Peça ‘Corpos Opacos’ estreia no Sesc Copacabana em 10 de outubro

Idealizado, escrito e atuado por Carolina Virgüez e Sara Antunes, espetáculo é inspirado em freiras colombianas que viveram em clausura absoluta e tiveram seus corpos retratados por pintores após sua morte

"Corpos Opacos" (Foto: Divulgação/Gabi Gonçalves)
"Corpos Opacos" (Foto: Divulgação/Gabi Gonçalves)

As freiras coroadas da Colômbia, que até o século XIX experimentaram a clausura absoluta no mosteiro de Santa Clara, em Bogotá, inspiraram as atrizes Carolina Virgüez, colombiana que reside no Brasil há 38 anos, e Sara Antunes a idealizar e criar a peça “Corpos Opacos”. Para assinar a direção, convidaram a diretora Yara de Novaes. A montagem estreia no dia 10 de outubro, no Sesc Copacabana, com apresentações de quarta a domingo, até 4 de novembro de 2018.

Fortemente marcada por imagens e pela performatividade, a peça investiga o repertório de retratos póstumos de “las monjas coronadas” que mantiveram em vida seus corpos velados ao olhar do mundo exterior para, depois de mortas, serem retratadas por pintores. As imagens destas mulheres religiosas exemplares podem ser vistas até hoje em diversos museus na Colômbia. Corpos opacos, adornados com coroas de flores e vestidos com mortalhas bordadas desde muito jovens pelas próprias freiras para o grande dia da consumação do seu casamento místico com Cristo: o dia da morte.

Inspiradas por essa iconografia marcada pela prática da reclusão e da disciplina religiosa, as idealizadoras e criadoras querem desvelar poeticamente a “potência incendiária dessas carnes, dos segredos que guardam o erotismo e a transgressão de corpos vigiados e escondidos”, destaca Carolina Virgüez. “Trata-se de posicionar no teatro corpos que em vida não foram vistos, nem ouvidos e pesquisar de que modo é possível conceber práticas que restituam essas corporalidades”.

Corpos jamais vistos em vida que, no dia da morte, são finalmente apreciados, observados e pintados por homens trazem alguns questionamentos. Qual é o sentido de só serem olhados quando mortos em uma espécie de nascimento às avessas? O que pensar da linguagem silenciosa (e silenciada) das visões, transes e êxtases místicos inscrita na matéria desses corpos? “É no interior desta perturbada matéria opaca, entre a submissão da disciplina ascética e a transgressão erótica do êxtase religioso, que se situa esse trabalho: ecoando desejos inauditos e fabulando outras hipóteses, roteiros e trajetórias para eles”, observa Sara.

Para levar à cena esta reflexão sobre a iconografia das freiras coroadas, Virgüez e Antunes convidaram Marco André Nunes e Yara de Novaes, que expandiram o olhar a partir de suas experiências cênicas. A partir deste encontro, duas experiências artísticas autônomas foram criadas, com cada um deles. Ou seja, dois olhares sobre a mesma iconografia: “Corpos I” e “Corpos II”, que também contam com a colaboração artística de Pedro Kosovski. Nessa temporada de estreia será apresentada a versão realizada com Yara de Novaes. A dramaturgia é assinada pelas próprias atrizes, cuja trajetória apoia-se na pesquisa de uma linguagem cênica autoral.

“Corpos Opacos” no Rio de Janeiro

Temporada: de 10 de outubro a 4 de novembro de 2018
Dias e horários: de quarta a domingo, às 20h
Local: Sesc Copacabana – Mezanino – Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 7,50 (associados do Sesc)
Bilheteria: segundas, de 9h às 16h; de terça a sexta, de 9h às 21h; sábados, de 13h às 21h; e domingos, de 13h às 20h
Duração: 50 minutos
Capacidade: 60 lugares
Classificação indicativa: livre
Informações: (21) 2547-0156