Mateus Solano vai viver o vilão José Maria Rubião da nova novela das 11, da TV Globo, “Liberdade, Liberdade”. Em conversa com o Almanaque da Cultura, o ator contou detalhes sobre o inescrupuloso político que vai ajudar a financiar a Inconfidência Mineira. “Liberdade, Liberdade” é uma novela de Mario Teixeira baseada em argumento de Marcia Prates, livremente inspirada no livro “Joaquina, Filha do Tiradentes”, de Maria José de Queiroz. A direção artística é de Vinicius Coimbra.

Almanaque da Cultura: Fale um pouco do personagem?
Mateus Solano: Meu personagem se chama José Maria Rubião, um personagem fictício. Na primeira fase ele está ajudando a financiar a Inconfidência. E na segunda fase, ele é o intendente da cidade, um cara muito mal e inescrupuloso. Um político daqueles! Ele é um cara oportunista mesmo. Ele vê oportunidade na Inconfidência e faz parte. Quando isso acaba, ele vê oportunidade em outra coisa. Não que ele vire a casaca. Ele sempre esteve do lado dele, entende? Costumo dizer que ele nunca virou a casaca. Ele continua no mesmo time, “que é o dele e o que é melhor para ele”. Então é um cara que não tem muito escrúpulo para passar por cima das coisas. Como vocês viram no clipe, ele delator o Tiradentes (Thiago Lacerda) sob tortura. Sem querer defende-lo. Já defendendo (risos). A tortura é um método muito covarde de você conseguir qualquer verdade ou até uma verdade que você quer. Né? Mas tirando isso. Ele é mal mesmo (risos). Ele delata o pai (Tiradentes) e mata a mãe (Dona Antônia) de Joaquina (Andreia Horta). E se apaixona por ela lá na frente. Isso tudo sem ela saber. Já temos uma novela (risos).

Almanaque da Cultura: Você ficou um tempo fora da telinha. Por que “Liberdade, Liberdade”?
Mateus Solano: A questão história de falar sobre o momento do Brasil daquela década, e nesse momento do Brasil, foi uma coisa que pesou para todos os atores. Tiradentes, né? Quem não gostaria de fazer uma novela que trata desse período, desse momento. Fora isso, novela de época, como um todo é uma beleza. É o figurino, é aquele cenário. É tudo que eu adoro. O calor também (risos). Eu acho que são esses elementos que os atores adoram para compor os seus personagens. O cenário e o figurino já fazem metade do trabalho pra gente. Está tudo muito lindo.

Almanaque da Cultura: Você comentou do calor. Pagam-se alguns preços para fazer uma trama de época, né?
Mateus Solano: Pagam alguns preços. Tem o calor, caí do cavalo e machuquei o braço. Estou usando uma tala, mas eu tiro para gravar.

Almanaque da Cultura: Você fez alguma aula em especial para compor o personagem?
Mateus Solano: Fiz aulas de esgrima. Armas, né? No caso naquela época era um tiro só. Cada arma disparava um tiro e você jogava ela fora. Um tiro e pegava outra. Acabavam as armas e você sacava a espada. Tudo isso foram coisas que fomos aprendendo como atirar, como botar pólvora entro da arma. Aprendemos milhões de coisas.

Mateus Solano e Ricardo Pereira como Rubião e Tolentino, respectivamente (Foto: Paulo Belote/Globo)

Almanaque da Cultura: Você postou uma foto em uma rede social com o corpo mais definido. Como foi a preparação para ficar ?
Mateus Solano: Conversei com o diretor e notamos que o personagem seria mais largo do que eu. Mais ombro e tal. Por isso eu corri atrás desse ombro e tivemos essas aulas de esgrima, de boxe de equitação. Enfim, pauleira! Estamos obtendo o resultado sim. A novela ainda tem alguns meses. A gente continua na luta. O trabalho mal começou.

Almanaque da Cultura: Você interpretou o Zé Bonitinho em “Escolinha do Professor Raimundo” e o inesquecível Félix de “Amor à vida”. Como foi essa volta?
Mateus Solano: Depois do Félix, eu fiz o Zé Bonitinho. E foi muito bom fazer uma coisa diferente de um personagem e outro. Vou participar da segunda temporada da “Escolinha”, sim. Assim que terminar a novela, vou gravar. Deve ser lá para agosto.

Almanaque da Cultura: José Maria Rubião vai ter humor, assim como o Félix?
Mateus Solano: Pra mim, todo ser humano tem humor. Mas o Rubião tem escondido, e eu ainda estou descobrindo. Novela tem disso. Vai estrear de 10 a 12 capítulos. Eu ainda estou descobrindo o personagem. Com o Félix foi à mesma coisa. Quando vai o ar, que a gente começa a mexer. Para responder a sua pergunta, o humor do Rubião é a última coisa que eu estou pensando agora. Mas vou pensar nisso, sim.

