‘Ícaro’, de Luciano Mallmann, desmistifica universo dos cadeirantes por meio do teatro documental

O ator gaúcho, que sofreu uma lesão medular em 2004 no Rio de Janeiro, também é autor do texto e produtor do espetáculo, que estreia em 1º de novembro, no Teatro Poeirinha, em Botafogo, Zona Sul, do Rio de Janeiro

Luciano Mallmann em "Ícaro" (Foto: Divulgação/Nityama Macrini)
Luciano Mallmann em "Ícaro" (Foto: Divulgação/Nityama Macrini)

Com sessões lotadas e sucesso de crítica por onde passou, o espetáculo teatral “Ícaro” chega ao Rio de Janeiro para uma temporada de sete semanas no Teatro Poeirinha, em Botafogo, Zona Sul, a partir de 1º de novembro de 2018. A peça chama a atenção pela proposta singular: um monólogo criado e encenado por um cadeirante. Misturando ficção e realidade, o ator e autor Luciano Mallmann interpreta depoimentos de cadeirantes – homens e mulheres – em temas universais que garantem a identificação direta do público. A inspiração partiu da experiência do próprio artista gaúcho e de depoimentos de pessoas que tiveram lesões medulares que conheceu depois que passou a usar cadeira de rodas. Em 2004, ele ficou paraplégico após uma queda durante um exercício de acrobacia área em tecido, no Rio de Janeiro.

Não há cenário, nem marcações bruscas. Dirigida por Liane Venturella, “Ícaro” valoriza a interpretação e surpreende pela forma com que o ator explora o corpo durante as cenas. A precisão dos movimentos foi um elemento fundamental para expressar as limitações físicas de cada personagem. Surgem, em cena, a modelo, o lutador, a mãe, o ator e o acrobata. Ao longo de 70 minutos, Luciano Mallmann dialoga com o público temas como preconceito, resiliência, relações familiares e amorosas, suicídio, maternidade e gravidez. Um mosaico sobre a diversidade humana.

Luciano Mallmann em "Ícaro" (Foto: Divulgação/Fernanda Chemale)
Luciano Mallmann em “Ícaro” (Foto: Divulgação/Fernanda Chemale)

“Por trás da deficiência, existe uma pessoa que tem histórias. Isso é o mais importante e também o que provoca a identificação com a plateia. A peça desperta essa quebra de paradigma. Não adianta nada os cadeirantes estarem integrados à sociedade, mas sempre serem vistos de forma diferente pelos outros”, defende Luciano Mallmann.

Em “Ícaro”, a iluminação de Fabrício Simões e a trilha sonora de Monica Tomasi sublimam o clima de cada uma das seis esquetes. O artista plástico Walmor Corrêa criou a logomarca do espetáculo. Pela montagem, Luciano Mallmann recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Dramaturgia 2017, láurea promovida pela Prefeitura de Porto Alegre.

O espetáculo já foi apresentado nos seguintes festivais: Porto Alegre em Cena (em setembro de 2017), Janeiro de Grandes Espetáculos (Recife, janeiro de 2018), Porto Verão Alegre (janeiro de 2018), Feverestival (Campinas, fevereiro de 2018), Mostra de Teatro de Sertãozinho (maio de 2018) e Palco Giratório SESC (Porto Alegre, maio de 2018), Caxias em Cena (Caxias do Sul, agosto 2018), Cena Contemporânea (Brasília, agosto 2018), Filte Bahia (Salvador, setembro de 2018) e Festival Isnard Azevedo (Florianópolis, setembro de 2018).

Ícaro (Divulgação)
Ícaro (Divulgação)

“Ícaro”, de Luciano Mallmann, no Teatro Poeirinha

Temporada: de 1º de novembro a 16 de dezembro
Dias e horários: de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h
Local: Teatro Poeirinha – Rua São João Batista, 174 – Botafogo
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Informações: (21) 2547-0156
Lotação: 60 lugares
Classificação: 14 anos
Duração:
70 minutos
Gênero: Teatro Documental