Pela sexta vez em oito anos o Museu do Pontal, no Recreio, Zona Oeste do Rio, sofre com inundações em sua sede. Após a tempestade que ocorreu no dia 9 de abril na cidade, cerca de 300 obras foram retiradas em um delicado trabalho de sua manipulação.
A inundação é resultado da urbanização no entorno da sede do Museu Casa do Pontal nos últimos anos, por conta da impermeabilização do solo da região para construção de um megacondomínio na região. Com as obras, o terreno onde o Museu está localizado ficou abaixo da cota das novas ruas.
“Mesmo com um plano de emergência – comportas para evitar inundação, bombas para a retirada da água e gerador para que o plano possa ser efetuado apesar da falta de luz – as enchentes têm ocorrido em situações até de chuvas moderadas”, explica Lucas Van de Beuque.
Um estudo da COPPE/UFRJ realizado em 2014 recomendou mudança da sede do Museu com a construção de uma nova edificação em outro terreno para a segurança das cerca de 10 mil obras do mais importante acervo de arte popular do Brasil, parte dele tombada em 1991.
A Prefeitura já reconheceu em 2016 sua responsabilidade na questão, cedeu um terreno na Barra da Tijuca e garantiu recursos para a construção de uma nova sede. Esta verba seria repassada pela empresa Calper, que estava em dívida com a Prefeitura. As obras começaram em junho de 2016 e estavam previstas para terminar em julho de 2017.
No entanto, o não cumprimento do contrato por parte da construtora Calper – somado ao descaso da Prefeitura que não renovou o seguro da obra – paralisou o trabalho há mais de 20 meses.
A Prefeitura está acionando a Calper na justiça e já se comprometeu a retomara as obras. Só faltam cinco meses de obra. A Prefeitura já está com a licitação pronta na RioUrbe e só falta o Prefeito da cidade autorizar a execução da obra.
“Já temos 70% da sede nova construída, faltam 30%, isso é muito pouco. Este acervo guarda a preciosa história da arte popular do país. Não se pode abrir mão deste patrimônio e de nossa identidade brasileira e nos deixarmos imobilizar. O momento é crítico, uma verdadeira emergência!”, destaca Angela Mascelani.