“Parasita”, recebeu na noite da ultima quarta feira o prêmio do público da 43ª Mostra Internacional de Cinema. Dirigido por Bong Joon Ho, o filme que levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2019 por decisão unanime do Júri, estreia no Brasil dia 7 de novembro, com distribuição da Pandora Filmes em pareceria com a Alpha Filmes. “Parasita” também foi o selecionado pela Coreia do Sul para concorrer a uma indicação na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar® 2020.
Na trama, todos os membros de uma família estão desempregados e vivendo na miséria. Até que o filho mais velho arruma emprego como professor de uma garota rica e o contato dessas pessoas com a vida de luxo e glamour as leva a fazer o necessário para ascenderem socialmente.
Assim como nos longas anteriores do diretor, a crítica social está presente em “Parasita”, desta vez ainda mais forte ao questionar o estado da sociedade atual e a impossibilidade de pessoas de diferentes classes viverem juntas em um relacionamento simbiótico. E é a partir dessa premissa que Joon Ho definiu o título do filme: “há pessoas que esperam viver com outras de uma forma coexistente, mas isso não funciona, então elas são empurradas para uma relação parasitária. É um título irônico”, diz.
As duas famílias nesta história têm algumas coisas em comum, sendo ambas compostas por quatro membros, com um filho e uma filha. Mas, em suas vidas cotidianas, ocupam dois extremos completamente diferentes. Joon Ho define esses dois núcleos: “os Kim são uma família de classe baixa que vive num apartamento no subsolo, com apenas a esperança de uma vida comum. O pai falhou nos negócios, a mãe sonhava ser atleta e nunca conseguiu e o filho e a filha tentaram entrar para a universidade diversas vezes sem sucesso. Em contraste, a família do Sr. Park, que trabalha como CEO de uma empresa de TI e é workaholic. Ele tem uma bela e jovem esposa, uma linda filha no Ensino Médio e o filho pequeno. Eles podem ser vistos como uma família ideal de quatro membros entre a elite urbana moderna”.
Com “Parasita”, o diretor quis retratar a contínua polarização e desigualdade da sociedade. “Estamos vivendo uma época em que o capitalismo é a ordem reinante e não temos alternativa. Isso no mundo inteiro. Na sociedade capitalista de hoje, existem castas que são invisíveis aos olhos. Nós tratamos as hierarquias de classe como uma relíquia do passado, mas a realidade é que ainda existem e não podem ser ultrapassadas”, explica.
O filme é em partes engraçado, assustador e triste e mostra as inevitáveis rachaduras que aparecem quando duas classes se enfrentam na sociedade cada vez mais polarizada de hoje. “Parasita” leva o público a pensar. Um dos longas mais aclamados do ano, exibido em dezenas de Festivais, e uma aposta certa na temporada de premiações em 2020.