O livro “O Mordomo da Casa Branca”, escrito por Wil Haygood, chega às livrarias brasileiras pela editora Novo Século. A obra narra a história de Eugene Allen, um homem negro que trabalhou por 34 anos na Casa Branca como mordomo, servindo oito presidentes dos Estados Unidos. O livro também apresenta reflexões sobre questões raciais e a representação negra no cinema norte-americano.
A história de Allen tornou-se conhecida nacionalmente após a publicação de um artigo no The Washington Post, em 7 de novembro de 2008. O texto, escrito por Haygood, trouxe luz à experiência de Allen logo após a eleição de Barack Obama como primeiro presidente negro dos Estados Unidos. O impacto da narrativa foi tão grande que sua história foi adaptada para o cinema no filme “O Mordomo da Casa Branca”, dirigido por Lee Daniels.
O cotidiano de Eugene Allen na Casa Branca
Allen iniciou sua jornada na Casa Branca em 1952, durante o governo de Harry Truman, e permaneceu até 1986, quando Ronald Reagan estava no cargo. Ao longo dessas décadas, ele testemunhou momentos históricos dos Estados Unidos, incluindo a luta pelos direitos civis dos negros e a Guerra do Vietnã.
No porão de sua casa, Allen guardava recordações de sua vida profissional. O espaço continha fotografias, cartas e bustos de ex-presidentes. O acervo pessoal refletia sua proximidade com os líderes do país e o reconhecimento que recebeu ao longo dos anos.
O livro descreve situações que marcaram a vida de Allen, como a festa que organizou para John e Caroline Kennedy em 1963, pouco após o assassinato de seu pai, o presidente John F. Kennedy. Outro momento abordado é sua angústia durante a Guerra do Vietnã, quando seu filho, Charles, foi enviado ao front. “Só podia ficar ali, paralisado, ouvindo Johnson falar com seus ‘brilhantes’ articuladores de guerra”, relata Allen.
Reflexões sobre questões raciais
Além de contar a trajetória de Allen, Haygood discute a presença de negros no cinema norte-americano. O autor questiona a recepção de filmes com elencos majoritariamente negros e a distribuição dessas produções nas grandes cidades. Segundo ele, “quando surge um filme americano com elenco predominantemente negro, as conversas começam a esquentar. O público vai prestigiar? O filme vai passar nas grandes cidades?”.
A obra também aborda os desafios enfrentados por afro-americanos no período em que Allen trabalhou na Casa Branca. Ele vivenciou de perto a segregação racial e os avanços obtidos pelo movimento dos direitos civis. Durante seu período de serviço, a sociedade americana passou por mudanças significativas, mas a desigualdade racial permaneceu como um tema constante.
Adaptação para o cinema
A história de Eugene Allen foi adaptada para o cinema em “O Mordomo da Casa Branca“, dirigido por Lee Daniels. O filme, estrelado por Forest Whitaker no papel de Allen e Oprah Winfrey como sua esposa, Helene, apresenta uma visão dramatizada dos eventos reais.
O autor do livro acompanhou as filmagens e reforça que a obra literária e o filme se complementam. “Livro e filme não são concorrentes, mas sim complementos”, afirma Haygood. Enquanto o longa-metragem foca na jornada emocional do personagem, o livro traz uma abordagem documental, com análises históricas e reflexões sobre a indústria cinematográfica.
Luta por reconhecimento
A publicação do livro reforça a importância do reconhecimento de figuras históricas que vivenciaram grandes transformações sociais. Allen faleceu em 31 de março de 2010, mas sua história continua sendo um símbolo da luta por igualdade nos Estados Unidos. Seu trabalho na Casa Branca foi mais do que um serviço; foi o reflexo de uma geração que buscou direitos e oportunidades.
O Mordomo da Casa Branca
- Autor: Wil Haygood
- Editora: Novo Século
- Número de páginas: 192
- Preço sugerido: R$ 24,90