Nesta sexta-feira, 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra no Brasil. A data foi escolhida para homenagear Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes da resistência negra que o país já teve. Muito embora a temática seja lembrada neste dia, a questão de respeito ao negro deve fazer parte da vida dos brasileiros, uma vez que somos um povo miscigenado e grande parte das nossas manifestações culturais é de origem africana, entre tantos outros aspectos. Por isso, o Almanaque da Cultura resolveu criar esta lista para celebrar não só este dia 20 de novembro, mas destacar a importância de todo este cenário.
O brasileiro deve mais ao negro do que qualquer outro tipo de relação na história mundial. Se hoje temos samba, Carnaval, frevo, capoeira e tantas outros elementos culturais, é graças as contribuições deste povo. Por isso, é inadmissível ver declarações preconceituosas contra quem quer seja em pleno 2015, famoso ou anônimo. Separamos algumas produções de cinema e televisão que falam da questão racial de diferentes formas para refletir sobre o assunto.
Esta lista podia ser bem maior. São inúmeros os filmes e produções que falam do racismo. Espera-se que um dia, este tipo de discriminação possa não ter mais vez na cabeça das pessoas e que o tema não seja só lembrado no Dia da Consciência Negra. A consciência negra é todo dia.
“Todo Mundo Odeia o Chris” (Everybody hates Chris)
Seriado de humor norte-americano que contou sobre a vida do comediante Chris Rock, em Bedford-Stuyvesant, bairro central do Brooklyn, na Cidade de Nova Iorque, nos anos 80. Com quatro temporadas, mostrava o dia a dia de uma família que tentava viver e sobreviver às adversidades, falta de dinheiro, entre outras questões. Seu pai Julius, que tinha dois empregos; sua mãe Rochelle, atualmente rígida e seus irmãos Drew e Tonya faziam parte do elenco. O preconceito (fosse ele racial, social, institucional, bullying) estava presente em quase todos os episódios e era abordado de forma engraçada (por se tratar de uma série de humor e fazer parte do contexto).
“Django Livre” (Django Unchained)
Lançado em 2013 e com uma história que se passa em 1858, bem na era da escravidão americana, este filme fala de um escravo chamado Django Freeman (Jamie Foxx), que se encontra com o caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz). Este o liberta e resolve lhe ensinar seus talentos, sem ligar para qualquer questão racial. Ele ajuda ao protagonista a se unir com sua esposa, a escrava Broomhilda (Kerry Washington). O longa de Quentin Tarantino recebeu uma enxurrada de críticas, até de diretores renomados, pelo linguajar usado para se referir aos personagens negros, pelas cenas bem pesadas (até de morte, muita violência e torturas) e por fazer tratar o assunto do racismo como um produto da indústria cultural. O diretor defendeu-se na época, em diversas entrevistas, dizendo que o filme era provocativo e inovador. Vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões.
“How to Get Away with Murder”
Série norte-americana exibida desde 2014, traz a atriz Viola Davis como a professora de Direito Penal Annalise Keating, que ministra aulas na Universidade de Middleton, na Filadélfia. Tem vida profissional, tem amante, alunos trabalhando com ela em seu escritório, tem assassinato e sucesso com o público. Porém, não é pela série em si que resolvemos citá-la e, sim, por um discurso maravilhoso, quase impossível de ser assistido sem encher os olhos de lágrimas de Viola, ao receber o prêmio de “Melhor Atriz em Série de Drama” no Emmy deste ano e falar de preconceito racial. Ela foi a primeira mulher negra a ganhar esta premiação.
“A Cor Púrpura” (The Color Purple)
Drama norte-americano, de 1985, tem direção do renomado Steven Spielberg e é baseado no romance de Alice Walker. Ambas as obras falam de preconceito racial e sexual, além da situação de vida precária dos negros, nos Estado Unidos, em 1909. Passa-se em Georgia, Estados Unidos. Celie (Whoopi Goldberg), de 14 anos, violentada pelo pai, torna-se mãe de duas crianças, fica estéril, é vendida para Mister (Danny Glover) e acaba como escrava, separada de sua irmã, a quem muito ama. É a força das mulheres neste filme que mostra como elas são capazes de vencer o preconceito racial e a misoginia.
“12 Anos de Escravidão” (12 Years a Slave)
Um projeto de 2014 que retrata de forma forte e direta o racismo e passado na época de escravidão nos Estados Unidos. Chocou a todos por mostrar toda a violência e maldade, uma vez que é baseado em fatos reais. Conta a história de Solomon Northup, vivido por Chiwetel Ejiofor, homem que é livre e acaba sequestrado. Forçado a se tornar escravo por 12 anos, até conseguir ser solto, sendo ajudado por um advogado, ele se vê obrigado a fazer diversas coisas, inclusive chicotear e maltratar a jovem escrava Patsey, interpretada por Lupita Nyong’o. “12 Anos de Escravidão” ganhou os Oscars de “Melhor Filme,” “Melhor Roteiro Adaptado” e Lupita ganhou o de “Melhor Atriz Coadjuvante”. Em um evento organizado pela revista Essence três dias antes do Oscar de 2014, chamado “7º Essence Black Women in Hollywood”, Lupita fez um discurso bastante emocionante sobre aceitação e preconceito.