Espetáculo “Meus Duzentos Filhos” está em cartaz no Teatro Maria Clara Machado e no Midrash Centro Cultural

Peça retrata a vida e a obra de Janusz Korczak, médico e pedagogo judeu polonês

Meus Duzentos Filhos (Foto: Divulgação/Brunno Dantas)
Meus Duzentos Filhos (Foto: Divulgação/Brunno Dantas)

Quando educar é um propósito de vida acima da própria vida. Esse é o norte do espetáculo “Meus Duzentos Filhos”, de Miriam Halfim, com direção de Ary Coslov, em cartaz até 25 de novembro no Teatro Municipal Maria Clara Machado, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. Além da temporada no Maria Clara Machado, o espetáculo, que estreou em 8 de agosto no Midrash Centro Cultural, prorrogou sua temporada lá até 13 de dezembro. Ao todo, o monólogo já fez 32 apresentações até hoje e foi visto e aplaudido por mais de 2 mil pessoas.

Mais sobre “Meus Duzentos Filhos”

A peça, estrelada pelo ator Marcelo Aquino, retrata a vida e a obra de Janusz Korczak (1879-1942), médico e pedagogo judeu polonês que fundou o orfanato modelo Dom Sierot, onde trabalhou durante 30 anos e desenvolveu um método pedagógico inovador, até ter a sua trajetória interrompida pelos horrores da guerra e do nazismo, assim como as dos cerca de 200 órfãos que ali aprendiam disciplina, ganhavam instrução e força moral para enfrentar a vida.

“Quem primeiro me apresentou o texto da Miriam Halfim foi a produtora Maria Alice Silvério. Fiquei fascinado pela vida de Janusz Korczak, sua dedicação a uma causa e todo o impacto que sua trajetória poderia provocar, por se tratar de uma história verídica, repleta de significados e, mais do que tudo, uma história que não deve ser esquecida”, fala o diretor Ary Coslov.

Afirmando que “não existem crianças, existem pessoas”, Korczak esforçava-se para assegurar a elas uma infância despreocupada, mas não isenta de obrigações. Elas deveriam compreender e experimentar emocionalmente situações, tirar conclusões por elas mesmas e eventualmente prevenir prováveis consequências. Rejeição à violência física e verbal, interação educativa entre adultos e crianças, a individualidade de cada criança e o conhecimento de que o processo de desenvolvimento de uma criança é um trabalho difícil eram os elementos de seu método, a Pedagogia do Amor, que influenciou pensadores importantes, como Paulo Freire e Jean Piaget.

Com a guerra, o orfanato é transferido para o Gueto de Varsóvia. Várias tentativas foram feitas para salvar sua vida, mas ele nunca admitiu separar-se de suas crianças, pois “um pai não abandona seus filhos em momentos difíceis”, repetia sempre.

Em 1942, Janusz e seus duzentos “filhos” são levados para o campo de extermínio em Treblinka. A marcha é relembrada pela sua dignidade e coragem: ele liderou as crianças e, com elas, embarcou, mantendo-as calmas e tranquilas, protegendo-as acima da própria vida.

“O processo de construção do espetáculo foi muito especial, começou com leituras abertas da primeira versão do texto escrito pela Miriam, no Midrash. A partir desta experiência direta com o público é que partimos para o processo de ensaio que demandou alguns ajustes e adaptações ao texto original, sempre procurando preservar a essência da dramaturgia. Juntou-se ao processo o trabalho de direção de movimento de Ana Vitória, que foi fundamental para ajudar a definir a linguagem da encenação proposta pelo Ary Coslov, e, por fim, a colaboração de grandes profissionais como Thiago Sacramento, responsável pela edição do material audiovisual, e do sofisticado desenho de luz de Paulo Medeiros”, diz Marcelo Aquino.

O objetivo do projeto é revelar ao público a imagem de Janusz Korczak, médico, pedagogo, escritor de histórias infantis e um ser humano de primeira grandeza, que, infelizmente, é ainda desconhecido para a maioria das pessoas. Além disso, o tema se mostra bastante atual no Brasil e no mundo.

“A ameaça do totalitarismo está presente nos dias atuais, com tudo de nocivo que isso pode provocar no comportamento do ser humano. É lamentável que o homem não tenha assimilado como deveria as lições deixadas pelo combate ao nazismo. “Meus duzentos filhos” é, entre outras coisas, um contundente sinal de alerta”, completa Coslov.

“Meus Duzentos Filhos” no Teatro Maria Clara Machado

Temporada: até 25 de novembro
Dias e horários: sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h
Local: Teatro Municipal Maria Clara Machado – Av. Padre Leonel Franca, 240 – Gávea – Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 40
Lotação: 117 lugares
Classificação etária: 12 anos
Gênero: drama
Duração: 75 minutos
Mais informações: (21) 2274-7722

“Meus Duzentos Filhos” no Midrash Centro Cultural

Temporada: até 13 de dezembro de 2018
Dia e horário: quinta, às 20h30
Local: Midrash Centro Cultural – Rua General Venâncio Flores, 184 – Leblon – Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Lotação: 42 lugares
Classificação etária: 12 anos
Gênero: drama
Duração: 75 minutos
Mais informações: (21) 2239-2222