Uma performance inesperada, e a fala de três convidados inauguraram ontem, com entusiasmo, a 13ª edição da Flip. O encontro entre a crítica argentina Beatriz Sarlo, a autora e professora de literatura brasileira da USP Eliane Robert Moraes e o pesquisador Eduardo Jardim lançou novas perspectivas sobre a vida e obra de Mário de Andrade, autor homenageado em 2015.
Após apresentação de Mauro Munhoz, diretor da programação principal, e Paulo Werneck, curador da Flip e da FlipMais, Beatriz Sarlo iniciou sua fala na Tenda dos Autores. A escritora procurou mapear as semelhanças e diferenças entre a geração de modernistas da década de 1920 no Brasil e na Argentina, analisando especialmente os livros “Macunaíma”, de Mário de Andrade, e “Don Segundo Sombra”, de Ricardo Güiraldes. Eliane Robert Moraes dedicou-se a dissecar a erótica de Mário, “tão inesperada quanto intensa”, lembrando que o erotismo era um componente importante do material etnográfico recolhido junto ao Bumba-meu-boi e outras tradições da cultura popular. Por fim, mencionou a questão da homossexualidade de Mário, e destacou a importância de não se reduzir sua obra à “questão gay”.
Autor de “Eu Sou Trezentos”, primeira biografia de Mário de Andrade, Eduardo Jardim trouxe à tenda a multiplicidade do escritor, frisando sua atuação como agitador e gestor cultural – ajudando a formular o modernismo nos anos 1920 – mas também a colocá-lo em perspectiva crítica na década de 1940. A mesa terminou com uma intervenção surpresa do ator Pascoal da Conceição, que, vestido como Mário de Andrade, leu um trecho do autor homenageado e manifestou publicamente sua admiração pelo trabalho de pesquisa de Jardim, sendo saudado pelo público e pelo curador. E a Flip está apenas começando.
Show de abertura
Conjugando cirandas, canções tradicionais, ritmos dançantes e poemas, Luís Perequê colocou o público para dançar e cantar junto com ele na Tenda da Flipinha. O artista paratiense começou a noite numa apresentação com um coral de crianças e, em seguida, convidou a cantora Dani Lasalvia para o palco. Ela interpretou algumas canções que fizeram parte das pesquisas musicais de Mário de Andrade. Depois, Perequê voltou ao palco e, acompanhado do grupo “Os caiçaras”, entoou letras falando de mar, barcos, amores e outros temas que envolvem a cultura paratiense, celebrando musicalmente a cidade e o autor homenageado de 2015.
FlipZona
A primeira mesa da FlipZona, que ocorreu ontem, pela manhã, com Alessandra Roscoe e Dilea Frate, discutiu onde a literatura e o cinema se encontram. A conversa entre elas começou com a leitura dos livros das autoras. Em seguida, ambas contaram suas primeiras relações com a leitura e a escrita. O cinema fez parte do debate, e Dilea afirmou que é possível narrar um filme do mesmo jeito que se narra um livro. Saiba mais aqui