Investigar as pluralidades e as “prisões” do ser humano e aceitar a condição vulnerável de ser real, inteiro. Essa é a proposta do espetáculo solo “Auto Eus – A Ditadura da Aprovação Social”, que a atriz Adriana Perin apresenta no Teatro Poeira a partir do dia 6 de fevereiro, com direção de Raíssa Venâncio. As apresentações acontecem toda terça e quarta-feira, às 21h, até 20 de março. “Auto Eus” é uma realização da Rodafilmes e da Brisa Filmes, uma das produtoras de “Dogville”.
Em cena, a atriz-personagem narra uma espécie de jornada da anti-heroína numa viagem rumo à empatia por si mesma e, por consequência, pelo “outro”. Pelo Todo. Um percurso cênico que retrata vários desafios, entre eles, as expectativas de uma ilusória aprovação social e as decorrentes frustrações que isso pode trazer. “Auto Eus” também questiona os nossos abismos sociais, trazendo histórias densas sobre uma realidade aparentemente distante.
“Utilizamos a singularidade e a experiência pessoal da artista como disparador inicial do processo criativo”, explica a diretora Raíssa Venâncio. “A dramaturgia passa pela trajetória da atriz-personagem: o ex-casamento e as ‘culpas’ e barreiras internas que permearam seu processo de ruptura; a viagem para a Índia, que acidentalmente se tornou um portal para a espiritualidade; a estadia aos 15 anos em um acampamento do MST; o projeto social de Cinema do qual faz parte, no sertão nordestino, em que adentra o universo de menores em conflito com a lei em unidades socioeducativas. Assim como a pesquisa nesses contextos sobre a desconstrução dela, como mulher”, completa Raíssa.
A dramaturgia foi escrita a seis mãos por Adriana, pela diretora Raíssa e pela diretora assistente Paula Vilela. A encenação também foi construída a partir de uma expressiva narrativa corporal, conduzida pela diretora de movimento Lavínia Bizzotto. “O espetáculo fala sobre empatia e desconstrução. Depois de ter vivido tantos processos de investigação interna, surgiu a necessidade de criar um trabalho artístico sobre o eu ideal e o eu verdadeiro, sobre a aceitação de sermos tantos fragmentos. Usar o pensamento para nos definir é algo que nos limita”, conta Adriana Perin. “Em cada uma dessas jornadas é surpreendente o contato com as nossas sombras e nossas fragilidades, até que algo inesperado acontece: nós as abraçamos e seguimos com elas. E percebemos o quanto a autenticidade pode resultar em conexão”, completa.
O processo de criação investigou memórias, abismos e recortes vivenciados pela atriz na sala de ensaio, por meio de improvisos gravados em áudio, que depois foram transcritos. “Um dos nossos maiores desafios foi fechar o texto, pois abrimos várias janelas durante a criação e produzimos um material imenso. ‘Auto Eus’ é uma costura de muitas histórias, e o ponto onde uma se conecta à outra foi nos surpreendendo. Permitimos que o projeto fosse ‘o que ele quisesse ser’ de modo orgânico”, define Adriana.
O cenário de Constanza de Córdova e Fernanda Mansur remete às paredes de uma casa que, a cada cena, ganham novos significados com projeções que trazem memórias, pensamentos e colagens. A Luz de Renato Machado revela as recordações da anti-heroína embalando a sua jornada. A trilha sonora traz canções que marcaram a trajetória da atriz-personagem e também a músicas de Daniel Lopes, compostas especialmente para o espetáculo.
“Auto Eus – A Ditadura da Aprovação Social”
Temporada: de 6 de fevereiro a 20 de março
Dias e horário: terças e quartas, às 21h
Local: Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104 – Botafogo
Ingressos: R$ 25 (meia e lista amiga) | R$ 50 (inteira)
Vendas: site Tudus e bilheteria do teatro (de terça a sábado, das 15h às 19h; domingo, das 15h às 19h)
Capacidade: 82 lugares
Duração: 80 minutos
Classificação etária: 16 anos
Gênero: autoficção
Informações: (21) 2537-8053 | Instagram