Almanaque da Cultura: Você vem de personagens que as pessoas amam ou odeiam. Esse personagem você acha o quê?
Mateus Solano: Não sei, não sei mesmo. E, é uma coisa que a gente não se prepara. Nem pensa nisso quando está fazendo o trabalho. A gente tenta tirar o máximo de humanidade daquele personagem. Fazer o melhor trabalho possível. Eu já fiz um vilão no teatro infantil e fui vaiado. E a principio eu estranhei aquilo. Mas imediatamente eu intendi que aquilo era uma ovação para mim. Eu fiz o meu trabalho. Não tenho problema de ser amado ou odiado, não.

Almanaque da Cultura: Você se inspira na política atual para compor o personagem?
Mateus Solano: Isso já vem de tanto tempo. Só que agora a m***da foi para o ventilador. Mas o negócio está fedendo há muito tempo.

Almanaque da Cultura: As atrizes falaram da dificuldade com o figurino. Do calor e tal. O que você teve de dificuldade?
Mateus Solano: Existem várias dificuldades. Por ser uma novela de ação, a gente está sempre se machucando. O calor é extremamente esfuziante na cidade cenográfica. Meu personagem usa uma camisa de manga cumprida, um colete, mais um casaco que vai até ao meu pé, de veludo. Mas isso aconteceu. Todos eles suavam, caíram de cavalo, todos eles se machucavam. A gente usa tudo para o trabalho.

Almanaque da Cultura: Você chegou a emagrecer para esse trabalho?
Mateus Solano: Eu já estava magro. Eu fiz exercício só para ganhar um pouco de ombro. A gente achou que ele tinha o tórax mais largo que o meu. Fiz musculação em casa. E a preparação foi intensa. Agora parei um pouquinho.

Almanaque da Cultura: Você está preparado para o assédio?
Mateus Solano: Quem vai me assediar ainda hoje gente? Perdeu o bonde! Eu sou muito bem casado. E todo mundo sabe. Não existe isso. Muita gente fala: “ui, que maravilha! Desculpa a Paulinha (risos)”. Ela também nas redes sociais é muito simpática. Eu acho que tem uma relação de amor com o público muito respeitosa nesse sentido.

Almanaque da Cultura: E a cena de nudez?
Mateus Solano: Fiz da melhor forma possível. Ser for para contar uma linda história, eu vou mostrar até o meu útero (risos).

Almanaque da Cultura: O Félix começou mal e depois houve uma redenção do personagem. Aqui acontece a mesma coisa?
Mateus Solano: Os homens maus também se apaixonam e também sofrem decepções amorosas. Não faço ideia da aceitação do público em relação ao personagem. É uma porta realmente aberta. Não sei como o autor irá conduzir isso. O Félix tinha muito humor. Então, eu sabia que uma parcela do público iria gostar muito. Acabou sendo quase uma unanimidade. Não estava preparado para isso também. Preparado eu não estou para nada.

Almanaque da Cultura: Como você recebe as críticas em relação ao seu trabalho e algumas notas maldosas?
Mateus Solano: Eu não recebo! Eu nem recebo. Eu acho que tantos os elogios quanto as criticas, a gente tem que olhar. Mas eu acho que tem um certo jornalismo, entre aspas, que só quer um clique. A internet hoje em dia é terra de ninguém. Se todo mundo é juiz não dá para levar muito a sério esse julgamento.

Almanaque da Cultura: Seu bumbum aparece bem em cena. Está preparado para a repercussão?
Mateus Solano: Que repercussão? A bundinha do Mateus Solano. Com o mundo do jeito que está, o Brasil do jeito que está, quem vai dar atenção para a minha bunda? Que bobagem. A repercussão sendo divertida, ok.

Almanaque da Cultura: Você se surpreendeu com o trabalho da “Escolinha”? Você esperava esse sucesso?
Mateus Solano: Fiquei muito feliz, porque na hora da gravação a gente sentiu uma coisa tão especial. A gente queria que metade disso passasse para o público e essa resposta do público foi maravilhosa. O elenco virou uma turminha mesmo de primário. Temos grupo no WhatsApp e tudo mais.

Almanaque da Cultura: Você tem feito grandes papeis na tevê. Você imagina isso lá atrás?
Mateus Solano: Não! Da mesma forma que não imaginava a repercussão do Félix.

Almanaque da Cultura: Você se incomoda sempre com a comparação com o Félix?
Mateus Solano: Eu imagino que as pessoas que viveram o Félix não vão esquecê-lo. Mesmo eu fazendo 10, 20 personagens. Não tem haver com: agora eu vou apagar o Félix para vir o novo personagem”. É claro que no inicio vão falar. Vão comparar. Tem muito da expectativa do público, né? Ás vezes eu dou pinta e falam que é do Félix. Não! A pinta é minha (risos).