O enredo foi anunciado pouco depois do Carnaval do ano passado. Ao ser contratado, Jack Vasconcelos já sabia que a sua missão seria desenvolvê-lo. O carnavalesco revela que ficou muito feliz e orgulhoso pela oportunidade: “Será uma sequência do trabalho que venho fazendo há alguns anos. Falar de Elza Soares é dar voz aos excluídos, aos injustiçados; é mostrar a luta de uma guerreira, incansável, vencedora. Elza é uma figura tão emblemática, tão dinâmica, que daria para fazer dois ou três enredos”, afirma.
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A primeira recomendação para dar início ao trabalho veio da própria homenageada. “Elza pediu que eu me orientasse pela biografia assinada pelo Zeca Camargo, que considera o mais autêntico relato sobre a sua vida. E é mesmo. Ela, praticamente, ditou o texto para ele. O autor foi fiel a cada pensamento, a cada vírgula”, comenta.
O ponto de partida do desenvolvimento do enredo foi o incidente com Ary Barroso. Recém-casada, Elza estava desesperada, precisando de dinheiro para comprar comida para o filho, ainda bebê. A criança estava morrendo. Foi por isso que resolveu tentar a sorte num programa de calouros. Mesmo humilhada, o destino mostrou que aquele momento selaria, também, o início de sua carreira artística. Escolheu uma canção ácida, sucesso na voz de Ângela Maria: “Lama (Se quiser fumar eu fumo/ Se quiser beber eu bebo/ Não interessa a mais ninguém/ Se o meu passado foi lama/ Hoje quem me difama/ Viveu na lama também…”).
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Elza nasceu em Moça Bonita, foi criada em Água Santa e, ainda pequena, ao imitar um louva-a-deus criou a rouquidão que fez o diferencial de sua voz. Trabalhou como doméstica; foi operária numa fábrica de sabão. Cantou na noite e foi escolhida como Madrinha da Seleção. Teve um difícil relacionamento com Mané Garrincha. Foi puxadora de sambas-enredos na Mocidade, Salgueiro, São Carlos e Cubango. Chega aos 90 anos com a vitalidade de uma leoa.