‘Quero abrir discussões’ diz diretora de ‘Que Horas Ela Volta’ sobre domésticas

Em cartaz em mais de 16 salas de cinema de São Paulo e Rio de Janeiro após temporada na França e nos Estados Unidos, o filme “Que Horas Ela Volta” já é um sério candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Dirigido por Anna Muylaert, o longa já foi premiado no Festival de Sundance, nos Estados Unidos.

Em conversa com o Almanaque da Cultura, a diretora da obra disse que não pretende levantar bandeiras sobre a causa das empregadas domésticas, “mas sim, apenas abrir discussões”, sobre o tema.

Almanaque da Cultura: Como se deu seu envolvimento com o cinema, da época da TV Cultura até aqui?
Anna Muylaert: Sempre gostei de cinema, muito antes da época da TV cultura. Comecei com 13 anos no Cine Bijou. A TV Cultura foi um momento de descoberta das questões da dramaturgia. Desde então continuo apaixonada.

Almanaque da Cultura: Como foi dirigir “Que Horas Ela Volta” e a escolha de Regina Casé para o elenco?
Anna Mulaert: Sou totalmente envolvida com cinema. Trabalho nisso ha 25 anos, criei dois filhos escrevendo e dirigindo cinema e televisão. Eu sou fã da Regina há muito tempo. Quando cheguei nesse roteiro logo pensei nela. E ela , assim que leu, disse que ia fazer.

Almanaque da Cultura: O que busca com este filme? Quer “erguer bandeiras” sobre a questão das empregadas domésticas?
Anna Muylaert: Dirigir esse filme não foi fácil. Apesar de parecer uma produção simples, foi na verdade bem complexa. Não busco erguer bandeiras, apenas abrir discussões.

Almanaque da Cultura: Por que acredita que o filme tem sido tão bem recebido fora do Brasil?
Anna Muylaert: Porque o filme abre discussões amplas e as pessoas estão sedentas por ideias. O mundo precisa sempre estar se atualizando. O filme foi super bem recebido. Tivemos debates quentes e inteligentes. Vendemos para mais de 25 países. Não poderia ter sido melhor recebido.

Almanaque da Cultura: Seu filme vai concorrer ao próximo Oscar?
Anna Muylaert: Sim há um movimento oficial quanto a isso. Nos inscrevemos na Ancine. Fora isso é tudo especulação.

Almanaque da Cultura: Como vê o cenário do cinema nacional atual?
Anna Muylaert: Muitos filmes sendo produzidos, poucos filmes bons. Sou entre uma pessoa que estuda cinema e o frequenta, mas agora cada vez mais seletiva. No momento não sei o que esperar. Estou muito cansada. Quero descansar!