A noite de reabertura do Cine Odeon, que agora tem função também de Centro Cultural, recebeu, nessa quarta-feira, 20 de maio, a pré-estreia do filme “O Vendedor de Passados”, do diretor Lula Buarque de Hollanda. A história é baseada em um livro do autor angolano José Eduardo Agualusa e fala de Vicente, que tem um trabalho diferente, ao vender passados para quem quer mudar sua história de vida.
A obra apresenta Lázaro Ramos como protagonista e, durante o evento, o Almanaque da Cultura bateu um papo com o ator. Sobre “O Vendedor de Passados” a resposta é rápida: “É um filme que fala sobre memória, identidade, brinca com gêneros. Traz um pouco de suspense, romance e comédia e é um pouco diferente do que o público brasileiro está acostumado a receber”.
Porém, a sua própria trajetória durante a trama é alterada ao conhecer Clara (Alinne Moraes), que tem uma proposta inusitada: ter seu passado recriado, mas sem precisar dar qualquer informação sobre ele. E ainda ter cometido um crime.
Lázaro conta ter sido convidado por Lula em 2011, quando o roteiro estava em preparação, e já conhecia o texto e o adorava. “Fiquei surpreso com o convite, pois, no livro, o personagem é albino. E ele disse que queria fazer uma história próxima da nossa realidade com as nossas questões”. O ator conta ter ficado muito feliz, pelo personagem ser diferente e ser um gênero que ele nunca havia feito.
Sério ou engraçado, nada muda
E se tratando de atuação, ele mostra seu jogo de cintura (afinal são 36 anos de idade, 17 anos de carreira e 24 filmes, fora as novelas, seriados, filmes dirigidos e os inúmeros prêmios que recebeu). Ao ser questionado se há mudança na preparação para um papel cômico ou mais sóbrio, Lázaro se surpreendeu.
“Caramba, que pergunta difícil. Eu procuro, inclusive, não pensar, na hora em que estou fazendo na diferença de um personagem sério ou engraçado”. E ainda cita uma célebre atuação sua como exemplo.
“O Foguinho (protagonista de ‘Cobras e Lagartos’, novela de 2006), que é um personagem considerado sério Nas cenas em que a escrita dizia para ele ser bonzinho, eu o fazia como se fosse drama. Eu invertia a lógica. Acho que o importante é você ser o mais sincero e verdadeiro possível”, revelou o artista.
A história profissional de Lázaro se mistura com o do Odeon. Ele relatou que a primeira vez na qual se viu em um cinema de rua como ator foi nesse espaço, em “Madame Satã”, de 2003. E disse estar privilegiado de ter participado da reabertura do local. Lázaro estava especialmente feliz e empolgado naquela noite. Em seu primeiro drama no cinema brasileiro.