O lançamento do edital Prêmio de Cultura Afro-Fluminense, uma parceria da Secretaria de Estado de Cultura com o Governo Federal, através da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), foi festejado nesta segunda-feira, 10 de agosto, com música e dança no Terreiro Ilê Omolu Oxum, de Mãe Meninazinha de Oxum, em São João de Meriti, referência da tradição e resistência da cultura afro-brasileira.

O edital, cujas inscrições estão abertas a partir dessa terça-feira, 11 de agosto, irá premiar 32 iniciativas culturais relacionadas diretamente à temática afro-brasileira realizadas por instituições privadas sem fins lucrativos, sediadas no Estado do Rio de Janeiro, atuantes no campo da cultura fluminense há pelo menos três anos. São instituições de povos e comunidades de matriz africana, quilombos e terreiros, e de grupos que mantém a tradição de manifestações como afoxé, capoeira, jongo e folias de reis, que tenham produzido atividades como celebrações, festivais, exposições, saraus, desfiles, cortejos, práticas de cultivo de ervas e plantas medicinais, artes cênicas, rodas, memória e oralidade.

Os interessados em participar do edital deverão destacar seus projetos de excelência e incluir na documentação o histórico da instituição e sua trajetória. O recurso total disponível é de R$ 777.800. As inscrições podem ser feitas até 23 de setembro, através do site da Secretaria da Cultura.

 Na segunda-feira, a Casa de Mãe Meninazinha ficou repleta de representantes da cultura afro vindos de diversas localidades do estado. A cerimônia teve início com a música dos grupos Ojuobá e Axé Filhos e  Filhas de Gandhi. Na ocasião, a exaltação à importância da preservação de todas as tradições culturais e religiosas do país foi ressaltada.

“Estamos todos encharcados de amor, carinho, solidariedade, arte, cultura, de respeito ao outro. Viemos celebrar, dizer para todo mundo que estamos todos juntos, que todas as manifestações artístico-culturais são igualmente importantes. No domingo, estávamos comemorando O Dia Internacional da Cultura Indígena, que também é uma cultura completamente relegada. Somos todos, aqui neste país, frutos da cultura afro, frutos da cultura indígena, somos esta grande mistura. É disto que a gente tem que cuidar e  trabalhar de forma colaborativa”, disse a secretária de Estado de Cultura, Eva Doris Rosental.

O repúdio à intolerância foi um dos pontos levantados por Mãe Nilcenaira, Iya Egbe do terreiro, que significa Mãe Sociedade (relativo a ações administrativas da casa). O Ilê Omolu Oxum iniciou suas atividades em 1968 e, a partir de 2009, transformou-se em um dos 196 Pontos de Cultura conveniados com a Secretaria de Estado de Cultura.

“O Ilê Omolu Oxum está feliz com este lançamento em nossa casa, porque são tão poucos os editais específicos para o nosso povo. Quando acontece, é uma felicidade imensa. Espero que realmente este edital sirva de exemplo para outras secretarias de outros estados. A intolerância religiosa e o desrespeito são nosso grande desafio. Muitas vezes não conseguimos avançar como queremos, por conta do desrespeito e da intolerância. Por isso não podemos deixar de nos mobilizar em torno das oportunidades de participação na sociedade”, afirmou Mãe Nilcenaira.

Finalizando a celebração, Mãe Meninazinha de Oxum, a anfitriã, agradeceu a presença de todos. “Este é mesmo um momento muito importante para nossa religião e para nossa cultura”, disse Mãe Meninazinha de Oxum.