Com mais de 50 anos de carreira e muitos trabalhos marcantes, surpreende constatar que Susana Vieira, até 2012, tinha apenas cinco filmes no currículo. Desde então, porém, a atriz vem apostando com mais frequência no cinema. Há três anos, participou da comédia “Os Penetras”, protagonizada por Marcelo Adnet. Em 2015, está em dois longas que chegam ao circuito: “Sorria, você está sendo filmado” e “Linda de Morrer”.
No primeiro, vive uma ex-atriz que não esquece os dias de glória. No outro, interpreta uma mãe de santo. Nesta entrevista, ela elogia os colegas de elenco em “Sorria” por fazerem um humor espontâneo e não-apelativo, diz que sua personagem é uma pessoa simples e muito diferente de todas as outras que interpretou e agradece ao diretor Daniel Filho o convite para a empreitada: “Eu me senti uma eleita”.
Você e Daniel já trabalharam juntos em grandes produções. Como foi receber o convite para “Sorria”?
Foi uma alegria receber o convite para este filme porque, além de ser um convite do Daniel Filho, sabíamos que seria uma experiência nova. Como o Daniel sempre consegue dar uma cara nova a tudo o que faz, queria ver o que o que ele tinha para nos oferecer depois de tantos anos de trabalho juntos. E, como sempre, foi uma surpresa agradabilíssima. Sei que ele convidou um elenco pequeno e que deve ter pensado com o coração na hora de escolher essas pessoas. Como era uma experiência nova (um filme rodado de uma única vez, como em uma peça de teatro), tinha que ser uma coisa prazerosa em todos os sentidos. Eu me senti uma eleita pelo Daniel Filho.
Este projeto teve um resultado especial?
O resultado final foi uma das coisas que mais me fascinaram. Mais ou menos há um mês, o Daniel me convidou para assistir ao filme e eu o fiz como uma expectadora de cinema. Esqueci quem era o elenco, esqueci que eu estava em cena e fiquei fascinada, encantada. Nunca vi tantas pessoas demonstrarem em uma hora e meia tanto talento em frases curtas. Ninguém faz piada ou dá cambalhota, mas o humor de cada personagem e o talento para a comédia de cada um de nós me deixou pasma. Não podia imaginar aquele resultado.
Você interpreta a Vera Teles, uma atriz que trabalhou na Globo e guarda muitas lembranças da época de fama. Ela é muito diferente das personagens que você já fez? Por quê?
A verdade é que a Vera Teles não é uma atriz que trabalhou na Globo e foi jogada de lado. Ela deve ter feito um papelzinho aqui, uma figuração ali. Deve ter ficado com a mágoa ou esperança de que, algum dia, ela ainda vai ser descoberta ou lembrada porque diz que é amiga de Regina Duarte. Ela é muito diferente de todas as personagens que eu fiz. É uma pessoa muito comum, a esposa de um síndico em um prédio em Copacabana. Então, a postura dela é diferente, o tipo de roupa que eu uso é diferente, a maneira de andar dela é diferente.
Se você pudesse colocar uma câmera escondida, qual situação ou lugar você filmaria?
Eu colocaria na minha casa, no meu quarto ou no meu jardim por diversão. Mas tinha que ficar ligado junto com meu celular para eu ver meus cachorros o dia inteiro, o que eles fazem longe de mim, do que eles brincam e se eles dormem. Seria uma câmera para ficar vendo seus filhinhos lá na creche (risos). Fora isso, não tenho vontade de olhar para ninguém escondido. O que os olhos não veem o coração não sente!
Sinopse
A comédia aborda temas atuais como a superexposição das pessoas em redes sociais e em reality shows e mostra que a reação das pessoas muda à medida que descobrem que estão sendo filmadas. O filme expõe a cômica reação do síndico, do porteiro, da faxineira, da ex-atriz, do homem de preto, dos policiais e outros personagens diante de uma surpresa num prédio até a descoberta da presença de uma webcam ligada filmando toda confusão e gerando uma mudança de comportamento. Inspirado na obra “Morte de um homem nos Bálcãs (2012)”, do sérvio Miroslav Momcilovic.