“Igualdade”, “Lágrimas e Proteção da Flora”, “Proteção da Fauna”, “Aconchego”, “Amor e Cuidado”, “Olhares”, “Abraço” e “Menino da Candelária” são algumas das telas da recém-aberta exposição “Sagrado Primitivo – O Intermédio de dois Mundos”, do artista plástico Geraldo Lacerdine, reconhecido no ambiente cultural nacional e internacional, com produções e exposições de arte no Brasil, na Itália, na Polônia e nos Estados Unidos. A mostra, com entrada franca, está no Museu Arquidiocesano de Arte Sacra (MAAS), do Rio de Janeiro, até o dia 7 de maio de 2019.
As pinturas de Lacerdine costumam emocionar o público por retratarem temas ligados à Arte Sacra inclusiva. “Percebi na Arte Sacra brasileira uma tendência muito forte de produções que não incluem várias imagens do povo brasileiro, seguindo o padrão eurocêntrico, figuras brancas dos olhos azuis. Ao notar a desigualdade da produção, surgiu a ideia de quebrar este padrão e incluir pessoas que não são representadas, como os negros, idosos e indígenas e também colocar a imagem feminina mais presente. As pinturas são janelas para uma observação social e cultural muito profunda e a possibilidade de se encontrar com o povo brasileiro, com a cultura brasileira, numa produção de arte sacra”, explica o artista, que tem formação em filosofia, com ênfase em arte, e teologia e que, por 20 anos, foi jesuíta, tendo largado a batina para se dedicar integralmente a arte em dezembro de 2017.
A figura feminina tem destaque na mostra em várias telas, como “Eva”, “Dona Hermínia”, “Madalena” e “Mãe Negra”. “Na tela Espírito de Deus a imagem é feminina. E tem uma fundamentação bíblica, porque a palavra espírito de Deus quando aparece nos textos sagrados em hebraico pode ter os dois gêneros, feminino e masculino. Na minha pesquisa teológica o espírito santo combina muito mais com o gênero feminino, que gera a vida, que anima e dá força”, conta Lacerdine.
A mostra reúne 27 quadros de acrílica sobre tela, com aplicação de folha de ouro, em sua maioria de tamanhos gigantes – o maior, “Sagrado Coração”, tem 3m x 6m -, que retratam a inclusão social, a diversidade, a igualdade, e a defesa dos direitos humanos. O trabalho de Lacerdine sempre esteve relacionado a questões de caráter e relevância social, no embate contra a exclusão, o preconceito, a discriminação, a exploração cultural e intelectual.
“Menino da Candelária”
Outra tela em destaque é a “Menino da Candelária”, no tamanho de 1m64 x 2m, pintada pelo artista especialmente para a mostra no MAAS, uma homenagem ao ocorrido em 1993, quando oito meninos de rua, que dormiam em frente à Igreja da Candelária, foram mortos a tiros. A tela será doada ao acervo do Museu. “A obra foi uma inspiração ao visitar a Igreja da Candelária. Pensei na angústia daquelas crianças vivendo na rua e também pensei na chacina. Fiquei com as imagens na cabeça e nasceu a tela: um menino nu, com cachorrinho nos pés e asas douradas incríveis para mostrar como o sagrado está presente na angustia e no sofrimento humano”, diz o artista.
Livro “Sagrado Primitivo”
A mostra é acompanhada pelo livro “Sagrado Primitivo”, com as imagens das telas e texto de autoria do escritor mineiro André Araújo. Aos interessados, o livro também está sendo vendido no MAAS pelo valor de R$ 15, uma boa opção de presente nesse Natal para quem admira a arte.
“Sagrado Primitivo: O intermédio de dois mundos”
Data: até o dia 7 de maio de 2019
Horários: quarta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 16h; sábados e domingos, das 9h às 12h
Local: Museu Arquidiocesano de Arte Sacra (MAAS) – Av. República do Chile, 245 (subsolo) – Centro – Rio de Janeiro – (21) 2240-2869 | (21) 2262-1797
Ingresso: entrada franca
Informações: site oficial | Facebook | Instagram