Lázaro Ramos conversou com o Almanaque da Cultura, onde contou detalhes da nova temporada de “Mister Brau”, seriado da TV Globo, além de revelar que está dirigindo a esposa, Taís Araújo, no espetáculo “O Topo da Montanha”, que está em cartaz em São Paulo.
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Almanaque da Cultura: Como foi gravar essa segunda temporada na Bahia?
Lázaro Ramos: Nessa temporada tem tanta coisa legal. A gente notou algumas coisas que o público se identificou e foram fortalecidos esses valores nessa temporada. A questão da piada rápida, o ritmo certo de comédia, entre outras coisas. Às vezes, a gente estava com a piada um pouco mais adiantada que o público. Dessa vez não teremos isso. Esse ano terão várias participações especiais. Não posso falar ainda os nomes, porque estão fechando. Só posso garantir que são incríveis. A gente agora está com um setor próprio para fazer os clipes. Agora os clipes serão tratados como videoclipes. Um diretor só para fazer esse trabalho, que está fora da dramaturgia. Continuamos com o mesmo desafio de fazer uma musica inédita por episódio. Essa temporada é o fortalecimento do que a gente encontrou no ano passado. Nessa temporada teremos vários formatos. Exemplo: teremos um episódio só de terror, outro só de comédia romântica, por aí vai. A gente está brincando com estilos. Cada episódio brinca com um estilo de comédia.
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Almanaque da Cultura: Como foi ser acolhido pelo povo baiano?
Lázaro Ramos: Foi lindo, porque a gente não estava esperando nada. A gente só queria a princípio gravar cenas de passagem para usar no meio do programa para ilustrar a história. A gente chegou lá, foi bem recebido, os artistas que a gente encontrava estavam tão disponíveis, que a gente começou a fazer um monte de cena. Foi lindo! A gente disso para os roteiristas que os artistas fizeram as cenas, teve um dia que aconteceu uma coisa inusitada, a Ivete Sangalo passou mal e não foi participar de seu trio, eu não seu de onde eu tirei isso, eu olhei para a banda da Ivete e falei Tim Maia, toda banda conhece e eu sei umas três musicas. Puxei o trio da Ivete e foi lindo de mais. Foi algo inesquecível! A gente puxou o arrastão inteiro. Foi legal entender também. O ano passado a gente gravou tanto e não foi para a rua. A gente não tinha tempo. Gravando de segunda-feira a sábado. Foi a primeira vez que a gente gravou em um lugar, e descobrimos o quer que a série identificou para aquelas pessoas. Foi impressionante ter as pessoas ali, cantando com a gente. Música do episódio do programa. Acho que isso é um valor indescritível.
Almanaque da Cultura: Como está o assédio em relação a esse personagem? É verdade que tem fã famoso também?
Lázaro Ramos: Muito engraçado isso, ter o retorno do público, a gente já está acostumado. Mas no ano passado, como a gente gravava pouco nos Estúdios Globo, cada vez que a gente via os colegas, eles paravam para pedir para tirar foto com o Brau e com a Michele. Eu falava: “Gente, sou eu, Lazinho”. É bacana você ter esse retorno de seus companheiros de trabalho. A gente faz para o público, mas é uma alegria quando o colega reconhece o trabalho do amigo de profissão.
Almanaque da Cultura: Pensa em lançar um CD do Mister Brau?
Lázaro Ramos: Nunca pensei. Mas acho bacana que as músicas deveriam ficar disponibilizadas no site do programa para o público baixar. É uma boa ideia. Tem umas músicas que as pessoas me encontram na rua e cantam: “Jacaré, jacaré não come, Jacaré não sabe lê, repetiu de ano, jacaré”. Acho uma gracinha. Pensava que iam cantar “au, au, au, meu no Brau”. Mas o Jacaré está na boca da garotada (risos).
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Almanaque da Cultura: A Michele vai virar uma cantora internacional nessa temporada. Como vai ser isso?
Lázaro Ramos: O Brau como todo personagem é cheio de defeitos. E um deles é o ciúme, inveja, inveja da Michele, que está fazendo sucesso no exterior e ele não está. Claro que ele fica carente com tudo isso. Já que ele é uma criança grande. Está carente por não ver a mulher por muito tempo. Eu acho legal no Brau por isso. A gente gosta, simpatiza. Mas ele é cheio defeitos. Eu acho maravilhoso. Como gosta de dinheiro. Eu nunca vi gente igual. Dinheiro é bom, né?
Almanaque da Cultura: Como essa mudança envolvendo a Michele vai afetar ele?
Lázaro Ramos: Ele vai ficar sem criatividade. A Michele é a musa dele, né? Michele, além de ser empresaria, coreografa, ela é a musa dele.
Almanaque da Cultura: Como é para você esse lado cantor?
Lázaro Ramos: Eu tive a sorte durante a minha carreira de brincar de cantor durante várias vezes. Fiz vários programas no qual eu cantava e me agregaram muito. Eu adoro brincar de cantor. É um lugar que eu gosto muito de estar. Quando eu gravo em um show, com público, eu me arrepio como se fosse um cantor de verdade. Semana que vem, eu sei que irei me emocionar, pois vou cantar como Brau em uma casa de show na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Tenho certeza que vou ficar preocupado de errar a coreografia e tal. Vale ressaltar que as coreografias desse ano estão muito mais difíceis. O coreografo acha que a gente melhorou. Eu piorei. Tive um mês férias e não fiz nada (risos). Tenho certeza que vai ficar lindo.
Almanaque da Cultura: Como está sendo conciliar o espetáculo “O Topo da Montanha”, com a série “Mister Brau”?
Lázaro Ramos: A gente grava “Mister Brau” de segunda-feira até sexta-feira. Às 13h da sexta-feira pegamos o voo e vamos fazer a peça lá em São Paulo. Minha esposa e eu. Domingo, às 20h30, a gente regressa para o Rio de Janeiro. A gente sempre leva as crianças conosco.
Almanaque da Cultura: Seu filho mais velho canta as músicas do seriado?
Lázaro Ramos: A música da abertura ele canta. Ele adora.
Almanaque da Cultura: Nesse ano, o Mister Brau vai aparecer nos programas da Rede Globo?
Lázaro Ramos: Eu adoraria! Mas acho que não vai dar. Essa temporada são mais episódios. E, os ensaios e os clipes estão sendo muito mais elaborados. Tem gente que me pede para eu ir no “Esquenta”, “Domingão”. Não sei de nada ainda. Está tudo muito corrido.
Almanaque da Cultura: Você imaginava o sucesso do seriado fora do Brasil? Além do jornal inglês “The Guardian”, ter comparado vocês ao casal Beyoncé e Jay-Z? Como foi isso?
Lázaro Ramos: Aconteceu uma coisa linda na semana passada. Dois jornais e duas tevês de Angola vieram passar o dia com a gente. Fiquei muito emocionado. Teve uma maratona de Mister Brau lá, na parte da tarde. Passaram todos os episódios. Eu achei incrível! Deu tão certo, que eles estão exibindo o Mister Brau todo dia no horário nobre. Que bacana! Não tinha a menor expectativa disso. Achava que ele seria apenas uma temporada. Tanto é que meu planejamento de vida, era fazer o espetáculo e rodar o Brasil com o espetáculo. Não achava que 2016, estaríamos gravando Brau novamente e fazendo teatro. Enfim! Eu recebi a comparação como uma piada. Eu acho legal, eu acho bacana, a conta bancaria não é a mesma. A gente trabalha muito mais que eles e ganha muito menos (risos).
Almanaque da Cultura: Você acha que um seriado como esse, que tem dois negros como protagonistas, teria espaço em outro momento no Brasil? O que você acha?
Lázaro Ramos: Eu sou meio otimista em relação a isso. Tem varias características do Brau que eu vejo, que qualquer momento ele seria bem aceito. Hoje talvez, pela inserção de negros na televisão, o Brau traz alguns elementos que ajuda a ficar mais forte como está agora. Mas se você prestar atenção, já tivemos alguns seriados com negros, mas sem as características que o Brau tem. Eu acho que o texto ágil em si, agrada muito o público. O Brau bebe disso também. A agilidade de contar história é muito atual para esse mundo que a gente vive. O modelo de comedia que o público brasileiro está consumindo atualmente é o ligeiro. Sem dúvida nenhuma. O elenco em si, claro que agrega ao seriado. Mister Brau é uma família. Isso que eu acho na verdade, que o Brau seja diferente se fosse feito em outras épocas. Eu acho que o Brasil sempre esteve pronto para ver essa família na televisão. Que bom que o público está gostando.
Almanaque da Cultura: A sua dobradinha com a Taís é de sucesso, né? Não tem uma overdose de casal? Um momento só seu?
Lázaro Ramos: Você sabe, que não. Você sabe que 2015 e 2016 foram os anos que a gente menos discutiu, brigou discordou. Acho que porque são anos que a gente está fazendo duas coisas que a gente tem muito orgulho, o projeto de teatro é nosso. Eu dirijo Taís no espetáculo. Eu dirigir a esposa, isso que é mais difícil. Projetos nossos. A gente quer que der certo. E, estão dando, graças a Deus. A Tais já tinha de manter o ambiente de trabalho de uma qualidade saudável. Eu também tenho muito isso. Fica tudo harmônico. Nosso bastidor é muito aconchegante. Costumo dizer que nosso projeto é familiar. Não tem outro nome para si dizer. É uma palavra até meio clichê.
Almanaque da Cultura: Eu assisti ao espetáculo “O Topo da Montanha” e me impressionei muito. Vi ali um Lázaro um tanto dramático. Como é ser elogiado nesse sentido?
Lázaro Ramos: Na verdade, eu vou lhe dizer que eu estou meio acostumado com isso. A minha carreira é meio confusa, né? Se eu for dizer que eu sou um ator de comedia ou um ator de drama, nem eu sei dizer. Fiz todos os gêneros na tevê e na telona. E, agora no teatro. É uma carreira que tem sido muito eclética. Eu acho que é o valor do trabalho do ator também, né? Na época em que eu fazia o Foguinho de Cobras & Lagartos – 2006, as crianças amavam! Era tudo com muito afeto, muito carinho. Achando que eu era o personagem em questão. Quando eu fiz o André Gurgel, de Insensato Coração – 2011, o que eu tomei de bronca de mulher no meio da rua, não está no gibi. Eu acho lindo na verdade. Se eu conseguir ter isso pra sempre em minha carreira, das pessoas acharem sempre que o assunto do meu personagem ou o meu personagem, sou eu. Eu acho que a minha função está cumprida. Acho que o papel do ator é extremamente esse de transportar as pessoas para um mundo de fantasia. Para refletirem e se divertirem. Eu acho legal quando as pessoas que dizem: “Assisto o Brau, acho tão leve”. Se Deus me abençoar, assim será por mais tempo.
Almanaque da Cultura: Esse foi o momento certo de Martin Luther King no teatro?
Lázaro Ramos: A gente estava com esse projeto há dois anos e meio. Nos estávamos com dificuldade de captar dinheiro e tal. Tudo aconteceu em um bom momento. Pra mim, com esse tempo com o texto, me fez como dirigir o espetáculo. Eu não ia dirigir a peça. Nunca pretendi na minha vida, atuar e dirigir um projeto. Acho que faria isso separado. João Falcão ia dirigir a peça e não pode. Tinha três meses para estrear e Tais falou: “Lazaro, dirigi”. Eu comentei que não queria. Ela comentou que eu estava pronto. Quando eu comecei a dirigir, eu vi que todos os assuntos do espetáculo estavam muito atuais. Falar de afeto, de respeito, falar de Martin Luther King, enfim. A história dele conhecem. E tem sido uma grande alegria. Que eu tenho visto que o espetáculo é muito lúdico. No final do espetáculo tem gente soluçando de chorar. A gente só está dizendo: “ame mais, respeite mais, tenha mais afeto pelo próximo”. Estou muito feliz com tudo que vem acontecendo em minha vida.
Almanaque da Cultura: Aconteceu o encontro do Mister Brau com o Carlinhos Brown?
Aconteceu no Carnaval. Vai passar na segunda temporada. Na verdade, eles são inimigos né? O Brau acha que o Carlinhos roubou o nome dele (risos). A gente foi para o bloco do Brown gravar uma música. Gravamos cinco. Ele não deixou a gente sair. Carlinhos Brown adora o programa. Assiste e comenta sempre comigo. Se fosse para comparar o Mister Brau com alguém, eu acho que é um negocio meio Tim Maia. Um negócio meio Jorge Ben. Porque é um estilo de musica que não é muito definido. E que é um artista muito criativo e que gosta de celebrar a vida. Vamos dizer assim. Carlinhos Brown é desafeto de Mister Brau. Briga por nomes. Vão brigar na justiça.
Qual é a essência que você tinha no início de sua carreira que ainda está dentro de si?
Eu respeito muito a minha profissão. Eu aprendi isso lá no teatro na Bahia. Eu escolhi ser ator, não para ser famoso e não para ser rico. Eu achava que ia ser bioquímico, tanto é que meu caminho profissional é esse. Eu fiz vestibular para bioquímica e queria fazer teatro sempre. Porque eu me sinto mais feliz. Eu me comunico com as pessoas. E na época já tirava a minha timidez. Sou respeitado na minha profissão, ganho convite de trabalhos. Mas não esqueço de minha raiz. Eu sou ator por causa do que chega no meu espectador, que chega no meu público, da qualidade em si. E isso vem lá detrás, do meu grupo de teatro de Salvador.