Para o Carnaval de 2023, a Mancha Verde leva para o Sambódromo do Anhembi o enredo “Oxente! Sou xaxado, sou Nordeste, sou Brasil”. A agremiação paulistana desfila no sábado, dia 18 de fevereiro, às 00h40.
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De acordo com a assessora de Arte do Sistema Positivo de Ensino, Karoline Barreto, o tema escolhido segue uma tradição carnavalesca: a de falar sobre patrimônios materiais e imateriais do Brasil, apresentando um ciclo de reverência a muitos aspectos culturais carregados de simbolismos. “Na sala de aula, costumamos tratar de conteúdos relacionados ao cangaço, ao forró, aos alimentos e fatos históricos da cultura nordestina. Na arte, privilegiamos o cordel, por exemplo. Mas a dança pode ser uma excelente forma de usar a linguagem corporal para vivenciar uma aprendizagem mais ativa e significativa”, explica.
No caso do xaxado, muitas são as versões a respeito de sua origem. A mais famosa delas conta que esse é um tipo de dança de comemoração das batalhas travadas pelos cangaceiros no sertão do Nordeste brasileiro. Praticada apenas pelos homens, a melodia era marcada pelo som das alpercatas em atrito com a terra batida: xá-xá-xá. Como toda boa manifestação cultural, o xaxado extrapolou o cangaço e, quando este chegou ao fim, o ritmo seguiu firme. “O xaxado é alegre, vibrante e com pisadas fortes. Suas vestimentas em apresentações tradicionais são compostas de alpercatas, roupas cáqui, o tradicional chapéu de Lampião e um objeto que aparenta ser um rifle de cangaceiro. Segundo o próprio Luiz Gonzaga, grande pesquisador e divulgador do xaxado, na época do cangaço, o rifle era a dama da dança, permitida somente para os homens”, detalha Karoline.
No Carnaval 2023 da Mancha Verde, o samba-enredo fala sobre vários desses detalhes históricos envolvidos no nascimento e na manutenção do xaxado como parte fundamental da cultura, principalmente de Pernambuco. Um trecho da letra diz “O cangaceiro, na batalha triunfou/ Até Maria Bonita no bando comemorou/ “Olê, muié rendeira”/ Na embolada dançando a noite inteira/ Vem violeiro, num repente ajeitado/ To “arretado”, a zabumba tá chamando”. Para a especialista, esse tipo de referência é indispensável para construir, na escola e na sociedade, um repertório cultural amplo. “Falar sobre manifestações como o xaxado permite que todos nós possamos desenvolver o respeito à diversidade de culturas e valorização das tradições para conhecer a si mesmo e aos outros”, finaliza.