O 1º Forum de Educação da 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro aconteceu nesta sexta-feira, 4 de setembro. O primeiro convidado do evento foi um dos principais autores brasileiros de literatura infanto-juvenil, Pedro Bandeira. O escritor participou da apresentação “Literatura e Letramento: O Prazer de Aprender” e, de forma divertida e ao mesmo tempo profunda, deu uma grande aula aos presentes.
O autor começou sua explanação relembrando como era o ensino desde a época do Império no Brasil chegando até o momento atual, a respeito do qual deu uma declaração entusiasta e veemente de como os profissionais da educação precisam se portar. “Nós não podemos colocar esta crise dentro de nós. Temos de continuar a lutar pela formação desse Brasil que está nas nossas mãos. O país estará na mão deles. Não é você que está em crise. O Brasil teve 308 anos de um colônia absurda, exploradora, onde tudo era destruído. Nascemos na crise”, analisou.
Pedro Bandeira na Bienal do Livro (Foto: Pedro Diego Rocha/Hipermídia Comunicação)
Pedro analisou o papel do professor como educador em si nos dias atuais. “Adaptarmos aos novos métodos significa parar de sermos os professores chatos que faz discurso. Temos de ser o orientador que permite que o aluno corra atrás do conhecimento”, disse ele, explicando que deve-se, por exemplo, ajudar ao aluno buscar uma palavra que ele não saiba como escrever no dicionário, do que simplesmente solucionar a dúvida.
“Não adianta você dar as respostas, ele não vai te ter o tempo todo do lado dele. Uma hora você vai ter de soltar a mão. Temos de fazê-los ler sem parar. Ler, ler, ler. Treinar em redação o tempo todo”, explica o escritor. Com exemplo incomuns, ele ensina como aplicar a metodologia de aumento na produção textual.
“A classe está em bagunça, você entra na sala e diz ‘Atenção, classe, é permitido conversar, mas por escrito, por bilhete”. Eles vão compor e vão caprichar mais do que para o professor, porque os alunos são cruéis”, comenta Pedro, com um explicação toda teatral, sobre as brincadeiras que eles fazem entre si quando alguém erra algo. “Eles têm de escrever sem parar, assim como os nadadores o fazem para se aprimorarem”. Bandeira também indica versos curtos, letras de canção para auxiliar no aprendizado de alunos fracos, pois é de mais fácil assimilação por conta da respiração, que ajuda na memorização de informações.
Pedro Bandeira na Bienal do Livro (Foto: Pedro Diego Rocha/Hipermídia Comunicação)
“Temos que seduzir os alunos (despertando o interesse em aprender). Conhecimento é gostoso. Ele tem de entender isso. Saber é gostoso, chato é ser burro”, comenta o educador, sentindo-se à vontade, solto, como se estivesse em casa, ou até em uma sala de aula.
O escritor, que já vendeu mais de 30 milhões de livros, deu dicas até de como os professores devem agir em determinado ato da rotina profissional. “Quem tem de trabalhar e praticar bastante é o aluno, não o professor”, ele falou, a respeito de profissionais que perdem seus fins de semanas corrigindo provas e mais provas. “Não leiam só livros infantis, leiam sobre literatura adulto. Vão ao cinema, visitem gente. E deem atenção aos seus maridos e esposas”.
Pedro terminou sua apresentação contando uma história do personagem Pedro Malasartes, com mais de oito minutos, toda em versos e rimas, sem perder o ritmo nem a animação. Ao final ainda pediu aplausos, quem ele recebeu por muitos minutos. A participação do escritor no Fórum de Educação foi uma experiência de vida.