‘Vivi um milagre dentro do The Voice’, afirma Lorena Lessa

Cantora fez parte do time de Lulu Santos e conta que quase teve que sair do programa devido a um problema de saúde

Lorena Lessa participou da primeira edição do “The Voice Brasil” em 2012, quando foi selecionada pelo técnico Lulu Santos. A cantora, natural de Santa Catarina, começou a estudar música aos 14 anos com aulas de teclado e violão. Com 20 anos, morando em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, sua atual residência, se dedicou integralmente à sua carreira, onde estudou no Conservatório Brasileiro de Música e na Escola de Música Villa-Lobos. Atualmente, Lorena tem uma agenda lotada de shows pelo Brasil todo e acaba de lançar a música “Olhos de Neon” em seu canal oficial no YouTube.

Em entrevista ao Almanaque da Cultura, Lessa revela que “para construir uma carreira, você leva anos” e que o “The Voice Brasil” foi seu maior desafio: “Nada se compara ao milagre que vivi lá dentro”, revela sobre uma situação complicada que teve que enfrentar durante as gravações do programa.

Almanaque da Cultura: Qual é sua identidade musical hoje?
Lorena Lessa: Meu repertório é pop rock e possui grandes referências adquiridas por toda minha vida até então. Nele existem interpretações de artistas referenciais para mim, como Lulu Santos, Pink Floyd, Cássia Eller e Legião Urbana, entre outros, assim como minha identidade autoral.

Lorena Lessa fez parte do time de Lulu Santos, na primeira edição do The Voice (Foto: TV Globo/Estevam Avellar)

Almanaque da Cultura: Você também compõe suas músicas, como é este processo de criação?
Lorena Lessa: Algumas músicas são o que eu sou, outras são o que eu vejo, outras são histórias que eu conheço, outras simplesmente são como são e surgem quando eu menos espero.

Almanaque da Cultura: Como é Lorena de antes e depois do “The Voice Brasil”?
Lorena Lessa: Acredito que eu amadureci mais enquanto pessoa e enquanto profissional.

Almanaque da Cultura: Em sua carreira qual você avalia que tenha sido seu maior desafio?
Lorena Lessa: No “The Voice Brasil” tudo é um desafio, tudo é novo, mas nada se compara ao milagre que eu vivi lá dentro. Em minha segunda apresentação, nas batalhas, onde “duelei” com Samantha Carpinelli, passei por uma das histórias mais marcantes da minha vida. Após a audição as cegas, já fazendo parte do time de Lulu Santos, por mudanças climáticas bruscas da ápoca, acabei por enfrentar em quadro agudo de sinusite e faringite, até que perdi a voz por completo. Não havia sussurro que as pessoas entendessem, me comunicava através de escrita em papel. Foi aí então que fui a emergência, um dia antes da gravação das batalhas, e com lágrimas nos olhos, escrevendo pedi para que a médica de plantão me ajudasse. Expliquei minha situação, era um sonho, que eu já via meu pai tendo de renunciar minha participação no programa em meu nome. Tomei uma injeção naquele dia, e ao acordar no dia seguinte, não saia um só som. Meu peito doía, minhas pregas vocais não respondiam meu comando. Às 7h, no café da manhã, minhas lágrimas escorriam e eu nem sequer fazia som de soluços. Foi difícil. Meu pai olhou para mim, e sabendo que eu estava com muita dor no peito disse estar orgulhoso de mim pelo meu primeiro dia de audição, e que se eu não pudesse continuar, ela já me olharia como uma vencedora. Fiquei sem saber se ia ao hospital, ou se iria ao Projac. Meu pai disse para irmos juntos ao menos para dar uma satisfação e ele falar em meu nome que não teria mais continuidade no programa para mim. Fomos, e eu que rezo mas não sou das mais assíduas, neste dia peguei o terço e atravessei a ponte Rio Niterói em lágrimas. No Projac, fiz de conta que tudo estava bem, não deixei meu pai se pronunciar, eu não conseguia ver a hipótese de tudo terminar ali. E assim fiz a maquiagem (em silêncio feito uma pessoa introspectiva), arrumei os cabelos, coloquei a roupa e o salto. Mas aí então, tentava aquecer a voz, e assim fui tentando, e comecei a falar algumas palavras e na parte da tarde já falava algumas coisas com as pessoas. Muito limitada, me vi com o microfone na mão, já era bem tarde aquele dia, e eu estava com o ponto no ouvido, esperando o Tiago Leifert chamar meu nome para subir ao palco. Algumas crianças e jovens gritavam meu nome e diziam serem meus fãs, que estariam torcendo por mim, vibravam e sorriam. Naquele momento tive forças não sei de onde, acho que repeti para mim que não podia decepcionar aquelas pessoas, que as coisas não poderiam acabar ali. Fiquei com medo de não sair a primeira nota naquele dia, e hoje vejo o vídeo em que acompanho as notas com os dedos e penso: “É as notas saíram!”. Eu tive medo de pagar o maior mico da minha vida em rede internacional, tive medo chorar em público, tive muitos medos, mas tentei e consegui. Acho que ficaria com remorso se não tivesse tentado, se tivesse desistido. Não sei como minhas palavras saíram, não sei como fiz tudo o que fiz e como fiz, mas eu vejo aquele dia como o dia em que Deus me disse pra continuar tentando.

Lorena Lessa interpreta “Eu Preciso Dizer Que Te Amo” e é salva por Lulu Santos (Foto: TV Globo/Raphael Dias)

Almanaque da Cultura: Você teve uma música incluída em “Malhação 2013”. Como avalia esse sucesso na trilha da novela?
Lorena Lessa: Foi um sonho que se realizou, uma música de minha autoria, com a minha interpretação, foi uma emoção gigantesca. Agradeço muito aqueles que acreditaram no meu trabalho para fazer parte de um contexto tão incrível.

Almanaque da Cultura: Como você analisa seu futuro, tanto na carreira, tanto na vida? 
Lorena Lessa: Me vejo com um trabalho ainda mais sólido, que tenha tido a oportunidade de se propagar e chegar em pessoas que ainda não o conheceram de perto. Me vejo uma mulher feita, decidida, com algumas conquistas pessoais e familiares e para sempre produzindo.

Almanaque da Cultura: Para você, o que uma candidata do “The Voice Brasil” tem que ter, além de uma boa voz?
Lorena Lessa: Coragem.

Assista ao clipe e ouça a música “Olhos de Neon”: