Van Furlanetti, que atuou nas novelas da TV Globo, “Boogie Oogie” e “Sangue Bom”, acaba de lançar seu primeiro livro “Duas Noites com Tiago”. O ator, que também escreveu as peça infantis “TEC TOK TUY – Amigos Inseparáveis”, “A Revolta das Princesas”, com Íris Bruzzi, e os dramas “Debuta-me”, com Laura de Vison, “Esses Adolescentes…”, “O Tempo Chega”, “A Cama” e “Um Marido para a Feia”, entre outros, afirma que seu livro fala com exclusividade sobre o universo feminino em um mundo que as mulheres almejam.
No enredo, histórias que se entrecruzam: uma mulher pacata, cheia de pudores, que vive numa metrópole rodeada de rotinas e rituais interioranos. Uma ninfomaníaca e seus pupilos, todos moradores da pequena Maiápolis, muito distante da capital da outra, cidade onde também se conta a história. Personagens que entram e saem agilmente da trama. Duas amigas em busca de suas próprias vidas. “Duas Noites com Tiago” fala de até onde vão as pessoas em prol de seus objetivos, traindo sem deixar totalmente de lado a amizade, mostrando seres humanos com erros palpáveis, pesando os valores em uma história cheia de pequenas e deliciosas ciladas, onde os valores de cada um têm um preço, imaterial ou não.
Em conversa com o Almanaque da Cultura, Furlanetti comenta que “esse é um livro muito erótico, mas que fala de sexo de um a forma muito despojada” e afirma que escrever é muito mais tranquilo que atuar.
Van Furlanetti com seu livro “Duas Noites com Tiago” (Foto: Reprodução)Almanaque da Cultura: Como surgiu a ideia de escrever “Duas noites com Tiago”?
Van Furlanetti: Sabia que queria um livro de 300 páginas. Sempre comecei a escrever as histórias e parava lá pelo quinto, sexto capítulo. Deixava de gostar do que estava escrevendo e parava, mas sempre deixei as histórias fluírem, nunca planejei nada, esse foi o caso! Quando vi que ia parar mais uma vez, resolvi chamar uma amiga para revisar e ela disse: “Mas não entendo nada de gramática, de literatura”, e eu disse que não tinha problema, que queria saber se a mulher desse livro existia. Se ela é real, se eu não estava errando ao escrever. Na realidade não era só isso. Era trazê-la para perto de mim, porque assim eu teria alguém revisando comigo e teria o compromisso de terminar o livro. Foi um boicote do meu boicote!
Almanaque da Cultura: As histórias são inspiradas em quê?
Van Furlanetti: O livro é totalmente ficcional. Não tem formula não! É uma história inteira inventada e que foi surgindo no dia a dia, nos dois anos que eu levei para finaliza-lo. O livro fala de valores humanos. Faz questionamentos sobre “até onde vai sua consideração pelo próximo a partir do momento que entram em prioridades os valores pessoais de cada um”. Uma das “moedas” que eu pensei para falar sobre esses valores foram a amizade, o sexo, o dinheiro. Pesando esses valores eu fui desenvolvendo essas coisas. A história foi fluindo. O que eu queria falar sobre esses valores humanos era uma coisa que eu já tinha idealizado nesse em em outros livros que eu não cheguei a finalizar.
Almanaque da Cultura: A capa do livro traz a pergunta “Qual o preço do seu Valor?”. A obra consegue responder isso? Qual é o preço dos personagens do livro?
Van Furlanetti: Eu penso que os valores são vistos na prática. Depende onde o calo de cada um aperta, de qual o momento, a situação a necessidade. E eu brinco com isso nos personagens por que todos eles tem pontos fracos, como todos nos temos. E é nesses pontos que eu vou parando a cada capitulo. Enfim, todos nos temos valores e os preços são cotados diariamente como dólar.
Almanaque da Cultura: Você atuou nas novelas “Boogie Oogie” e em “Sangue Bom”, para você é mais difícil atuar do que escrever?
Van Furlanetti: Eu sempre tive convicção de que eu escrevo melhor do que atuou. Eu acabei atuando mais que escrevendo, mas justamente por medo disso transparecer e ai notarem: ‘ah, o Van escreve!’, e ai vai me enfiar tanta coisa para escrever e eu não vou atuar mais? Então sempre deixei a escrita mais quietinha. Mas não foi difícil escrever. Para atuar eu tenho neuras, medo, todas as coisas antes de entrar em cena e talvez o fato de a escrita ser uma coisa mais solitária, de as pessoas só verem os escritos depois de prontos isso torna para mim a coisa de escrever mais tranquilo.
Almanaque da Cultura: E como foi a escolha das atrizes Bete Mendes e Dira Paes para assinarem a contra-capa de seu livro?
Van Furlanetti: Como eu fiz um livro muito teatral, muito visual e quando eu pensei em pessoas para fazer a contra-capa eu pensei em mulheres. Primeiro por se tratar de um livro que fala principalmente por mulheres e como eu sou ator, e acabei, de certa forma, segundo me disseram levando muito do teatro para fechar o formato do livro ‘cada capitulo é uma cena que se fecha ali e outra que se abre’, então eu posso chamar os capítulos de cena e nada melhor que chamar duas atrizes grandiosas para fazer isso.
Almanaque da Cultura: E a questão do leitor optar por finais opostos?
Van Furlanetti: O livro não tem dois finais tem finais que se complementam. Mas foi pensando nos valores pessoais de cada um que eu pensei nesse caminho.