O médico retratado em “Fuocoammare”, filme vencedor do Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim, Pietro Bartolo, disse, em entrevista à ANSA, que o documentário será levado a Lampedusa no começo desta semana. “Não existe cinema em Lampedusa, mas tentaremos organizar uma projeção especial, para que a população possa ver este belíssimo filme”, acrescentou. O grande vencedor do Festival de Cinema de Berlim foi o documentário “Fuocoammare”, de Gianfranco Rosi. A obra, exibida em meio à maior crise imigratória das últimas décadas na Europa, retrata o tema sob o ponto de vista dos habitantes de Lampedusa.

Dona de praias paradisíacas, a ilha de Lampedusa é um famoso destino de verão, porém, por estar mais perto da África do que da Itália continental, é também uma das principais portas de entrada para solicitantes de refúgio na União Europeia (UE). Frequentemente, embarcações clandestinas repletas de pessoas naufragam em suas águas e causam grandes tragédias, como a de 3 de outubro de 2013, que fez 368 vítimas. Rosi, que em 2013 levou o Leão de Ouro de Veneza pelo filme “Sacro GRA”, dedicou o prêmio aos habitantes de Lampedusa, que “estão sempre abertos a receber quem chega lá”. “Não é aceitável que pessoas morram no mar por escapar de tragédias”, concluiu.

É a primeira vez em cerca de seis décadas que um documentário leva o maior prêmio da Berlinale O Grande Prêmio do júri foi para “Morte em Sarajevo”, uma produção da Bósnia. O Brasil foi representado na mostra paralela à competição oficial “Panorama” com os filmes “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, “Antes o Tempo Não Acabava”, de Sergio Andrade e Fábio Baldo, e “Curumim”, de Marcos Prado, mas nenhuma das obras foi premiada. “Mãe Só Há Uma” recebeu menção na mostra Teddy, voltada a temas LGBTT.

A seguir, a lista dos ganhadores nas principais categorias do Festival de cinema de Berlim:

– Urso de Ouro de Melhor filme – “Fuocoammare”, Gianfranco Rossi (Itália/França)
– Grande Prêmio do Júri (Urso de Prata) – “Morte em Sarajevo” (Smrt u Sarajevu), Danis Tanovic (França/Bósnia)
– Prêmio Alfred Bauer (Urso de Prata a longa-metragem com novas perspectivas) – “Hele Sa Hiwagang Hapis” (A Lullaby to the Sorrowful Mistery), Lav Diaz (Filipinas)
– Urso de Prata de Melhor Atriz – Mia Hansen-Love, “L’Avenir” (França/Alemanha)
– Urso de Prata de Melhor Ator – Majd Mastoura, “Hédi” (Tunísia)
– Urso de Prata de Melhor Roteiro – Tomasz Wasilewski, “United States of Love” (Zjednoczone stany milosci), (Polônia/Suécia)
– Urso de Prata de contribuição artística – Mark Lee Ping-Bing, câmera em “Crosscurrent” (Chang Jiang Tu), de Yang Chao (China)
– Melhor filme de estreia – “Hédi”, Mohamed Ben Attia (Tunísia)
– Urso de Ouro de melhor curta-metragem – “Balada de um Batráquio”, Leonor Teles (Portugal)
– Mostra Panorama (Prêmio do Público) – “Junction 48”, Udi Aloni (Israel)