O Almanaque da Cultura conversou com o ator Fernando Eiras, que dá vida ao estilista internacional Maurice Argent em “Verdades Secretas”. O ator diz que sempre quis trabalhar novamente com Walcyr Carrasco, depois de “Xica da Silva” e que sonhava em ser dirigido por Mauro Mendonça Filho, quem considera o melhor diretor desta geração.
Almanaque da Cultura: Como foi o convite para entrar em “Verdades Secretas”? pois originalmente o papel do Estilista Maurice seria feito pelo Ney Latorraca.
Fernando Eiras: Mauro Mendonça Filho, o diretor, me ligou enquanto me preparava para gravar a última cena de “Sete Vidas” e me fez o convite. Não pensei muito. Sempre quis trabalhar com Walcyr Carrasco, outra vez, depois de “Xica da Silva”, e ser dirigido pelo Mauro. O Mauro me convidou dias antes de acabarem as gravações de “Sete Vidas” e me disse que o papel era originalmente do Ney Latorraca, que é um grande amigo, ator e ótima pessoa. Portanto, faço o Maurice dedicado à ele. Mas foi no susto. Mauro me ligou enquanto eu me preparava para gravar a última cena de Sete Vidas e me fez o convite. Vi logo que o papel era bom!
Almanaque da Cultura: Como vê o enfrentamento do público frente a este personagem, assumidamente gay, embora seu personagem anterior em “Sete Vidas” já tenha tido um debate semelhante, flertando com a história de amor de dois homens?
Fernando Eiras: Meu personagem em “Sete Vidas”, e suas questões, eram completamente diferentes do estilista Maurice. Em “Sete Vidas”, Lícia Manzo escreveu a história de um encontro fraternal entre dois homens maduros e de fina estampa, que se transfigura em amor, por conta de uma grande identificação. O que os unia era o fato de que já não eram felizes em seus casamentos. Em “Verdades Secretas”, o enredo é diferente: onde o autor conta uma história de interesses mútuos entre um velho sonhador e um jovem ambicioso. O fato dos personagens transarem com pessoas do mesmo sexo não considero que seja um enfrentamento para o público, já que esse mesmo público convive com uma teledramaturgia que questiona e discute a intolerância, o preconceito e os malefícios da ignorância em sociedade.
Almanaque da Cultura: E como tem sido fazer par ao lado de Reynaldo Gianecchini, um sex symbol?
Fernando Eiras: Sou ator desde muito jovem, há mais de 40 anos. O que me fez escolher a profissão foi uma necessidade de atingir as pessoas, e, através de grandes textos, conversar com o público sobre as questões do humano. O Giane é um grande cara, um excelente profissional. Somos parceiros de cena desde “Guerra dos Sexos”. Ele me recebeu com muita generosidade no estúdio, conversando comigo e trocando curiosidades sobre os nossos dois personagens. É nosso ofício. Sou muito grato a ele.
Almanaque da Cultura: Maurice, seu personagem, é um homem maduro e bem decidido. Você espera que ele e o Anthony (personagem de Gianecchini) terminem juntos?
Fernando Eiras: Francamente, não tenho ideia do que vai acontecer. Gosto do que está acontecendo e torço muito por Carolina, na brilhante interpretação de Drica Moraes, minha grande amiga.