Sandra (Flávia Alessandra) e Ernesto (Eriberto Leão) em 'Êta Mundo Bom!' (Foto: Divulgação)
Sandra (Flávia Alessandra) e Ernesto (Eriberto Leão) em 'Êta Mundo Bom!' (Foto: Divulgação)

Aos 43 anos, Eriberto Leão dá vida ao antagonista galanteador Ernesto em “Êta Mundo Bom!“, nova novela das seis da TV Globo, que estreou no dia 18 de janeiro. Em conversa com o Almanaque da Cultura, o ator, que em 2014 foi o co-protagonista Gael Duarte em “Malhação“, conta do envolvimento de seu personagem Ernesto com Sandra (Flávia Alessandra) e Filomena (Débora Nascimento), como conseguiu emagrecer para o papel e da personalidade dúbia de Ernesto: “Ele tem um lado negro aflorado”.

Almanaque da Cultura: Conte-nos um pouco do Ernesto? Ele é um vilão, né?
Eriberto Leão: Ele tem um lado negro aflorado. Ele acaba descobrindo talentos na dança de salão, do Taxi Dancing. Ele acaba trazendo essas meninas para trabalhar para ele. Ele é um grande sedutor. Ele é uma espécie de agente dessas meninas. Ele vai a um baile no interior e se encanta pela Filomena (Débora Nascimento). Ele dança com ela, aquela mulher linda. Ela dança bem e isso já o deixa encantado. Ela, que foi abandonada pelo Candinho, ele já sabendo disso, a seduz, e, a leva para trabalhar para ele no Taxi Dancing. Essa história é um prato cheio para ele, que promete casamento, mas nada disso acontece. Acaba enganando essa menina tão sonhadora. Aos poucos ele vai revelando para ela quem ele é de verdade. Ele estabelece uma relação muito possessiva por ela. Todo o dinheiro que Filomena ganha no Taxi Dancing, ele pega para ele. Vale ressaltar que ele acaba se envolvendo com a Sandra (Flávia Alessandra), durante esse meio tempo. Um romance de sair faíscas (risos).

Almanaque da Cultura: A gente percebe que você está bem empolgado com esse projeto.
Eriberto Leão: Todos nós estamos. É uma novela que traz um universo incrível. Que dá um prazer, um alivio nessa loucura, que é o dia a dia. A trama tem drama, tem comedia. É leve, mas, ao mesmo tempo lida com questões atuais do ser humano. Eu considero uma obra-prima. Sem dizer, que é de Walcyr Carrasco, né?

Almanaque da Cultura: Você gosta desse universo caipira?
Eriberto Leão: Eu adoro! Já fiz outras novelas com essa temática. E, estou adorando fazer um paulistano no universo caipira. Poder chamar os outros de capiau, de caipira. Estou curtindo bastante. Ele não gosta muito dessa coisa caipira. Porque ele gosta de coisas chiques. Ele tem um gosto requintado. O sotaque dele é paulistano. A minha referência maior até é Buenos Aires. São Paulo tem um pouco de Buenos Aires, talvez dos anos quarenta. Para fazer um cara que se veste de branco, que não tem nada de carioca, nem baiano. A singularidade dele vem por ser paulistano. Então, ele tem outra classe. Ele não conquista por pura malandragem. E, sim, por sua inteligência e sabedoria. Ele fala muito bem, tem um português perfeito. Ele sabe o que você quer ouvir. Ele é aquele cara que você recebe em sua casa. Ele é paulistano. Nada de malandro carioca. Eu sou paulistano, e, está sendo bacana defender a minha raça (risos). Dai vem essa empolgação. As minhas primeiras cenas foram rodadas em fazendas, e, curti bastante. Adorei ver as primeiras chamas. E, tem até uma música do Daniel, que eu acho que será do Ernesto. Ela fala que o que não se resolve com ouro, não resolve. Eu estou tendo um grande prazer em gravar essa trama. Eu tive que atrasar as minhas férias de final de ano, por causa da novela. Minha mulher e meu filho foram antes. Não fiquei chateado. Porque gravei várias cenas bacanas. Está sendo realmente “Êta Mundo Bom!”. Além do elenco, que só tem fera!

Almanaque da Cultura: Quando você recebeu o convite para participar dessa trama, ainda estava gravando “Malhação”? Era um desejo seu emendar trabalhos?
Eriberto Leão: Recebi quando eu estava fazendo “Malhação”. É um desejo meu fazer grandes personagens, independente de qualquer coisa. O Gael, por exemplo, foi um grande personagem e um dos mais marcantes de minha carreira até hoje! Nos bastidores sou chamado pela técnica de mestre Gael (risos) e já se passaram uns seis meses do fim de “Malhação Sonhos”. É sempre importante fazer personagens que você realmente se apaixone. Que no final, tudo flui e que sem dúvida nenhuma, que apaixone o público. Aí sim vale a pena. Pode ser um atrás do outro.

Almanaque da Cultura: E o texto de Walcyr Carrasco ajudou na decisão de emendar um trabalho no outro?
Eriberto Leão: O que foi “Verdades Secretas”, que parou o país? Aí, do nada, ele vem com uma trama completamente diferente, mas com a mesma maestria de sempre! É um prazer muito grande de participar de um texto dele, que é muito claro. Eu já criei muitas coisas de meu personagem através do texto dele. Walcyr é um gênio.

Almanaque da Cultura: Você emagreceu para compor esse personagem?
Eriberto Leão: Emagreci uns cinco quilos. Corri bastante e bebi muita água. O segredo está na água e comendo muita coisa saudável também. Por isso devemos cuidar de nossas águas. O personagem nasceu desse meu sacrifício.

Almanaque da Cultura: O seu personagem é um grande vilão. E o que você acha desse público que se encanta tanto pelos vilões. O que tem acontecido ultimamente?
Eriberto Leão: Eu não penso muito nesse contexto. Eu acho que o presente é um presente. Então, é imponderável. Eu estou apaixonado pelo Ernesto. Esse é o caminho. Estou dando tudo de mim para o público gostar muito dele ou odiar ao mesmo tempo (risos). Ele é do mal!

Almanaque da Cultura: Que tipo de maldade ele irá fazer?
Eriberto Leão: Imagina eu tirar você de sua família, você virgem, sofrendo de amor, falo que vou casar com você e acabo levando você para São Paulo, você vindo de uma cidadezinha, que nunca viu uma cidade grande na vida. Não caso com você. E, coloco para trabalhar no Dancing, para dançar com vários homens, pego todo o seu dinheiro, e, fico só prometendo. Acho que não existe nada pior do que uma pessoa assim. Que engana as pessoas. E, ele tira a virgindade dela. Naquela época, era complicado. Era algo terrível! Ele parece um anjo. Mas, é um demônio. Ele sabe seduzir.

Almanaque da Cultura: Ele é um pé de valsa. Você aprendeu a dançar?
Eriberto Leão: Aprendi! Aprendi agora (risos). Eu fiz aulas com o Caio Nunes, que é o nosso coreografo e tenho gostado bastante. Eu também fiz umas aulinhas particulares para ajudar mais um pouco na composição (risos).

Leia também: