultura: Há uma proposta para uma nova temporada do “Rainha da Cocada Preta”, no GNT?
RC:
Desde o início a ideia era fazer mais episódios, mas eu preferi começar com 20 para ir me adaptando aos poucos, mas provavelmente teremos mais ano que vem.

Almanaque da Cultura: O que você acha deste boom de canais sobre gastronomia que vem acontecendo?
RC:
Acho que em qualquer área, quando uma pessoa dá certo, ela acaba inspirando muitas outras a seguir o mesmo caminho e isso é natural. O boom aconteceu realmente há uns dois anos e foram criados inclusive canais super inspirados no meu conteúdo e temática colorida, jovem, vintage. Apesar desse boom, eu diria que canais que realmente prezam pela qualidade do conteúdo ainda são muito poucos. Muitas pessoas usam a gastronomia como ferramenta pra conseguir fama e sucesso, mas eu acho que lidar com uma coisa culturalmente tão forte quanto a alimentação precisa de muito respeito e responsabilidade. Eu sou comprometida com a procedência dos ingredientes que utilizo, com a qualidade da informação, com a veracidade dessa informação. Não faço propaganda de ingrediente mequetrefe, aliás, a coisa mais rara sou eu aceitar fazer propaganda. Pesquiso horas, testo, e desenvolvo pratos pra darem certo, pra me representarem. Cada um sabe o seu papel no mundo, o meu não é de brincar de cozinhar, é cozinhar!

Almanaque da Cultura: Você se sente uma artista? Como você lida com seus fãs?
RC:
Uma artista em relação à fama ou simplesmente pela arte? Se for pela arte, sim, me sinto. Acho inclusive que o meu papel com o meu trabalho é mostrar uma perspectiva diferente do mundo para as pessoas, tarefa que atribuo muito aos artistas. Nós somos pessoas que temos uma visão que normalmente se difere da maioria, e acho interessante expressar isso através dos meus vídeos. Sou uma pessoa muito acessível e não acredito nessa distância enorme que existe entre artista e fã. Respondo comentários, leio e-mails, não tenho ninguém respondendo nada por mim na minha mídia social. Acho importante essa relação, porque você se torna especial pra muita gente, e essa “muita gente” precisa ser especial pra você também.

Assista Raíza Costa na terceira edição do “MasterChef” dos Estados Unidos: