Zeca Camargo saiu do “Fantástico“, mas não ficou parado. Ele agora integra o elenco de apresentadores do programa “É de Casa“. Em conversa com o Almanaque da Cultura, Zeca detalhou sobre o novo desafio de apresentar um programa matinal, porém, não fugiu da pergunta a respeito da polêmica envolvendo o seu comentário sobre a morte do sertanejo Cristiano Araújo.

Almanaque da Cultura: O que mais te encantou para participar desse projeto?
Zeca Camargo: O que mais me encantou nesse projeto foi por ser exibido ao vivo. Gosto dessa troca imediata. Eu fiz 17 anos de “Fantástico” ao vivo e estava com saudade disso. Eu acho esse programa muito parecido com o “Fantástico”. Tudo muito dinâmico. Além de ser um projeto que irá falar com um novo público. Aquele que não tinha uma opção de programa “família” durante as manhãs de sábado. Fiquei muito feliz com o convite do Boninho. Aceitei na hora.

Almanaque da Cultura: Como serão as escalas de apresentação?
Zeca Camargo: Eu faço o primeiro e o segundo. Mas, não tem uma escala até o final do ano. Isso vai muito do que cada um irá fazer.

Almanaque da Cultura: No programa, você vai pilotar o fogão?
Zeca Camargo: Sim! Vou fazer comida, as coisas que eu faço em casa. Eu sou autodidata. Aprendi a cozinhar sozinho. Eu sou de uma família mineira e passei muitas horas no fogão de lenha da minha avó. Mas, sabe que eu aprendi muita coisa com o Jamie Oliver (chef de cozinha e personalidade televisiva do Reino Unido). Eu olhava os vídeos dele e falava: “é muito fácil!”. Acabei aprendendo a fazer bastante coisa.

Almanaque da Cultura: O programa terá temas polêmicos?
Zeca Camargo: No programa a gente vai ter momentos em que vai discordar de coisas, a gente vai chamar as pessoas para debaterem o assunto, vai falar de temas difíceis. Se a gente falar de família, vai falar de conflito, tratar de temas polêmicos, como gravidez na adolescência, namorado da filha dormir em casa, assédio do padrasto à enteada. Coisas que serão tratadas com a leveza do horário, é muito importante, mas se está no círculo da família. No piloto a gente discutiu a maioridade penal, é possível fazer isso sem o peso de um debate do canal a cabo, com um filtro razoável para as pessoas de casa não se afastarem achando que não tem nada a ver com a vida delas. Essa linha muito fina que graças a Deus o “Fantástico” me deu. Eu gosto de achar que é um “Fantástico” light no sábado de manhã. A gente quer que o pessoal de casa possa debater e chegar às próprias conclusões ao invés de colocar um especialista para dar a palavra final que vira regra. Ainda bem que é ao vivo! Eu adoro ao vivo!

Almanaque da Cultura: Se acontecer algo de relevância durante o programa, você irá noticiar o fato ou serão noticiados pelos outros apresentadores?
Zeca Camargo: Eu acho que todo mundo vai participar, nessa simbiose que a gente está fazendo talvez não sejam elas que deem a notícia, mas elas vão opinar. E talvez reajam muito como uma pessoa que está em casa, fazendo as perguntas que o público faria. Quem não está no papel de dar a notícia vai reagir a ela.

Almanaque da Cultura: Durante a sua participação no “Vídeo Show” você deu mais uma volta ao mundo. Qual foi o país que você mais se identificou?
Zeca Camargo: A Índia! Eu amo aquele lugar. Visitei Bollywood (indústria de cinema de língua hindi, a maior indústria de cinema indiana, em termos de lucros e popularidade a nível nacional e internacional). Eu chego na Índia e falo que sou indiano (risos). Em uma das matérias na India, eu conversei com um galã de lá e comentei que ele era o meu sósia (risos). Poderíamos ser dublê um do outro (risos). O narigão e tal (risos). Eu amo a bagunça da Índia.

Almanaque da Cultura: De todos os lugares que você visitou durante o “Vídeo Show”, qual a comparação que você faz das novelas de lá com as nossas produzidas aqui?
Zeca Camargo: É muito diferente! É incrível a diversidade das produções mundiais. Durante as reportagens, eu vi muita coisa boa. Mas, vi muita coisa trash. As novelas coreanas são fraquíssimas. Um roteiro muito raso. Tipo assim: “eu te amo, eu também te amo!”. A repercussão das novelas brasileira lá fora é algo sensacional. No México, “Avenida Brasil” fez um baita sucesso. Fiz uma matéria do último capitulo de “Avenida Brasil”, na Argentina, fiquei impressionado com a comoção do público. Gosto muito das novelas mexicanas. Eles são profissionais demais. Eu acompanhei uma gravação de uma trama mexicana e babei no diretor. Sensacional! Depois disso, eu reveria o termo pejorativo de “novela mexicana”. Tem coisa muito boa. Adorei conhecer as novelas de outros países.

“Essa polêmica em nada afetou o carinho, a dedicação, as reuniões e as gravações que acontecem aqui no programa. Isso tudo aconteceu numa paralela”

Almanaque da Cultura: As críticas negativas envolvendo o seu comentário sobre a morte do sertanejo Cristiano Araújo afetaram o andamento do programa “É de Casa”?
Zeca Camargo: Essa polêmica em nada afetou o carinho, a dedicação, as reuniões e as gravações que acontecem aqui no programa. Isso tudo aconteceu numa paralela. Se você não esperasse isso, você não seria jornalista. Eu fui convidado a fazer uma crônica, e a própria definição de crônica implica ter uma opinião. Senão, seria uma reportagem. E aí, como qualquer crônica que eu leio em sites, blogs, jornais, rádio, você pode concordar ou discordar. Tem um monte de gente que ficou contra você e tem um monte de gente que ficou a favor também. Só aplaudo viver numa época em que as pessoas dão e trocam opinião. Eu seria o primeiro a cair em contradição se ficasse chateado, se eu negasse ou condenasse isso. Acho um privilégio, e felizmente nem todas as opiniões são iguais à sua. Estimulo isso, e como jornalista acho que você tem que chamar pra discussão sempre. Aí você avalia o que ficou disso tudo. Pra mim, nesse caso, o saldo foi positivo, como se fosse uma ágora, um espaço onde todo mundo pode dar sua opinião. Eu disse a minha opinião. Você me pergunta se eu fiquei assustado? Não. Se eu negasse o direito de as pessoas darem a opinião delas, eu estaria negando o que eu escrevi. Beleza, abre debates.