Com uma vasta experiência em Festivais de cinema ao redor do mundo, o diretor e roteirista Ricky Mastro, que tem formação Drama pela Universidade de Washington, em Seattle – nos Estados Unidos, e atualmente mora em Toulouse na França onde estuda Criação e Realização Cinematográfica, está se destacando no mercado cinematográfico Internacional.

Com mais de 10 curtas-metragens ao longo de sua carreira, o diretor acaba de dirigir Xavier, um filme que fala sobre o início da descoberta da sexualidade. A produção mostra a trajetória de Nicolas que ao perceber que Xavier, seu filho de 11 anos, se sente atraído por adolescentes mais velhos passa por um processo de descobertas. O que pode parecer um processo penoso para alguns, para este pai é uma descoberta tranquila que lhe remete ao momento de suas próprias descobertas amorosas. Ele observa a caminhada do filho, respeitando o seu próprio tempo e lhe assegurando apoio e afeto.  Este é o mote de Xavier, novo filme de Ricky Mastro.

Em conversa ao Almanaque da Cultura, Ricky revela que baseou sua história em algo verídico: “li o relato de um pai que contava que ele tinha descoberto o tipo de menino que o seu filho de 10 anos gostava”, comenta que “ainda temos altas taxas de homofobia em nossa sociedade, comentários homofóbicos como o do Benedito Ruy Barbosa” e define Xavier, em uma palavra simples: “delicadeza”.

Almanaque da Cultura: Comente sobre sobre a escolha do tema.  
Ricky Mastro: Escolhi o tema porque queria falar sobre a importância do apoio dos familiares e amigos quando estamos naquele período de descoberta de nossa sexualidade, não importando se gostamos de menino ou de meninas e mesmo dos dois. Foi assim que eu senti depois que eu li o relato de um pai que contava que ele tinha descoberto o tipo de menino que o seu filho de 10 anos gostava. Contatei o Eduardo Mattos e nós dois roteirizamos o Xavier.

Almanaque da Cultura: O filme envolve a descoberta da sexualidade. Como o publico tem recebido sua obra?
Ricky Mastro: Não sei se é a descoberta da sexualidade e sim o despertar dela, é um pouco diferente. No filme o Xavier começa a olhar para garotos, a se descobrir. O filme esta sendo super bem recebido por todos. Tivemos a nossa estréia mundial em Bilbao no Zinegoak e daqui uma semana começa o BFI Flare que é o maior festival LGBT da Europa, estamos bem empolgados com a seleção.

Almanaque da Cultura: Como foi a escolha do elenco?
Ricky Mastro: A escolha foi feita a partir de uma pré-seleção feita pela Vivian Golombeck, eu, a produtora Tais Nardi e a Denise Ferreira que foi carinhosamente apelidada de RICA durante a pré-produção do filme, tamanho o carinho que ela lidava com o elenco mirim e os pais das crianças. Eu escrevi o roteiro junto com o Edu pensando no André Guerreiro Lopes como o pai e a Helena Ignez como a diretora. Então, quando tivemos a sorte de conhecer o Gregório Musatti, eu já sabia que ia ter a chance de trabalhar com um grande elenco.

Almanaque da Cultura: O que o espectador pode esperar de seu filme?
Ricky Mastro: Uma historia delicada, delicadeza é a palavra que eu mais escuto.

Almanaque da Cultura: Hoje as pessoas estão mais abertas para obras que abordam a diversidade?
Ricky Mastro: Tenho as minhas duvidas, ainda temos altas taxas de homofobia em nossa sociedade, comentários homofóbicos como o do Benedito Ruy Barbosa essa semana. Sempre chocante ouvir isso, não?

Almanaque da Cultura: Fale sobre a participação de Xavier em Festivais Internacionais.
Ricky Mastro: O filme é uma produção da Cigano Filmes com a The Open Reel, da Itália, como produtora associada. Começamos agora, ainda temos uma longa jornada pela frente.

Almanaque da Cultura: Está mais acessível hoje concorrer neste mercado internacional?
Ricky Mastro: Temos uma produção de peso não? Vários cineastas incríveis, como a dupla Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, o Daniel Ribeiro, o Allan Deberton, o Gui Aschar, o Lufe Steffen, Leandro Tadashi, o proprio Eduardo Mattos que fez o roteiro do filme e por ai vai. Esses fazem parte de uma grande lista de cineastas brasileiros que fazem sucesso no circuito internacional.

Almanaque da Cultura: E seus projetos futuros?
Ricky Mastro: Estou produzindo um curta-metragem que farei aqui em Toulouse, chama “A Tempestade” o personagem Leo é o mesmo personagem do meu primeiro longa-metragem Jogos de Mente, vamos ver o que vai dar. E estou fazendo a curadoria de curtas-metragens do DIGO.