Mangueira encerra desfile de Carnaval do Rio com tema da bateria da novela 'Fera Ferida' (Foto: Daniel Collyer/Hipermídia Comunicação)
Carnaval 2016: Desfile da Mangueira (Foto: Daniel Collyer/Hipermídia Comunicação)

Depois de Chico, Caetano Veloso e Gil, a Mangueira levou para o último dia de desfile do Carnaval 2016 o enredo “Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá” e os 50 anos de carreira da cantora. O abre-alas celebrou a feminilidade dos orixás Oxum e Yansã, apostando em símbolos do candomblé e na nudez. O carro sobre o catolicismo marcou o retorno da baluarte Beth Carvalho ao desfile da agremiação do presidente Francisco de Carvalho.

A primeira canção de sucesso da filha de Dona Canô, “Carcará”, foi representada por uma ave de 13 metros de envergadura. Já a música “Mel” e seu verso “Ó abelha rainha” foram inspirações para um carro ocupado por familiares e amigos, como Chico César e Moacyr Luz. O abre-alas também foi dedicado à devoção da cantora ao candomblé, tendo a parte frontal dedicada a Iansã e a traseira a Oxum, orixá de mãe Menininha.

A bateria entrou na Avenida com o tema da novela da TV Globo, “Fera Ferida”, que ficou marcada na voz da cantora Maria Bethânia. A cantora, estrela da noite, veio no sexto carro intitulado “Céu de lona verde e rosa”, e foi vestida por Gilda Midani. Mas o que surpreendeu mesmo foi a imagem da porta bandeira Squel desfilando careca para a agremiação. Mais tarde a bela revelou que o artificio era na verdade uma prótese de látex, usada para celebrar uma iaô, figura do candomblé.

Em um desfile repleto de luxo e sofisticação a agremiação contou com a presença de muitos artistas como Caetano Veloso, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto, Mart’nália, Regina Cazé, Chico Cézar e Renata Sorrah entre outros, para celebrar os cinquenta anos de carreira da abelha-rainha, Maria Bethania e a predominância dos tons verde e rosa não impediu que as cores azul, palha, amarelo, branco e uma diversidade de tons coloridos tomassem conta do desfile.

Durante toda a exibição da escola houve referências a cultura africana tanto quanto às várias referências ao candomblé, religião sempre presente na formação de Maria Bethânia, que é filha de Iansã (também conhecida como Oyá), e que foi batizada por mãe Menininha do Gantois. A comissão de frente trouxe justamente mulheres africanas nesta reverencia à Oyá, que dançava no alto de um tripé.

O público presente se emocionou e cantou junto da escola e as reações foram positivas uma vez que a Mangueira não se preocupou a Mangueira em ilustrar somente a carreira de Maria Bethânia, mas também expressou a brasilidade através de sua homenagem ao Nordeste, ao folclore, e as raízes indígenas e negras do país durante todo o desfile.

Confira as fotos do desfile da Mangueira

Confira o Samba-enredo:

“Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá”

Autores: Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão

Raiou… Senhora mãe da tempestade
A sua força me invade, o vento sopra e anuncia
Oyá… Entrego a ti a minha fé
O abebé reluz axé
Fiz um pedido pro Bonfim abençoar
Oxalá, Xeu Êpa Babá!
Oh, Minha Santa, me proteja, me alumia
Trago no peito o Rosário de Maria
Sinto o perfume… Mel, pitanga e dendê
No embalo do xirê, começou a cantoria

Vou no toque do tambor… ô ô
Deixo o samba me levar… Saravá!
É no dengo da baiana, meu sinhô
Que a Mangueira vai passar

Voa, carcará! Leva meu dom ao Teatro Opinião
Faz da minha voz um retrato desse chão
Sonhei que nessa noite de magia
Em cena, encarno toda poesia
Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção
De pé descalço, puxo o verso e abro a roda
Firmo na palma, no pandeiro e na viola
Sou trapezista num céu de lona verde e rosa
Que hoje brinca de viver a emoção Explode coração
Quem me chamou… Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar

Quem me chamou… Chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá