Livros de Dr. Seuss, criador de ‘Grinch’, saem de circulação por conteúdo racista

Ao todo, 6 livros terão a venda interrompida: "retratam as pessoas de maneiras prejudiciais e erradas", diz comunicado

Dr. Seuss desenhando em sua mesa (Foto: James L. Amos/Corbis via Getty Images)
Dr. Seuss desenhando em sua mesa (Foto: James L. Amos/Corbis via Getty Images)

Seis livros do Dr. Seuss não serão mais publicados, porque “retratam as pessoas de maneiras prejudiciais e erradas”, disse a empresa que preserva o legado do autor.

Os títulos são:

  • “And to Think That I Saw It on Mulberry Street”
  • “If I Ran the Zoo”
  • “McElligot’s Pool”
  • “On Beyond Zebra!”
  • “Scrambled Eggs Super!”
  • “The Cat’s Quizzer”

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Em um comunicado, a empresa Dr. Seuss Enterprises disse que tomou a decisão após consultar educadores e revisar seu catálogo. “Interrpomper as vendas desses livros é apenas parte de nosso compromisso e nosso plano mais amplo para garantir que o catálogo da Dr. Seuss Enterprises represente e apoie todas as comunidades e famílias”, disse o documento. O anúncio foi feito terça-feira, aniversário do famoso autor de livros infantis.

 

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Seuss, nascido Theodor Seuss Geisel, é um dos autores mais conhecidos do mundo, o homem por trás de clássicos adorados como “O Gato da Catola” (“The Cat In The Hat”), “Green Eggs and Ham” e “Como o Grinch Roubou o Natal” (“How the Grinch Stole Christmas”), entre outros. Mais de 650 milhões de cópias de seus livros foram vendidas em todo o mundo, segundo uma publicação do jornal Washington Post em 2015.

Porém, o Dr. Seuss tinha uma longa história de publicação de trabalhos racistas e anti-semitas, desde a década de 1920, quando era estudante no Dartmouth College. Lá, certa vez, ele desenhou boxeadores negros como gorilas e perpetuou os estereótipos judeus ao retratar personagens judeus como financeiramente mesquinhos, de acordo com um estudo publicado na revista “Research on Diversity in Youth Literature”.

Esse estudo, publicado em 2019, examinou 50 livros do Dr. Seuss e descobriu que 43 dos 45  personagens coloridos têm “características alinhadas com a definição de Orientalismo”, ou o retrato estereotipado e ofensivo da Ásia. Ainda segundo o estudo, os dois personagens “africanos”, não tem características negras.

Dois exemplos específicos, de acordo com o estudo, são encontrados nos livros “The Cat’s Quizzer: Are YOU Smarter Than the Cat in the Hat?” e “If I Ran the Zoo”. “Em ‘The Cat’s Quizzer’, o personagem japonês é mencionado apenas como ‘um japonês’, tem um rosto amarelo brilhante e está de pé no que parece ser o Monte Fuji”, escreveram os autores.

Em relação a “If I Ran the Zoo”, o estudo aponta outro exemplo de orientalismo e supremacia branca.

“Os três (e apenas três) personagens asiáticos que não usam chapéus cônicos carregam um homem branco na cabeça em ‘If I Ran the Zoo’. O homem branco não está apenas em cima e sendo carregado por esses personagens asiáticos, mas também está segurando uma arma, ilustrando o domínio. O texto abaixo dos personagens asiáticos os descreve como ‘ajudantes que têm olhos puxados’ de ‘países que ninguém sabe soletrar'”, escreveram os autores do estudo.

O estudo também argumenta que, uma vez que a maioria dos personagens humanos nos livros do Dr. Seuss são brancos, suas obras – inadvertidamente ou não – centram a branquitude e, assim, perpetuam a supremacia branca.